quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Fundo de pensão dos Correios perde R$ 200 mi com calote argentino

Postalis tem perda com calote argentino 
Prejuízo do fundo de pensão dos Correios foi de R$ 190 milhões 
Os carteiros brasileiros estão entre as vítimas do calote técnico da Argentina. O Postalis, fundo de pensão da categoria, viu um investimento de R$ 370 milhões registrar perdas de 51% porque estava aplicado em títulos da dívida do país vizinho. O investimento se deu por meio de um fundo operado pelo Bank of New York Mellon, que informou o prejuízo ontem em fato relevante. O Brasil Sovereign II Fundo de Investimento de Divida Externa - Fidex afirmou que deu baixa em ativos entre R$ 185 milhões e R$ 197,9 milhões ao fazer provisões para aplicações em títulos da dívida argentina. Contribuiu para a perda uma mudança no método de avaliação de investimentos, conforme a nota. 

As aplicações que levaram ao prejuízo são ativos estruturados com derivativos embutidos e prometem aos investidores ganhos maiores do que se obteria de títulos de dívida convencionais. Em troca, implicam riscos de maiores perdas em situações como um Default . 
Em nota na noite de ontem, o Postalis admitiu que é o único investidor do fundo, no qual fez aportes de R$ 370 milhões entre 2005 e 2008. Segundo a nota, o investimento previa a aplicação de ao menos 80% do valor em títulos da dívida pública externa brasileira, mas os títulos foram trocados por outros ligados à dívida argentina, à revelia do instituto e contra o regulamento do fundo . Ou seja, a entidade acusa o banco de operar o fundo de forma irregular. 
O Postalis diz que as perdas somam aproximadamente R$ 190 milhões e que já contratou advogados no Brasil e nos EUA para buscar uma solução. Na noite de ontem, após a nota do Postalis, O GLOBO entrou em contato, por e-mail, com a assessoria de comunicação do BNY Mellon, mas não recebeu resposta até o fechamento da edição. 
O fundo Brasil Sovereign II Fundo de Investimento de Dívida Externa - Fidex tem histórico problemático. Era gerido pela Atlântica Administração de Recursos. Em março de 2012, sua administração foi passada para o BNY Mellon. Em agosto daquele ano, a Securities and Exchange Commission (SEC, autoridade reguladora do mercado acionário dos EUA) processou o dono da Atlântica, Fabrizio Neves, por fraude ao sobretaxar os clientes em US$ 36 milhões usando taxas escondidas nas operações com notas estruturadas. A disputa foi encerrada em fevereiro deste ano. Procurado, Neves não respondeu aos e-mails.

O Postalis também fez investimentos ruins. O fundo aportou R$ 135,85 milhões no Banco BVA, que teve a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central em 2013. Do investimento, o Postalis só recuperou cerca de R$ 45 milhões. Em meados de 2013, o fundo de pensão tinha R$ 127,5 milhões em ações do grupo EBX, de Eike Batista, que passa por grave crise. 
Criado em 1981, o Postalis reúne 130 mil funcionários na ativa e aposentados dos Correios, com um patrimônio de R$ 8 bilhões. É o 14º maior fundo de pensão do país em ativos. A associação e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que regula o setor, não se manifestaram sobre o assunto. 
Fonte: O Globo (07/08/2014)

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