quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dicas Aposentelecom: A carteira de investimentos ideal para o aposentado

Especialistas recomendam priorizar renda fixa, sem abrir mão das ações de primeira linha

Para grande parte da população, aposentadoria é sinônimo de queda brusca no poder aquisitivo. Mas quem consegue poupar e construir um bom patrimônio pode até manter o padrão de vida e atingir a tão sonhada tranquilidade. Preservar o que foi acumulado e consumir os recursos de maneira controlada são os novos desafios. Para especialistas em finanças pessoais, essa não é mais uma fase de acumulação e busca por rentabilidade.

Conforto, plano de saúde e medicamentos podem gerar despesas realmente altas. Então é melhor não arriscar. "O montante acumulado é para o resto da vida. Não pode haver perdas porque a pessoa pode não ter mais tempo de recuperar", alerta o planejador financeiro Francis Brode Hesse.

A carteira de investimentos agora precisa ser consistente e protegida, evitando qualquer tipo de alavancagem e investimento de alto risco. Isso não quer dizer migrar todos os recursos para aplicações conservadoras, mas sim balancear e rebalancear a carteira de acordo com a idade e com as modalidades de investimento com as quais o aposentado se sinta mais à vontade.

Imóveis, títulos públicos, CDBs e mesmo ações continuam como opções de diversificação. O que mudam são as proporções e níveis de risco. A seguir, especialistas em finanças e investimentos dão as dicas para a montagem da melhor carteira de aplicações para depois da aposentadoria.

Setor público X Setor privado

A composição da carteira pós-aposentadoria vai depender, entre outros fatores, do benefício que cai na conta do aposentado todo mês. Se o valor for próximo ao salário da ativa, como é o caso dos servidores públicos, é provável que a composição da carteira não precise se modificar muito, pelo menos em um primeiro momento. "Quem acabou de se aposentar pode, na prática, continuar a acumular patrimônio", diz Gilberto Pouso, superintendente executivo de gestão de patrimônio do banco HSBC.


Mas essa é uma situação particular. Quando a perspectiva é a magra aposentadoria do INSS conjugada com o consumo dos recursos acumulados durante a vida inteira, o melhor é reduzir a porção aplicada em renda variável e privilegiar os investimentos conservadores, observando a proporção mais adequada para a sua idade.

Renda fixa X Renda variável

Não é que a renda variável deva ser abolida da vida do aposentado. O que muda é a necessidade de proteção da carteira e o objetivo dos investimentos. A prioridade não é mais a busca por rentabilidade e o acúmulo de patrimônio, e sim a consistência dos ganhos e a preservação do que já foi construído.

O consultor financeiro Gustavo Cerbasi ensina que a proporção de renda variável na carteira deve se relacionar à idade e ir diminuindo com o tempo. Em geral, basta subtrair de 80 a idade para obter essa proporção aproximada. Por exemplo, uma pessoa de 65 anos pode ter até 15% da carteira compostos por renda variável; ao chegar aos 75 anos, essa proporção não deve ultrapassar os 5%.

A mesma regra vale para cada tipo de ativo. Tomando o exemplo da pessoa de 65 anos, 85% de sua carteira de ações devem ser voltados para os papéis mais “conservadores”, de empresas que pagam bons e frequentes dividendos. Os 15% dedicados ao risco podem permanecer voltados para ações mais voláteis, de empresas que reinvestem a maior parte de seus lucros e que ainda têm chances de valorização. A maior ressalva é em relação aos IPOs, desaconselháveis na aposentadoria.

No mercado imobiliário também é possível encontrar essas duas frentes. A "conservadora" é composta pelos imóveis de baixa vacância, fáceis de alugar e baratos de manter, como as pequenas salas comerciais. A mais "arrojada", por outro lado, é formada pelos imóveis com potencial de valorização no médio e longo prazo.

Diversificar sempre

A máxima da diversificação para minimizar os riscos, tão apregoada pelos especialistas, continua valendo para o aposentado. "Para se proteger, o ideal é manter investimentos em dois tipos de renda fixa e dois tipos de renda variável", aconselha Gustavo Cerbasi.

No quesito renda fixa, o consultor recomenda priorizar os ativos corrigidos pela inflação, que preservam melhor o poder de compra do aposentado. É o caso das Notas do Tesouro Nacional (NTNs) e aplicações no mercado imobiliário, diretamente ou por meio de fundos. Nesses casos, é importante evitar a concentração de investimentos em um mesmo bairro e fugir dos fundos que concentrem boa parte do capital em um único empreendimento, por exemplo.

Já na frente variável, além dos dividendos é bom observar a correlação negativa entre as empresas. Isto é, preferir as empresas cujas atividades sejam complementares, como importação e exportação. Isso pode neutralizar perdas, pois quando o valor das ações cai em um setor, tende a subir em seu "oposto", e vice-versa.
Imóveis X Fundos imobiliários

Imóveis podem ser investimentos rentáveis, seguros e, é claro, funcionais, o que os torna ativos bastante interessantes para a aposentadoria. Mas para tirar bom proveito dessa modalidade, o ideal é ter patrimônio suficiente para diversificar bastante, por meio da aquisição de, digamos, uns cinco imóveis em localizações distintas.

Se essa diversificação for inviável, pode ser que um fundo imobiliário seja mais interessante, desde que o capital da entidade seja pulverizado para neutralizar os riscos. Essa modalidade de aplicação permite que o cotista participe de investimentos bastante rentáveis e relativamente seguros, como shopping centers e grandes edifícios comerciais.

É claro que é bom levar em conta a modalidade com a qual se tem mais familiaridade e desenvoltura. Algumas pessoas gostam de se envolver mais com seus investimentos, o que as leva a preferir os imóveis aos fundos. Mas é preciso medir os riscos: despesas em caso de vacância, depreciação do bem, referências do inquilino e fiador. "Imóvel pode dar dor de cabeça. Um despejo, por exemplo, pode não ser tão rápido, mesmo com a nova lei do inquilinato", diz o planejador financeiro Francis Brode Hesse.

Outro cuidado, na aposentadoria, é o planejamento cuidadoso quando se torna necessário vender um imóvel. "É importante haver um planejamento para não precisar vender a toque de caixa e acabar fazendo um mau negócio", recomenda Hesse.


Fundos X Investimento direto


Alguns ativos de renda fixa, como CDBs, Letras Hipotecárias e Tesouro Direto permitem um investimento direto com custos atraentes. Essa modalidade, no entanto, pressupõe um envolvimento maior do investidor, que deve acompanhar o mercado e conduzir uma estratégia por conta própria.

Os fundos, por outro lado, são mais convenientes. "Se a pessoa nunca se envolveu muito com o mercado e dedicou a vida ao trabalho, os fundos podem ser mais indicados. Não é o caso de se comparar rentabilidade, mas conveniência", explica Gustavo Cerbasi.

E quem ainda está planejando a aposentadoria?

Nesse caso, o ideal é combinar investimento de longo prazo e busca de rentabilidade. Os fundos de previdência se mostram boas opções, com vantagens tributárias para o investidor, especialmente aquele que deixa seu dinheiro aplicado por muito tempo. As taxas de administração e carregamento, por outro lado, podem ser bem altas em relação a outros fundos.

Entre os planos de previdência, os mais vantajosos certamente são os fundos de pensão, patrocinados por empresas que contribuem com uma parcela que pode ser igual à contribuição de seus empregados. Além dessa evidente vantagem em relação aos chamados planos abertos, seus custos são irrisórios para os participantes.

Especialistas recomendam os fundos de previdência para a formação de um patrimônio para a aposentadoria, e os demais tipos de investimentos - por meio de fundos ou não - como diferenciais na busca da rentabilidade.

"É bom ter um plano de previdência privada com participação em ações. O diferencial pode ser investir com um grau maior de risco, em um fundo de ações ativo, terrenos em construção e imóveis na planta, por exemplo. E não se esquecer de ter uma frente conservadora para necessidades imediatas", recomenda Gustavo Cerbasi.
Fonte: Julia Wiltgen, de EXAME.com (19/08/2010)

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