quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

TIC: Teles se armam para competir em 2014

As operadoras de telefonia móvel apresentaram neste ano um crescimento menos expressivo na base de assinantes e em receita, comparado a anos anteriores. Até outubro, a base de telefonia móvel aumentou 4%, e a perspectiva para 2014 é de um crescimento de 3,5%, de acordo com a Tendência Consultoria Integrada. O mercado de telefonia pós-paga, por sua vez, avançou 16% de janeiro a outubro.

A pedido do Valor, as operadoras contaram como planejam incrementar a receita em 2014, apesar do incremento mais fraco na base de usuarios e da queda de receita por conta do corte de 25% na tarifa de interconexão (VU-M). No próximo ano, as teles vão se dedicar à conversão de mais usuários pré-pagos em pós-pagos.

Para isso, as companhias planejam reforçar a oferta de pacotes de dados como principal atrativo. Telefônica/Vivo, Claro e Oi também planejam investir mais pesadamente em serviços convergentes (que reúnem TV por assinatura, telefonia e banda larga) para aumentar a receita. Serviços como vídeo sob demanda, pagamento móvel e comunicação máquina a máquina (M2M) também crescerão em importância em 2014.

"Com o número de celulares superior ao total de habitantes, o setor passa por um momento em que qualidade, inovação e cobertura serão cada vez mais determinantes para manter e atrair clientes", disse Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica Brasil. O executivo lembra que o mercado volta-se sobretudo ao crescimento acelerado da demanda por dados, impulsionada pela adoção crescente de tablets e smartphones.

A Telefônica/Vivo registrou um aumento de 35,5% na receita com internet móvel no terceiro trimestre e, segundo Valente, boa parte dos R$ 24,3 bilhões que a companhia planejou investir no período de 2011 a 2014 teve como destino o aumento das suas redes. O executivo espera ganhos de receita no próximo ano, sobretudo com o crescimento na telefonia móvel pós-paga.

Enquanto o mercado total de celulares pré-pagos no país cresceu 1% em 12 meses até outubro, os pós-pagos tiveram expansão de 16%, disse Camila Saito, analista de telecomunicações da Tendências. E o pós-pago ainda terá um fôlego adicional em 2014, com expectativa de avançar na participação da telefonia móvel, disse a economista.

Os planos da Telefônica incluem a expansão da oferta de serviços como livros pela internet, cuidados on-line com a saúde, conteúdos sob demanda, serviços financeiros, M2M e a oferta de serviços convergentes - incluindo banda larga, telefonia e TV paga.

A Telefônica/Vivo perdeu a liderança em total de acessos, chegando ao terceiro trimestre com 91,7 milhões de acessos, ante 93,1 milhões da América Móvil (que inclui Claro, Net e Embratel). Rodrigo Vidigal, diretor-executivo de marketing da Claro, disse que as companhias do grupo vão trabalhar em 2014 para reforçar a oferta de serviços convergentes e avançar no processo de integração de algumas áreas das companhias. "São marcas fortes e todas buscam alcançar a liderança em seus segmentos. Essa convergência será feita de maneira cuidadosa", disse.

A Claro também reforçará a oferta de serviços de dados e internet móvel em 2014. Para isso, disse Vidigal, a operadora destinou investimento de R$ 6,3 bilhões para 2012 a 2014, com boa parte dos recursos em infraestrutura. Neste ano, a Claro começou a oferecer acesso ao Facebook e ao Twitter de graça, como estratégia para atrair clientes. E ampliou a rede de hotspots para acesso à internet sem fio (Wi-Fi), entre outras iniciativas. A expectativa do executivo é que ações do tipo se revertam em um crescimento da base de usuários em 2014.

A TIM, que não tem telefonia fixa ou TV por assinatura, vai se concentrar no segmento de dados. Rogério Tostes, diretor de relações com investidores, disse que entre 20% e 25% dos usuários de celulares do mercado brasileiro consomem dados. Na Europa e nos Estados Unidos, os índices são de 50% a 60%, enquanto na América Latina a média é de 40%. "Estamos um pouco atrás das outras operadoras que atuam na região, mas o uso de internet móvel tende a crescer rapidamente", disse.

O objetivo da TIM é aumentar a infraestrutura para atrair novos clientes. A operadora planeja investir R$ 11 bilhões de 2014 a 2016, ante R$ 10,7 bilhões no triênio de 2012 a 2014. Tostes acrescentou que a TIM espera atrair uma parcela maior dos públicos de média e baixa renda no próximo ano com planos de mais baixo custo. Na lista de prioridades constam ainda a oferta de serviços on-line, como música e pagamento móvel.

A Oi informou que prevê expandir a receita com dados em 2014. Esses serviços representam 17% da receitas da tele com mobilidade - o índice mais baixo do setor. "Nossas receitas de dados no terceiro trimestre cresceram 57,6%. É um aumento significativo e, por isso, é um foco da gestão", disse em comunicado.

A Oi também vai usar a base de clientes de telefonia em cidades de menor porte para ampliar a oferta de serviços convergentes (banda larga, TV por assinatura e telefonia). A tele investiu R$ 4,7 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, 6,2% a mais que no mesmo período de 2012. A empresa espera fechar o ano com aporte de R$ 6 bilhões, sendo que mais de 70% do total foi aplicado em infraestrutura. Para o próximo ano, "vai trabalhar com níveis de Capex mais baixos, otimizando processos. Isso não significa que vamos fazer menos, mas que faremos mais com menos", informou em comunicado.

As teles terão que manter investimentos pesados para expandir suas redes de terceira e quarta gerações (3G e 4G) e cumprir as metas estipuladas pelo governo. Para a Oi e a TIM, 2014 será um ano decisivo. "Se o processo de reestruturação da Oi não passar, a empresa terá que se mover rapidamente. No caso da TIM, haverá muita especulação sobre a possibilidade de venda da companhia", afirmou um especialista de um grande banco, que preferiu manter seu nome em sigilo.
Fonte: Valor (11/12/2013)

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