quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Venezuela: Apropriação indevida de fundos de pensão

Fundo de pensão da PDVSA é fraudado em quase US$ 500 milhões
Um escândalo envolvendo a apropriação indevida de fundos de pensão da petrolífera estatal PDVSA está revigorando as preocupações quanto à corrupção e à má administração na Venezuela.
Aproximadamente US$ 500 milhões em dinheiro do fundo de pensão foram perdidos após serem investidos no que acabou se revelando um esquema de pirâmide no estilo Madoff, operado por um assessor financeiro americano estreitamente relacionado com o governo de Hugo Chávez.
A fraude centra-se em Francisco Illarramendi, gestor de um fundo hedge de Connecticut que possui dupla cidadania, dos EUA e Venezuela, e costumava trabalhar como assessor da PDVSA e do Ministério das Finanças. Vários altos executivos da PDVSA foram demitidos desde o surgimento do escândalo.
Os pensionistas não são os únicos ainda se perguntando como uma parte tão grande dos US$ 2,5 bilhões do fundo de pensão da empresa foram investidos com Illarramendi. O momento do escândalo não é nada bom para Chávez: o carismático ex-líder de golpe de Estado, de 57 anos, passou em junho por cirurgia de tratamento de câncer em Cuba e luta para recuperar sua saúde e concorrer à reeleição em 2012. Ele precisa de cada centavo possível da PDVSA para os projetos sociais que alimentam sua popularidade.
A empresa faz muito mais do que bombear petróleo. A PDVA, acessada constantemente para reabastecer os cofres do governo, financia projetos que vão desde a saúde e educação até as artes e a Fórmula 1. Desde financiar clínicas com médicos cubanos até a restauração de uma avenida de compras em Caracas e a escola vencedora no carnaval do Rio, há pouco que a PDVSA não faça.
Jeffrey Davidow, ex-embaixador dos EUA na Venezuela, que agora comanda o Instituto das Américas, na Universidade da Califórnia, em San Diego, ressalta a ocasião em que altos executivos da PDVSA recusaram de última hora convites para uma conferência regional de energia, em maio, dizendo que estavam muito ocupados com o papel central da PDVSA no projeto governamental "Gran Misión Vivienda". O programa pretende construir 2 milhões de moradias nos próximos sete anos.
"Em sociedades mal administradas, as empresas públicas de petróleo tendem a ser as organizações mais eficientes, então, o governo lhes dá mais trabalho para fazer, em vez de deixá-las se concentrar em ser uma petrolífera melhor", disse Davidow, a executivos do setor, no salão de festas do luxuoso hotel La Jolla. Esse é o tipo de crítica que Chávez diz estar enraizada na mentalidade "imperial ianque" falida. Desde que foi eleito em 1999, Chávez estatizou a maior parte do setor de petróleo do país.
Ele tirou das fileiras da PDVSA os oponentes visíveis, em resposta à greve de 2003, que derrubou a produção da empresa, demitindo milhares de trabalhadores e substituindo-os por pessoas leais a ele. Desde então, a empresa entrou em uma polêmica depois da outra.
Houve o caso "maletagate" em 2007, quando um empresário venezuelano-americano foi parado no aeroporto de Buenos Aires com US$ 800 mil em dinheiro, que segundo promotores americanos vinham da PDVSA e tinham como destino a campanha de Cristina Fernández, na Argentina. Cristina e Chávez negaram a acusação.
Também houve persistentes acusações de que a Venezuela infla os dados sobre a produção, além da ocorrência de uma série de acidentes, incluindo o afundamento de uma plataforma de exploração no Caribe em 2010.  

Fonte:  Reuters/Valor Online (18/08/2011)

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