quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Fundos de Pensão: Patrocinadoras terão forte perda com seus planos de pensão de benefício definido


A queda dos juros reais deve provocar uma perda bilionária às companhias que patrocinam planos de previdência de benefício definido a seus funcionários, modalidade existente principalmente em estatais e empresas privatizadas.
Entre dezembro de 2011 e o fim de 2012, a taxa real dos títulos públicos de longo prazo caiu de 5,5% para 4% ao ano. Com aplicações conservadoras rendendo 1,5 ponto percentual a menos, a reserva necessária hoje para garantir essas aposentadorias no futuro aumenta em torno de 30%, estima o professor Edson Jardim, do MBA de Gestão Financeira e Atuária da Fipecafi, ressaltando que trata-se de um cálculo aproximado.
Como parte dos ativos que garantem as aposentadorias dos funcionários dessas empresas - assim como os próprios títulos públicos de longo prazo - também se valorizou ao longo de 2012, o forte aumento dos passivos atuariais será parcialmente compensado.Embora os juros tenham caído ao longo do ano, esse ajuste é feito apenas no balanço anual das empresas, ou semestralmente no caso dos bancos.
A Deloitte calcula que o impacto líquido médio no saldo atuarial - seja ele superávit ou déficit - será negativo em 12%. "Esse é o efeito ao se assumir um prazo médio de 20 anos para as obrigações. Se ele for mais longo, o impacto é ainda maior", explica José Domingos Prado, sócio da área de auditoria.
Embora a perda tenha de ser divulgada por todas as empresas, o impacto no balanço de cada uma deve variar. A regra contábil permite que o efeito seja registrado no patrimônio, na conta de lucros ou prejuízos, ou que seja amortecido, até certo ponto, num sistema chamado "corredor" - opção mais usada por companhias com grandes planos de pensão.
Embora o cálculo do compromisso de longo prazo das empresas com a aposentadoria dos empregados seja bastante complexo, envolvendo taxas de desconto, previsão de reajuste de salários, inflação, tábuas de mortalidade e expectativa de retorno para os ativos, a lógica do efeito do juro real menor nas contas das empresas é simples.
Se uma taxa mais baixa torna mais difícil para cada pessoa acumular recursos para sua aposentadoria - exigindo maior economia mensal e mais tempo de acumulação -, o mesmo se aplica, em escala ampliada, para empresas que se comprometeram a pagar valores fixos a milhares de ex-funcionários. No caso das fundações, foi baixada norma para adaptação gradual ao novo cenário da taxa de juros, mas para as empresas patrocinadoras o impacto é imediato.
Fonte: Valor (16/01/2013)

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