Informe SISTEL - EXTRA

Brasília, 12 de dezembro de 2012
Prezado(a) Participante(a),
Desde 2004 o Brasil vem passando por um processo de redução dos juros nominais e reais, o que tem impactado, de forma relevante, o retorno dos investimentos dos Fundos de Pensão. Esse efeito, em particular, foi acelerado nos últimos três anos em função da crise dos países Europeus e dos Estados Unidos.
O fato é que estamos encerrando o ano de 2012 com as taxas de juros reais no menor nível da história do Brasil. Para que se tenha ideia do que estamos falando, uma aplicação financeira com vencimento par o final de 2013 remuneraria o investidor em 7,25% nominais, que é o chamado juro de curto prazo (Selic). Se considerarmos a inflação prevista para o mesmo período de 5,5% (IPCA), o ganho real seria de meros 1,66%.
A Sistel tem como compromisso pagar benefícios ao longo de vários anos, portanto, o seu passivo (compromissos futuros) é de longo prazo. Desta forma, o gestor tem de realizar os investimentos com foco também no longo prazo, distribuindo o vencimento das aplicações por anos futuros, construindo, assim, uma carteira de ativos que terá como retorno médio o juro de longo prazo. No presente momento, o juro real médio de longo prazo dos títulos públicos, que é onde está investido a maioria dos recursos dos planos administrados pela Sistel, é cerca de 3% ao ano, acrescido da variação do IPCA.
A forte queda dos juros reais nos últimos anos teve impacto extremamente favorável sobre os investimentos da Sistel. Esse fato permitiu ganhos significativos de rentabilidade no segmento de renda fixa sobre os ativos adquiridos anteriormente (em estoque) decorrentes do chamado efeito da marcação a mercado dos ativos (os valores dos ativos financeiros são inversamente relacionados ao nível da taxa de juros, ou seja, se a taxa cai o valor dos ativos sobem, se a taxa sobe o valor dos ativos caem).
Para tentar familiarizar o entendimento sobre o valor de mercado (valor diário) de um titulo de renda fixa temos o exemplo abaixo:
Suponha um titulo do governo pré-fixado, ou seja, temos a taxa fixada na data da compra do titulo LTN (Letra do Tesouro Nacional), que vence daqui a um ano com valor no vencimento de R$ 1.000,00. A taxa de juros no momento da compra é de 12% ao ano, logo temos:
            VF
VP = ----------, assim para o exemplo temos:
          (1+i)
VP = R$ 1.000,00/1,12 = R$ 892,86.
Onde:
VP = Valor atual da LTN
VF= Valor no vencimento da LTN (Valor Final)
i = taxa de juros.
Portanto, com a taxa de juros em 12%aa a LTN estará com o seu preço, na carteira de investimentos do plano, de R$ 892,86 e será resgatada no dia do seu vencimento por R$ 1.000,00.
Suponhamos que por alguma razão, no dia seguinte em que se realizou a compra, os Estados Unidos entrem em crise e a perspectiva de inflação no Brasil se eleve fortemente, gerando um ambiente de negócios mais desfavorável e por consequência as taxas de juros sobem. Assim, a nova taxa de juros de mercado para a mesma LTN passou a ser de 15%, qual seria o valor do título?
Vejamos pela fórmula: VP = R$ 1.000,00/1,15 = R$ 869,56.
Assim, houve uma desvalorização de R$ 23,30, ou de 2,61% do valor do título. Vale ressaltar, contudo, que esta perda decorre do que chamamos de "marcação do título a mercado". Caso o investidor tivesse de vender esse titulo nesse dia, ele teria uma rentabilidade menor (12% - 2,61%) = 9,39%.
Em outro sentido, onde o cenário macroeconômico é favorável e a taxa de juros está em 10%, qual o valor do mesmo titulo?
Fórmula: VP = R$ 1.000,00/1,10 = R$ 909,09
Nesse caso, temos uma valorização de R$ 16,23, ou de 1,82% do valor do titulo, no mesmo conceito da "marcação a mercado". Caso o investidor tivesse que vender o título nesse dia, ele teria uma rentabilidade maior (12% + 1,82%) = 13,82%.
Assim, a renda fixa apresenta oscilações diárias no valor de seus títulos, o que impacta em variações positivas ou negativas de diversas magnitudes na rentabilidade dos investimentos do Plano.
No caso da Sistel, como os títulos comprados no passado a rentabilidade dos investimentos foi muito acima das taxas de juros atuais, os ganhos decorrentes desse processo permitiram que os planos da Sistel acumulassem, ao longo dos anos, resultados superavitários. Contudo, há consenso de que o atual nível da taxa de juro real permanecerá por um tempo maior, o que significa que a perspectiva de retorno dos investimentos se manterá em nível sensivelmente inferior ao do passado.
Diante desse cenário, a Sistel como administradora de planos, se depara com o seguinte dilema: os planos tem um passivo que exige crescimento dado pela taxa atuarial de 5,25% ao ano e ao mesmo tempo, de agora em diante, o ativo tem como perspectiva de retorno 3% ao ano, ou seja, podemos concluir que os investimentos não terão desempenho suficiente para cumprir a exigibilidade do passivo.
Caso a Sistel não altere a taxa atuarial dos planos, o descasamento entre a exigibilidade atuarial de 5,25% ao ano e o retorno esperado do investimento (ativo), levará a formação de déficits anuais futuros, que deverão ser cobertos pelos superávits acumulados dos períodos anteriores, enquanto existirem, por novas contribuições ou ainda por redução de beneficio.
Alternativamente, a Sistel teria de redirecionar parcela significativa dos investimentos para ativos que tem maior nível de risco, na tentativa de obter maiores retornos e com isso evitar o descasamento de rentabilidade. Entretanto, assumir maiores riscos em parcela significativa dos ativos, além do recomendado pela boa gestão de investimentos, poderá ensejar em perdas futuras, o que agravaria a situação de equilíbrio do plano.
A opção adotada pela Sistel foi reduzir a exigibilidade do passivo (taxa atuarial) para 3,80% ao ano, pois os recursos necessários já estavam disponíveis na figura do superávit acumulado, permitindo assim, que o plano reflita, tanto no seu passivo quanto no ativo, a realidade atual da taxa de juro de longo prazo, bem como estabelecer, na politica de investimento de 2013, um percentual mais elevado do seu patrimônio em outros ativos (renda variável, credito privado), no sentido de elevar o nível do retorno dos Planos, mas, preservando sempre a condição de ter uma avaliação e seleção criteriosa dos ativos a serem investidos.
Ao proceder dessa forma, a Sistel entende que está mitigando os riscos de seus Participantes e Assistidos em um momento de grande desafio pelo qual passa o mercado financeiro mundial.
Cordialmente,
Fundação Sistel de Seguridade Social
35 Anos de Sistel