sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Anapar: A denúncia contra o Santanderprevi melhor explicada pela Anapar

ANAPAR | Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão
15 de agosto de 2014Boletim Anapar Nº 501
ANAPAR, participantes e entidades apresentam denúncia contra Santanderprevi

A Anapar recebeu denúncia de um grupo de assistidos da Santanderprevi, apontando prejuízos de cerca de R$ 52 milhões em seu plano de benefícios, devido a problemas na gestão dos investimentos. Levou a denúncia à Diretoria de Fiscalização da Previc, solicitando fiscalização e apuração e, caso confirmado, a responsabilização dos envolvidos. O Santanderprevi administra planos de previdência patrocinados pelo Banco Santander e outras empresas do conglomerado financeiro.

A denúncia, feita à Previcem reunião com o Diretor Fiscalização Sérgio Taniguchi,foi protocolada com documento assinado por vários participantes da Santanderprevi, pela Anapar e por entidades representativas também presentes à reunião:Afubesp, Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários de São Paulo e Sindicato dos Bancários do ABC.

O plano é de Contribuição Definida e oferece aos participantes quatro perfis de investimentos, dentre eles o Perfil Conservador e o Moderado sem Ações. Nestes, todos os recursos são investidos em títulos de renda fixa. Até o final de 2012, a rentabilidade acumulada em ambos os perfis era muito parecida. Em 2013, no entanto, o retorno do Perfil Moderado sem Ações caiu muito comparado ao outro, despertando a atenção dos participantes. O patrimônio do perfil é da ordem de R$ 800 milhões.

Vários assistidos questionaram a diretoria do Santanderprevi sobre a diferença e não tiveram explicação convincente sobre a queda em somente um dos perfis e não no outro. Verificaram que, nos últimos dias de dezembrode 2012, o Conselho Deliberativo do Santanderprevi alterou a política de investimentos do perfil Moderado sem Ações, passando a prever a aplicação de 30% de seus recursos em papéis indexados ao IMA-B, que nada mais são que títulos NTN-B do Tesouro Nacional. Poucos dias após a mudança, no início de janeiro de 2013, foram comprados cerca de R$ 240 milhões destes títulos. Pelo menos dois terços foram vendidos ao longo do ano. Os investimentos do Santanderprevi são terceirizados para uma gestora de ativos do conglomerado Santander, o que pode caracterizar conflito de interesses. Os papéis comprados e vendidos no decorrer do mesmo ano geraram prejuízo aos participantes, da ordem de R$ 52 milhões.

Ao que tudo indica, o prejuízo decorre de uma operação desastrada. Na virada de 2012 para 2013, a taxa básica de juros definida pelo Banco Central era de 7,25% ao ano. Naquela ocasião todo o mercado projetava um aumento na inflação e, por consequência, um aumento na taxa básica de juros, o que de fato aconteceu: a taxa Selic terminou o ano em 10%. Os títulos comprados em janeiro, a uma taxa menor, perderam valor ao longo do ano, pois os investidores encontravam papéis com remuneração maior à disposição. O Santanderprevi comprou na hora errada e vendeu na hora errada, causando prejuízo aos participantes. Resta saber de quem foram comprados e para quem foram vendidos os títulos. Há uma forte suspeita que o banco patrocinador atuou como contraparte, lucrando com o prejuízo imposto aos participantes. Prática comum no mercado: se uns perdem, outros ganham.
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