sexta-feira, 31 de julho de 2015

Fundos de Pensão: Conselho Deliberativo da Petros, controlado pela patrocinadora, aprova balanço financeiro de 2014 rejeitado pelo Conselho Fiscal, que é controlado pelos participantes


Depois de ter as contas rejeitadas pelo conselho fiscal na semana passada, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) conseguiu nesta quinta-feira, 30, ter seu balanço financeiro de 2014 aprovado. Em reunião extraordinária, o conselho de administração, com voto de minerva do presidente do órgão, Antonio Sérgio Oliveira Santana, sancionou o resultado, que corresponde a um déficit acumulado de R$ 6,2 bilhões. Uma rejeição do balanço da fundação teria efeito em cascata sobre a Petrobras, que também teria de revisar seu balanço do ano passado.
Em entrevista à reportagem, o presidente da Petros, Henrique Jäger, garantiu que, apesar do resultado negativo em 2014, o segundo consecutivo, as contas da fundação permanecem saudáveis. O executivo admite que será um "grande desafio" trazer o balanço para azul este ano de crise. A estratégia será pisar no freio e adotar uma linha mais conservadora nos investimentos, com ampliação da fatia aplicada em títulos públicos. Os investimentos em renda variável, atualmente em 53% do patrimônio, vão caminhar para baixo de 50% ao longo dos próximos cinco anos.
Entre os principais vilões do fraco desempenho em 2014 está uma redução de R$ 1,1 bilhão no valor de contabilização da fatia da Petros na Vale por conta da queda livre no preço do minério de ferro. Outro ponto que contribuiu com R$ 2,9 bilhões no déficit foi o reajuste dos benefícios de aposentados e pensionistas do Plano Petros Sistema Petrobras (PPSP) referente aos anos de 2004, 2005 e 2006 estabelecido no acordo coletivo de trabalho da estatal. Também foi provisionado cerca de R$ 650 milhões para ações judiciais referentes ao plano.

Os déficits acumulados pela Petros preocupam por conta da legislação atual do setor, que obriga um aporte adicional caso o fundo contabiliza três anos consecutivos de desempenho negativo. Segundo ele, esse é um tema que precisa ser rediscutido pela indústria. "Os fundos trabalham com um horizonte de longo prazo, mas são regulados por uma legislação de curto prazo", questionou. E completou: "O déficit é uma bandeira amarela, mas não se pode olhar só para ele, tem que se combinar com outros fatores.
Além dos desdobramentos da crise econômica, o resultado da fundação este ano deve ser influenciado negativamente também pelo imbróglio envolvendo a Sete Brasil, que já motivou uma desvalorização de 30% nas cotas dos acionistas. Jäger informa que o fundo está acompanhando com lupa a reestruturação da companhia, mas não pretende colocar mais dinheiro no ativo. "Não tem até o momento nenhum indicativo de novos aportes", revelou. A Petros detém 17% de participação no Fundo Sondas, criado para controlar a companhia.
"Nosso interesse é rentabilizar esse investimento. Essa é uma companhia muito atraente. Tem muita gente interessada nesse processo", afirmou o presidente, ao revelar que novos sócios não é uma estratégia descartada nesse momento de reestruturação.

Fonte: Estadão (31/07/2015)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".