quinta-feira, 29 de maio de 2014

Fundos de Pensão poderão ter cobertura de seguro caso não atinjam suas metas de rentabilidade

O IRB Brasil Re aguarda a aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep) do primeiro produto de resseguro desenvolvido para fundos de pensão. Trata-se de uma cobertura para fundações que tiverem dificuldades para atingir suas metas de rentabilidade. Para o presidente do IRB, Leonardo Paixão, o produto é uma primeira experiência de integração entre os mercados de previdência complementar, seguro e resseguro. 
Em palestra no seminário "O Futuro do Mercado de Previdência", realizado pelo Valor, Paixão defendeu o aumento da integração entre os três mercados. Segundo ele, até o setor público pode se beneficiar do desenvolvimento dessas alternativas, pois poderiam ser criados produtos capazes de compensar gastos decorrentes do aumento da longevidade da população, um dos maiores problemas da previdência pública. 

"O aumento da longevidade é um problema que já existe. Alguns dos acionistas do IRB lidam com esse problema e têm interesse em produtos como esse. Mas esses setores conversam pouco, apesar das sinergias que possuem", disse. Os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef fazem parte do bloco de controle da resseguradora, por meio do FIP Caixa Barcelona. No primeiro momento, o novo produto do IRB não contemplará a questão da longevidade. 
Na avaliação do especialista em seguridade social da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Helmut Schwarzer, o descasamento entre a rentabilidade esperada e a alcançada nos investimentos é uma das fragilidades enfrentadas pelas entidades de previdência em várias partes do mundo, inclusive em países da Europa com tradição de bons sistemas de seguridade social. 
Ele lembra que houve um encolhimento dos sistemas públicos e parte da cobertura migrou para a previdência complementar. Muitos investimentos, porém, foram afetados pela queda dos juros e a crise em alguns países. 
Para Schwarzer, o maior desafio do setor de previdência é o impacto financeiro do aumento da longevidade da população. Segundo ele, não existe mais nenhum país sem algum dos oito tipos de seguro social classificados pela OIT. A qualidade das coberturas, porém, piorou em vários mercados. "Hoje se percebe uma certa tensão porque, se projetar o valor dos benefícios que as pessoas terão em 2030, as taxas de reposição [dos benefícios] já não garantem que pessoas estejam acima da linha de pobreza. Mesmo países como a Alemanha projetam taxa de reposição abaixo de 40%, que é o mínimo recomendado pela OIT." 
Outra proposta de integração apresentada no seminário foi o produto conhecido como "universal life". Trata-se de um produto com quatro coberturas distintas - vida, previdência, invalidez e acumulação - cujo preço da cobertura é fracionado de acordo com a etapa de vida do cliente. Na avaliação do superintendente da Susep, Roberto Westenberger, a versão brasileira poderia contemplar uma quinta parcela, destinada a títulos de capitalização. 
"Temos que avaliar se a ideia do sorteio não contamina o produto", disse Westenberger, que pretende criar um laboratório para o desenvolvimento de produtos na autarquia para testar novas ideias de coberturas. 
Fonte: Valor (29/05/2014)

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