quinta-feira, 10 de maio de 2012

Fundos de Pensão: Nova realidade de juros provocarão rendimentos menores nos planos

Queda nos juros golpeia fundos de pensão
Os juros continuam altos para os tomadores, apesar do excepcional esforço da presidente Dilma Rousseff. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), chegaram, em abril, a 159,76% no cheque especial, a 155,76% no empréstimo pessoal nas financeiras e atingem o escabroso nível de 238,3% nos cartões de crédito - muitos deles, embora marcas internacionais, pertencentes a bancos brasileiros. Ontem, a central sindical UGT, presidida por Ricardo Patah, protestou, de modo pertinente, em frente ao prédio da Visa, em São Paulo.
Do lado das aplicações, no entanto, os valores minguam. Fundos de ações de primeira linha têm apresentado rendimento inferior a 0,8% ao mês, bem próximo do ganho das cadernetas de poupança - em torno de 0,6% ao mês, mas sem cobrança de imposto de renda. Com isso, os fundos de pensão brasileiros voltarão ao planeta Terra. Durante décadas, os aplicadores dos fundos eram vistos como falsos gênios. Ousadas metas eram fixadas a cada ano e, ao fim do exercício, constatava-se que os lucros haviam excedido as previsões.
A mágica não decorria de ousadia nas aplicações, mas de simples alta crescente na taxa de juros de títulos públicos. Alguns fundos, como Previ e Petros, ainda se beneficiaram de lucros em bolsa e compra de parte do controle de lucrativas ex-estatais, além da vida fácil com a renda fixa. O segredo estava nos juros estratosféricos pagos por papéis garantidos. Fazia-se previsão com base em 11% e, no fim do ano, via-se que os juros básicos estavam em 13% ou15%. Nos bilhões dos fundos, essa diferença dava um saldo enorme.
Agora, parodiando famoso samba, chegou a hora de essa gente bronzeada mostrar seu valor. Em vez de simplesmente aplicar em títulos públicos e receber louros, os dirigentes dos fundos terão de agir como no resto do mundo: procurar empreendedores para ver se interessa financiar seus projetos; buscar shopping centers de cidades emergentes, para saber se poderão propiciar bons rendimentos, e se aliar a incorporadores imobiliários ou a bancos de investimento. É chegada, portanto, a hora da verdade, em que os fundos terão de sair à procura de onde colocar o dinheiro dos aposentados e aposentáveis para render bons lucros. Acabou a era da compra pura e simples de papéis altamente lucrativos e garantidos pelo Governo Federal. 

Fonte: Jornal Monitor Mercantil (09/05/2012)


Agora a versão da Associação dos Fundos de Pensão:


Entidades menos expostas aos juros em queda
Como os títulos públicos federais são considerados no mercado financeiro como ativos livres de risco e, por conseguinte, vêm sendo utilizados para fazer hedge e representam a maior parcela das carteiras dos fundos de pensão, as informações a respeito de sua maturidade são naturalmente algo relevante em uma avaliação de como se encontram os investimentos do sistema fechado de previdência complementar no cenário atual de corte nos juros.  Após fazer essa observação, relatório produzido pela PREVIC - Superintendência Nacional de Previdência Complementar mostra claramente que as entidades ainda se encontram a esse respeito numa zona de conforto, não devendo ser verdadeiramente atingidas tão cedo pela atual tendência de redução dos rendimentos pagos, uma vez que a maior parte dos papéis ainda se encontra distante de seu vencimento.
Os títulos públicos, incluindo carteira própria e fundos de investimentos, estão assim distribuídos: 25,59% vencem em até três anos; 29,45% tem vencimento entre três e dez anos; 44,96% tem prazo de vencimento superior a dez anos.
“Esses valores”, registra a PREVIC em seu relatório, “demonstram que os fundos de pensão estão mitigando o risco de reinvestimento quando apresentam valores elevados em ativos de longo prazo, concentrados principalmente em títulos indexados a índices de inflação (NTN-B e NTN-C)”. A autarquia ressalta ainda  que “esses instrumentos financeiros emitidos pelo governo federal de longo prazo (acima de 10 anos) representam aproximadamente 19% de todos os investimentos das EFPC.” 

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão (10/05/2012)

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