domingo, 9 de janeiro de 2011

Fundos: 2010, ano difícil para atingir a meta atuarial

Um dos principais desafios a ser enfrentado pelos gestores de fundos de pensão é a sofisticação dos investimentos em busca de rentabilidade. E esse movimento se mostra cada vez mais necessário em um ambiente de taxa de juros decrescente e inflação em alta. “Sabíamos que 2010 seria um ano desafiador em termos de estratégia de investimentos. Só não imaginávamos que seria nessa magnitude”, ressalta Raphael Santoro, consultor sênior da área de investimentos da consultoria Mercer.


O vilão do ano passado foi a Bolsa de Valores. Estudo elaborado pelo núcleo técnico da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), a pedido do Brasil Econômico, mostra que a rentabilidade projetada dos fundos de pensão em 2010 ficou próxima a 9,9%, contra uma necessidade atuarial de 12,76%. Mesmo se o Ibovespa fechasse aos 71 mil pontos, a meta não seria batida.
Para se ter uma idéia real, o CPqD-Prev rendeu 7,17% até novembro, enquanto a meta foi de 11,40%.


“O desempenho mediano da BM&FBovespa, aliado ao repique da inflação, dificultou o atingimento da meta atuarial”, explica Mario Amigo, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA-USP) e da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).


O desempenho da carteira só não foi pior graças à rentabilidade da renda fixa. “Os investimentos em renda fixa apresentaram boa performance em 2010, principalmente os títulos indexados à inflação, mas não foram suficientes para anular o desempenho ruim da bolsa brasileira”, explica Santoro.


Na opinião de especialistas, o fato de não atingir a meta atuarial não deve ser visto apenas de forma negativa. “Os fundos de pensão têm horizonte de longo prazo. Então, as perdas registradas em determinados anos são compensadas pelos ganhos passados”, pondera o professor da FIA-USP e Fipecafi.


Entre 2003 e agosto de 2010, a rentabilidade acumulada pelas entidades fechadas de previdência complementar foi de 267%, contra uma meta atuarial de 138% no mesmo período em análise, de acordo com a Abrapp. “Os resultados de 2010 serviram de alerta para as fundações. A partir de agora, será necessário correr mais risco, caso queiram honrar com os compromissos”, diz Amigo.
Fonte: Brasil Econômico (07/01/2010)

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