segunda-feira, 5 de maio de 2014

Fundos de Pensão: Mais uma denuncia relativa a fundos de pensão de estatais. Desta vez a ingerência política partidária é na Postalis (Correios). Previ, Petros e Funcef não estão sozinhas.

Desde o início do 1º governo Lula, em 2003, PT e PMDB disputam o controle do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Cada partido indica dois dos quatro nomes da diretoria executiva da entidade, embora formalmente essa seja uma atribuição da patrocinadora do fundo, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). No entanto, o acordo começou a fazer água no governo Dilma, com a chegada do economista Wagner Pinheiro à presidência da ECT.

Pinheiro é um dos ex-dirigentes de sindicatos de bancários de São Paulo ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, que passou a indicar nomes para ocupar cargos em fundos de pensão de estatais no governo Lula. Entre 2003 e 2010, ele foi presidente da Petros, a fundação de previdência complementar dos funcionários da Petrobras, a segunda maior do país. Com um patrimônio de R$ 68 bilhões, só fica atrás da Previ, dos empregados do Banco do Brasil. Pinheiro foi escolhido pelo atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, para dirigir os Correios ainda na transição entre os governos Lula e Dilma. A estatal, mergulhada em dificuldades operacionais, era um foco de escândalos de corrupção. Com o comando da ECT, o PT resolveu também controlar o Postalis, abrindo uma disputa com os indicados do PMDB.

Em abril de 2012, Pinheiro conseguiu indicar Antônio Carlos Conquista para a presidência do Postalis. Ele foi chefe de gabinete de Pinheiro na Petros, entre 2003 e 2007, e gerente de administração da fundação até 2009. Em 2010, Conquista ocupou a diretoria executiva da Fundação de Seguridade Social (Geap), uma entidade de autogestão de planos de saúde para servidores federais que chegou a sofrer uma intervenção da Agência Nacional de Saúde (ANS) no ano passado, por causa de um déficit de cerca de R$ 250 milhões. Nos dois anos seguintes, ele ocupou uma secretaria no Ministério da Pesca. A indicação de Conquista para substituir Alexej Predtechensky, indicado do PMDB que ficou seis anos à frente do Postalis, significou um passo de Pinheiro em direção ao controle do fundo pelo PT, mas ainda sem a cobiçada diretoria de Investimentos, sob domínio do PMDB.

Numa estratégia similar à usada pela Petrobras na Petros, revelada pelo GLOBO no último domingo, a direção dos Correios passou a contar com o apoio de sindicalistas para dominar a pauta do conselho deliberativo do Postalis, que nomeia a diretoria e referenda as principais decisões. O colegiado tem seis conselheiros: três indicados pela patrocinadora, a ECT, e três eleitos pelos funcionários. Pelo menos dois integrantes de uma corrente petista da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) que foram eleitos conselheiros passaram a votar com os indicados: José Rivaldo da Silva e Manoel Santana, que mantêm cargos na diretoria da Fentect apesar de terem perdido o controle da federação.

Ernani de Souza Coelho, presidente do conselho deliberativo por indicação da ECT, também é um nome do PT. Funcionário aposentado da estatal, ele é marido da ex-senadora Fátima Cleide, do PT de Rondônia, e contratado como assessor da presidência dos Correios. Cargo similar tem outro indicado para o conselho, o ex-secretário-geral da Fentect, Manoel Cantoara.
Fonte: O Globo (05/05/2014)

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