quarta-feira, 27 de maio de 2015

Fundos de Pensão: Postalis sugere à Previc acordo para suspender cobrança de equacionamento de déficit


Em busca de mais tempo para equacionar um rombo de R$ 5,6 bilhões, o fundo de pensão Postalis propôs à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) um termo de ajustamento de conduta para suspender temporariamente a cobrança de até 24,28% dos vencimentos dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Pela proposta, que teve anuência da estatal e compromisso de acompanhamento pelo Ministério das Comunicações, a suspensão do desconto em folha estaria garantida até abril de 2016. 

Enquanto isso, o desafio será buscar alternativas que suavizem essa cobrança. O desconto deveria ter começado nos salários de abril deste ano, pagos no último dia útil do mês, mas uma liminar em ação judicial movida pela Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) evitou a cobrança. A liminar foi derrubada pelo Postalis e o desconto em folha viria agora em maio. Está nas mãos da Previc aceitar ou não o termo proposto pelo fundo de pensão, que daria mais prazo ao equacionamento. 
"Vamos tentar buscar alternativas que não são fáceis de encontrar", diz o presidente da ECT, Wagner Pinheiro, que deu aval à proposta, mas vê com ceticismo a perspectiva de uma solução definitiva sem a cobrança dos empregados e assistidos. "Para ser sincero, eu não conheço alternativa possível", acrescenta, com a experiência de quem comandou a Petros entre 2003 e 2010. 
Ele considera alto o risco de que, em abril de 2016, o problema continue existindo da mesma forma. "Como patrocinadora [do Postalis], concordei em dar anuência ao TAC, diante do comprometimento financeiro dos trabalhadores. Mas ou o Tesouro Nacional aceita que a RTSA (Reserva de Tempo de Serviço Anterior) é de responsabilidade da patrocinadora, ou a Justiça determina isso, ou o resultado do Postalis em 2015 é maravilhoso. Sem isso, daqui a dez meses, estaremos tratando de um problema de magnitude idêntica", afirmou Pinheiro. "Trabalharei este ano todo, assim como tenho trabalhado até agora, em resolver um problema herdado de gestões anteriores." 

Para a maioria (61%) dos 71 mil participantes do plano BD do Postalis que estão na ativa, o desconto médio nos contracheques será de R$ 65,40. Cerca de 2,5 mil trabalhadores deverão pagar valores de R$ 879,45 ou acima disso. No limite, a cobrança chega a 24,28%. 
De acordo com a vice-presidente da Adcap, Inês Capelli, é grande a expectativa dos participantes com relação ao aval da Previc para o acordo. "Desde o início, temos dito que não nos negamos a pagar o equacionamento", ressalta Inês, para quem o peso da conta aos empregados e participantes já aposentados é excessivo. Ela questiona a gestão dos ativos pelo próprio Postalis. "O déficit atuarial existe, mas precisamos avaliar com propriedade o que realmente nos compete de tudo isso." 

Fonte: Valor (27/05/2015)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".