terça-feira, 20 de outubro de 2015

Plano de Saúde: Quase meio milhão de brasileiros deixaram de contar com seus planos de saúde. No PAMA (Sistel) mais de 3 mil assistidos já perderam o plano de saúde e possivelmente igual número perderá em breve


O movimento é percebido pelas operadoras, que consideram, porém, se tratar mais de uma desaceleração
 

A crise econômica afetou a saúde, e quase meio milhão de brasileiros deixou de contar com a proteção de planos de assistência médica nos primeiros sete meses deste ano. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que o universo de 50,69 milhões de usuários registrado em janeiro foi encolhendo mês a mês e chegou em julho a 50,19 milhões. A queda inverte a curva de crescimento do setor nos últimos anos e acompanha o aumento do desemprego, sobretudo no mercado formal. Das 492 mil pessoas que ficaram sem plano ou seguro-saúde, a grande maioria tinha plano empresarial, aquele pago pelas companhias para seus funcionários.
 

O mercado de saúde suplementar tem registrado um avanço mais lento da base de beneficiários. Claro que uma das razões é o menor volume de contratação de planos empresariais, resultado da redução da atividade econômica. Mas a preocupação com a saúde faz com que as famílias mantenham os planos e seguros de saúde mesmo após episódios de desemprego ou queda de remuneração — pondera Marcio Coriolano, presidente da FenaSaúde, entidade que representa 24 seguradoras de saúde.
 
Faltam Planos Individuais
Mas, mesmo quando um trabalhador que ficou desempregado ou se aposentou faz um esforço para pagar um plano por conta própria, ele encontra obstáculo: contratar um plano individual é missão quase impossível. Hoje, menos de 20% dos segurados contam com essa modalidade (veja o infográfico com os tipos de plano de saúde).  

A oferta de planos individuais é quase inexistente, e o que existe é monopolizado por poucas empresas, que cobram caro pelo serviço — avalia Joana Cruz, advogada especialista em Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Uma pesquisa realizada pelo Idec nas 27 capitais, no fim do primeiro semestre deste ano, identificou que em cinco delas (Belo Horizonte, Salvador, Macapá, São Luís e Vitória) o consumidor não tem qualquer opção de plano individual com cobertura completa (ambulatorial, hospitalar e obstetrícia). Em outras 11 capitais (Rio Branco, Maceió, Manaus, Salvador, Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Belém, Boa Vista, Porto Alegre e Florianópolis), somente uma operadora — a Unimed — oferecia o serviço.


O agravante é que, quando o consumidor encontra essa opção, pesa demais no bolso. A mensalidade inicial média de um plano com abrangência nacional para um usuário na faixa dos 30 anos compromete 40% de sua renda média. Diante disso, ou a pessoa opta por pagar, ou usa particular quando precisa ou vai parar no SUS (Sistema Único de Saúde) — complementa Joana.
No Rio, a oferta também é escassa. Levantamento feito pelo GLOBO na última quinta-feira com as dez operadoras com o maior número de beneficiários da cidade — 70% dos clientes da capital — mostra que apenas três vendem planos individuais (Unimed-Rio, Assim e Grupo Cemeru). Para uma mulher de 45 anos, as mensalidades variaram entre R$ 454,29 e R$ 721,48. Amil, Bradesco Saúde, Golden Cross, Sul América Seguros, Memorial Saúde e Central Nacional Unimed não trabalham com a modalidade. As repórteres não conseguiram contato com a Notre Dame Intermédica, que está entre as dez maiores.

 
Foi por causa dessa dificuldade que o microempresário Ricardo Bahouth Kimaid se esforçou para manter o seguro-saúde da Sul América na categoria empresarial, que paga há cerca de dez anos. O contrato cobria três pessoas — ele, um dependente e uma funcionária. O problema é que, após a aposentadoria da empregada, ele ficou com apenas duas pessoas no plano, número insuficiente para caracterizar a modalidade empresarial. Kimaid descobriu, então, que a operadora não vendia planos individuais.

Se, após pagar por quase dez anos o plano de saúde como empresa, ela for diluída, eu fico descoberto, pois não há plano individual. Essa é mais uma das covardias que cometem com o cidadão, refém da inoperância e indiferença de nossos governantes. Isso porque, nos planos individuais, os aumentos giram em torno da inflação do período, já nos coletivos, o reajuste, que é livre, tem ficado muito maior, em torno dos 17% — reclama.
 
A SulAmérica informou que, por estratégia, não vende planos individuais desde 2004.
Segundo a advogada especialista na área de saúde Renata Vilhena, para as operadoras não é vantajoso trabalhar com planos individuais porque, ao contrário do que acontece nas modalidades coletivas, o reajuste é regulado pela ANS, que determina o percentual máximo de aumento. Este ano, foi de 13,55%, o maior da última década. Além disso, por ser um produto caro, em geral, quem paga os planos individuais são idosos ou pessoas com doenças crônicas, que usam muito os serviços, ou seja, custam caro para as operadoras.

 
O mercado suspendeu a venda de planos individuais para driblar a proteção legal e poder cobrar uma mensalidade maior. Além disso, manter a venda dessa modalidade de plano leva as operadoras a incorporarem em sua carteira grupos de risco, como pessoas idosas, que estão amparadas pelo rigor do limite dos reajustes e que usariam mais os serviços — diz a advogada.


Fonte: MSN (20/10/2015)

Nota da Redação: A crise não se restringe aos planos de saúde empresariais. 
Calcula-se que cerca de 3.000 usuários de baixa renda previdencial pertencentes ao Plano Assistencial PAMA (gerido pela Sistel) já desistiram ou foram excluídos por inadimplência nos últimos 3 anos devido tanto ao elevado percentual de coparticipação do plano (o que o tornou um plano de uso único), como aos reajustes abusivos das contribuições mensais do aditivo PCE daquele plano. 
Apesar deste número chocante e da revitalização do plano decidida pela Sistel, através dos superavits do plano PBS-A, nenhum deles poderá regressar ao plano, mesmo sabendo que a revitalização foi executada contando com superavits destes.
Pior ainda é a previsão feita por alguns analistas, que mantida a proporcionalidade atual entre a renda do benefício de assistido com as despesas com contribuições ao plano de saúde, outros 3.000 usuários de baixa renda previdencial podem se retirar do plano de saúde PAMA-PCE nos próximos meses.
Sem dúvida, é necessário repensar as decisões tomadas para que não se crie a injustiça generalizada. 

2 comentários:

  1. É um abuso!
    Plano de saúde, pouco tem a ver com saúde e muito tem a ver com negócio!
    A revitalização do PAMA, é um tremendo golpe! Os assistidos assumem o compromisso do custeio que é das patrocinadoras. Em troca quem foi excluído continua excluído e a administração do plano continua uma caixa preta! Os usuários de baixa renda devem ser orientados a entrar com ações em pequenos grupos!

    ResponderExcluir
  2. CONCORDO PLENAMENTE! UMA VERGONHA E OMISSÃO DOS DEMAIS COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS ASSISTIDOS! NA PRIVATIZAÇÃO JÁ FOI ASSIM, ESSA É MAIS UMA CONSEQUÊNCIA FUNESTA DO ENTREGUISMO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO! CERCA DE 90 MIL COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS FORAM JOGADO AS TRAÇAS. oS QUE SOBREVIVERAM ATÉ AGORA VÃO AMARGAR A VELHICE NAS FILAS INTERMINAVEIS DOS HOSPITAIS PÚBLICOS, QUE JÁ NÃO SUPORTAM A DEMANDA! CABE AOS CONSELHEIROS (CD E CF) PRINCIPALMENTE REVERTEREM ESSA SITUAÇÃO. E O COLETIVO COMO UM TODO TEM QUE REAGIR! VAMOS ACAMPAR EM FRENTE AOS CONGRESSO! OCUPAR AS SEDES DA SISTEL, TELEBRAS! SE NÃO CONTROLARMOS OS r%3.4 BILHÕES RAPIDINHO VÃO PARA O RALO!

    ResponderExcluir

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".