quinta-feira, 7 de novembro de 2013

TIC: "Fator Z" pode ajudar fusão de operadoras

O "Fator-Z". É assim que o envolvimento de Zeinal Bava, presidente da Oi, está sendo chamado pelos investidores no processo de combinação com a Portugal Telecom, da qual era presidente antes de assumir a operadora brasileira.

O executivo, que vem se tornando uma celebridade no mundo das telecomunicações, é o principal "garoto-propaganda" da transação, que resultará na criação da CorpCo. A empresa, ainda sem nome definitivo, terá receita líquida da ordem de R$ 37,5 bilhões e 100 milhões de clientes, espalhados por Brasil, Portugal, África e Ásia. Porém, para se concretizar, a união precisa de aumento de capital de, pelo menos, R$ 7 bilhões. Desse valor, R$ 5 bilhões precisam vir do mercado, pois a diferença está garantida pelos controladores da Oi e pelo BTG Pactual.

Relatório divulgado ontem pelo Santander, indica que o "engenheiro Zeinal", como é conhecido em Portugal, é um dos 'ativos' da operação. Segundo os analistas Valder Nogueira e Bruno Mendonça, "os investidores acreditam que a forte reputação de Zeinal como presidente da operadora fala tão alto quanto seu histórico de sucesso como homem de finanças e negócios". Sua fama deve contribuir para que mercado acredite na recuperação da Oi.

Ao fim da união, a CorpCo será uma empresa sem dono, ou seja, terá capital pulverizado na bolsa. A expectativa é que nenhum investidor novo ou atual tenha mais de 10% da empresa. E não haverá acordo de acionistas. A empresa será listada no Novo Mercado.

É sabido que empresas em que não há um dono, os executivos reinam absolutos como detentores da capacidade de decisão, execução e condução dos negócios.

A PT já era uma companhia sem dono, mas com participação de acionistas relevantes do universo empresarial e político do país. O Estado português tinha uma "golden share" até poucos anos atrás. A Oi, por sua vez, tem uma forte cultura de dono. A empresa é controlada por tradicionais grupos nacionais, AG Telecom (Andrade Gutierrez) e La Fonte (família Jereissati), ao lado de fundações e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O relatório do Santander chama atenção porque vem após reuniões com investidores da Europa nas últimas semanas. Os analistas perceberam que entre os motivos que podem levar ao sucesso da transação está o histórico de Zeinal.

Duas empreitadas destacam-se na trajetória do executivo: a recriação da Portugal Telecom após a oferta hostil feita pela Sonae.com, em 2006, que alçou a companhia à posição de uma das mais - se não a mais - inovadora do setor, e a negociação da venda de 50% do controle da Vivo à sócia Telefónica. A condução por Bava levou os espanhóis a ampliarem a oferta de € 5,7 bilhões para €7,5 bilhões.

Nogueira destaca que essa "experiência" de Zeinal e o charme do setor, com uma nova rodada de consolidação global à vista, podem atrair novos acionistas à base da CorpCo e fazer com que a empresa alcance os R$ 5 bilhões numa oferta pública de ações, ainda que os atuais acionistas das companhias tenham críticas à transação.

Os investidores da Portugal Telecom, na verdade, pouco têm para reclamar da estrutura montada. Já os acionistas da Oi, em especial os minoritários, vislumbram uma diluição potencial de 65%.

Dois pontos desagradam os minoritários da Oi, machucados por um histórico de transações fracassadas devido, justamente, ao tratamento pouco atencioso do mercado. O primeiro é o 'transporte' da dívida dos controladores, de R$ 4,5 bilhões, para toda a companhia. A dívida que era só dos donos passará a ser de todos.

A segunda é que os acionistas da Portugal Telecom estão protegidos de uma diluição. Cerca de 70% da parcela que eles terão na CorpCo virá com valor fixado, em euro, pelo qual eles receberão o equivalente em ações. Esse modelo os protege de uma diluição maior, deixando-a quase que integralmente aos minoritários da Oi.
Fonte: Valor (07/11/2013)

Um comentário:

  1. É de momento o Fator Z já esta trazendo prejuízos aos trabalhadores da Oi, o Acordo Coletivo está sendo descumprido em prejuízo dos trabalhadores por ordens expressas da figura. A Oi esta diminuindo ou cancelando a terceirização em um programa de "primarização", que ao que tudo indica vai se traduzir em mais um arrocho nos trabalhadores que quiserem manter o emprego.
    Das necessidades financeiras da Oi pode entender-se o redobrado interesse pelo Superávit do PBS-A, a anunciada futura mudança Sistel do Regulamento Eleitoral da Sistel, que é fortemente defendida por um dos conselheiros da Oi, que por coincidência também é conselheiro na Atlântico, que acabou de realizar eleições que são um exemplo do que pode acontecer nas próximas eleições da Sistel.

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