sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Mundo: Alemanha debate aposentadoria aos 80 anos


Ex-ministro da Economia, Wolfgang Clement, defende que a idade de aposentadoria deveria ser livre no país, chegando até os 80 anos. Proposta pegou os alemães de surpresa, já que o país passou por recente reforma previdenciária 

Líder da tesourada no estado de bem-estar social da Alemanha, o ex-ministro socialdemocrata de Economia, Wolfgang Clement, considera que a idade de aposentadoria deveria ser livre, pelo menos até os 80 anos. "Quem quiser pode seguir trabalhando, por quê não?".
Segundo publicou o jornal espanhol "El Mundo", o atraso na idade de aposentadoria de 65 para 67 anos, que já está muito avançado na Alemanha, não parece suficiente para o ministro, tendo em vista a mudança demográfica que enfrenta a sociedade europeia. A proposta de Clement pegou os alemães de surpresa, afirmou o diário da Espanha.
"Deveríamos lançar sinais que estimulem a continuidade do trabalho acima dos 70 anos", defendeu o ex-ministro, que aos 72 anos segue plenamente ativo na área de energia e para quem é hora de enfrentar a realidade.
"Temos que enfrentar ao fato de que é necessário que os alemães trabalhem durante mais anos. Quem quiser e puder deve seguir trabalhando até os 75 e inclusive até os 80", disse.
Clement foi ministro de Economia entre 2002 e 2005 que, junto com o chanceler Gerhard Schröder, executou a denominada Agenda 2010. A série de reformas econômicas foi muito criticada por afetar o estado de bem-estar alemão, ainda que os dois sempre defenderam que o objetivo dos cortes era exatamente o contrário: fazer sustentável o sistema do bem-estar, afirmou "El Mundo".
A Agenda 2010 está na base da prosperidade econômica alemã dos últimos anos e graças ao programa a Alemanha se manteve até agora de pé diante da crise, enquanto o resto de seus sócios europeus se veem acorrentados pela recessão.
Mas, para o Gerhard Schröder, o programa não é suficiente. O chanceler advertiu recentemente que a "Alemanha deveria estar trabalhando já em uma Agenda 2020", em referência à necessidade de novas reformas que façam a economia mais competitiva e a adapte ao envelhecimento da população.
"Um em cada três alemães da minha idade, entre os 65 e 80 anos, deseja continuar trabalhando. Deveríamos utilizar isso como indicador. Muitos cidadãos, com suas decisões, são capazes de ir muito além da política", assegurou Clement, segundo "El Mundo".
Site para aposentados faz sucesso no país
Lançada em primeiro de agosto, a plataforma rentarentner.de (aluga-se um aposentado), a primeira a oferecer serviços de meia jornada na Alemanha, já é um sucesso entre a classe. O site é direcionado a aposentados ou maiores de 50 anos para trabalharem com mudanças, aulas particulares ou levar o cachorro para passear. Em troca, ganham um dinheiro adicional à pensão.
Na linha da proposta de Clement, a plataforma aposta na experiência e opera sob o lema: "O jovem corre rápido, o velho conhece o atalho". Jonas Reese, um dos fundadores do portal, explica os benefícios de continuar alguma atividade fixa depois da aposentadoria e assegura que oferecer esse tipo de serviço ajuda a muitos alemães aposentados a lutarem contra o vazio da aposentadoria.
Disse também que "em 2006, quando tivemos a ideia do projeto e reservamos o domínio na Internet, ninguém tinha se cadastrado para oferecer seus serviços nessa idade, mas os tempos mudaram e o farão mais inda no futuro".
Reese calcula que nos próximos 30 anos, a Alemanha perderá 7 milhões de habitantes e a idade média da população aumentará, de forma que vai faltar mão de obra. "E são os próprios aposentados que se sentem capacitados para continuarem trabalhando", concluiu. 

Fonte: Agência O Globo (22/08/2012)

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