quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Aposentadoria: As consequências de planos de previdência não vitalícios no Brasil, ganha-se por 12 anos e durante 11 anos fica-se sem recursos

Brasileiro poupa para 12 anos de aposentadoria 
Resultado no Brasil é pior do que a média mundial, na qual se espera viver 18 anos após a aposentadoria
Pelas expectativas dos brasileiros sobre a própria aposentadoria, eles passariam em média 11 anos sem recursos suficientes para ter uma vida confortável. É o que aponta um estudo do HSBC, em que as pessoas responderam que esperam viver 23 anos depois de se aposentarem, mas poupam o suficiente para que as economias durem apenas 12 anos depois de encerrado o período de trabalho. "Há um intervalo a partir do qual a pessoa fica com receio: espera que ainda esteja viva mas não tem segurança de que seu dinheiro vai durar nesta segunda fase. É um alerta muito interessante", comenta o superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio do HSBC Bank Brasil, Gilberto Poso.
Aqui, o resultado é pior do que a média mundial, na qual os entrevistados esperam viver 18 anos depois de se aposentarem, mas suas economias devem durar dez anos. "Enquanto aqui o intervalo é de 11 anos, no resto do mundo o buraco é menor, com um intervalo de oito anos. Se elas gastarem o que pretendem, não vão ter dinheiro para viver ate o fim da vida", afirmou Gilberto Poso.
O estudo "O Futuro da Aposentadoria: Uma nova realidade" é o oitavo de uma série elaborada pelo HSBC e representa a visão de mais de 15 mil pessoas consultadas na Austrália, Brasil, Canadá, China, Egito, França, Hong Kong, Índia, Malásia, México, Cingapura, Taiwan, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos. Foram ouvidas pessoas de 25 anos ou mais, durante os meses de julho e agosto de 2012. No Brasil, foram mais de mil entrevistados.
Estado como provedor
Os brasileiros ouvidos para a pesquisa acreditam que 31% dos rendimentos de sua aposentadoria virão do Estado.
O dado também é superior ao resultado global, segundo o qual as pessoas esperam que 24% da renda seja proveniente de benefícios sociais. "Isso é preocupante porque, à medida que tivermos no Brasil uma mudança demográfica, a previdência oficial vai claramente ter mais dificuldades. Teremos menos gente na ativa e mais pessoas usufruindo por mais tempo", alertou Poso.
Expectativa
Para 37% dos brasileiros, a contribuição do Estado será uma fonte importante de renda na aposentadoria.
A alta expectativa com relação à previdência é preocupante também pelo fato de que os brasileiros esperam que a aposentadoria - seja proveniente de poupança pessoal, seja de benefícios sociais - substitua aproximadamente 70% do rendimento que têm em seu trabalho.
"Por outro lado o que é interessante e positivo é que essa parcela de 31% dos que pensam que os rendimentos virão do Estado é puxada pelas pessoas mais velhas, acima de 45 anos.
Já aqueles que estão entrando no mercado de trabalho já têm uma perspectiva diferente em relação à previdência social", disse Poso.
Projeção
23 anos é a expectativa de vida dos brasileiros após a aposentadoria, apesar de não pouparem para isso, aponta estudo do HSBC
19% não economizam para a velhice
Atualmente, 19% dos brasileiros não fazem nenhuma tipo de preparação para sua futura aposentadoria e 41% consideram que a fazem de forma inadequada. Os brasileiros creditam ao alto custo de vida o fato de não pouparem especificamente para a aposentadoria. Para 42%, todo o dinheiro é gasto no custo de vida diário.
"Temos uma parcela significativa de brasileiros que não são poupadores regulares e muitas pessoas que reconhecem que não estão bem preparados", comenta o executivo.
Curto prazo
Entre as diferenças culturais que podem ser analisadas pelo estudo, uma é a importância que a população dá para a poupança de curto ou longo prazo. No Brasil, a tendência é de poupar para o curto prazo - ou seja, economizar para as férias, por exemplo. Se tivessem de optar entre uma poupança para férias ou para aposentadoria, apenas 43% escolheriam a segunda opção. A média global é de 50%.
"Nós não somos os únicos cuja maioria opta pelo curto prazo, mas estamos entre os países que têm maior propensão a isso. Na Ásia, por exemplo, existe uma clara propensão para poupar para o longo prazo", explicou Poso. Na Malásia, 59% das pessoas preferiria juntar dinheiro para uma viagem a economizar para o momento de se aposentar.
A crise econômica internacional e a desaceleração da economia brasileira no último ano, contudo, parecem não ter assustado os brasileiros. Questionados sobre qual evento impactou mais a capacidade de poupar, a "crise econômica atual" aparece apenas em sétimo lugar. "Ultimamente isso não tem sido um grande problema porque temos uma taxa de desemprego baixa", disse o executivo do HSBC.

Fonte: Diário do Nordeste (21/02/2013)

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