segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Fundos de Pensão: Quanto mais novos os planos, maior o nível dos resgates, o que pode ser preocupante aos participantes. Questão dos resgates parciais deve ser melhor estudada!


Uma pesquisa realizada pela Comissão Técnica Nacional de Atuária da Abrapp entre os planos de modalidade CV e CD mostrou que, quanto mais novos são os planos, maior é o nível de resgate dos participantes.

Se, por um lado, a liberdade de resgatar pode funcionar como uma ferramenta de adesão ao programa previdenciário, por outro, um nível excessivamente alto de saques pode resultar em um futuro sem saldo suficiente para cumprir com as obrigações.

"Planos estão sendo criados com uma flexibilidade maior, mas até que ponto essa flexibilidade é boa? Essa não é a melhor opção para o participante", diz Cleide Rocha, coordenadora da Comissão Técnica da Abrapp. Segundo a pesquisa, em média os participantes sacam em torno de 20% de seu saldo antes da aposentadoria, percentual considerado alto pela especialista. "Os planos de saúde têm aumentado acima da inflação, há um grande risco de inviabilizar o pagamento quando o assistido esgotar seu saldo de conta".

O uso do simulador foi citado pela coordenadora como uma possível ferramenta que ajude os participantes dos fundos de pensão a traçar um planejamento com um horizonte de prazo mais dilatado. Entretanto, pesquisa da Comissão Técnica Nacional de Seguridade com 240 mil participantes apontou que 65,5% deles nunca fizeram uma simulação dos benefícios previdenciários.

Além das contribuições mensais de empregado e empregador, Cleide entende que, caso na legislação houvesse a possibilidade de o resgate ser feito também nas contribuições esporádicas, mesmo que o participante não tivesse a intenção de fazer o saque efetivamente, isso poderia ajudar no aumento das contribuições por parte dos próprios participantes.

Futuro
Saques no presente, que interfiram no bem estar futuro, devem ganhar ainda mais atenção quando vemos os resultados de levantamento feito pela Mercer com aproximadamente 500 planos de previdência, que mostrou que os participantes esperam ter de 48% a 52% de sua renda atual no momento da aposentadoria; desse total, eles esperam que 20% provenha da Previdência Social, 13% do próprio trabalho acumulado, e de 15% a 19% de contribuições do empregador.

Geraldo Magela, diretor de negócios de previdência da Mercer, destaca que esse percentual pode ser ainda menor, em torno dos 35%, quando considerados os saques realizados ao longo dos anos. "90% dos participantes resgatam quando saem da empresa", nota o especialista.

Uma pesquisa com 11,5 mil aposentados realizada pela consultoria mostrou que 31% deles ainda trabalham, sendo que, desse grupo, 42% tem renda superior a R$ 10 mil. Desses 42%, 80% obtém uma renda mensal com o trabalho acima dos R$ 4 mil.

Uma simulação da Mercer demonstra com ainda mais clareza os riscos que saques prematuros podem trazer no longo prazo. De acordo com a consultoria, aquele funcionário que recebe até R$ 4 mil mensais, e faz uma contribuição de 5%, teria de elevar esse percentual para 8% para ter 120% de sua renda atual no momento da aposentadoria. Já para aqueles na faixa de renda 
de R$ 4 mil a R$ 10 mil, e que contribuem 10%, teriam de contribuir 19% para ter 100% do rendimento atual na aposentadoria.

"As despesas dos aposentados são maiores ou iguais de quando eles estavam na atividade. As pessoas vão ter que procurar outras atividades, como o trabalho, ou postergar a aposentadoria, ou poupar mais", fala Magela.

Fonte: Investidor Institucional (13/11/2014)

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