quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Plano de Saúde: Crise faz paciente trocar plano de saúde pelo SUS


Dados relativos ao uso do sistema estadual de saúde de São Paulo revelam que está aumentando, desde o ano passado, a pressão pela busca de atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde)

A avaliação do governo paulista é que a crise econômica estaria "empurrando" pacientes que perderam planos médicos para a rede pública de saúde. 
Todos os principais indicadores de ocupação e uso da estrutura estadual de atenção à saúde aumentaram: as internações cresceram de 809 mil, em 2013, para 841 mil, em 2014. A projeção da Secretaria Estadual da Saúde é que em 2015 o dado pule para 855 mil, incremento de 5,5% em relação ao ano retrasado. 
As cirurgias realizadas em hospitais do Estado também devem fechar 2015 com aumento de 5,5% em relação a 2013 e de 0,3% em relação a 2014. Embora os percentuais não pareçam altos, de acordo com a secretaria, em um sistema que já trabalha com muita demanda, os incrementos são "impactantes". 
Para o secretário David Uip (Saúde), a partir do primeiro trimestre de 2016, a situação tende a se agravar mais, uma vez que não há expectativa de melhoria breve das condições de crescimento da economia. 
"Com o aumento do desemprego, as pessoas perderam seus planos de saúde coletivos e não têm condições de arcar com um plano individual, indo parar no SUS. Infelizmente, a situação vai piorar bastante com o cenário atual", diz Uip. 
Ainda de acordo com o secretário, a valorização do dólar também vai ter impacto nas contas do ano que vem. 
"Trabalhamos com planejamento antecipado de demanda e orçamento e 2016 será extremamente complicado. Os recursos vão ficar muito mais escassos uma vez que fizemos investimentos e contraímos empréstimos em dólar. Vários dos insumos que utilizamos também são cotados em dólar, que dobrou de valor nos últimos meses." 

Desemprego 
A taxa de desemprego subiu para 8,9% no terceiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE. No mesmo trimestre de 2014, foi de 6,8%. 
A crise financeira vivida pelos hospitais filantrópicos, como as santas casas, também é fator considerado pela secretaria no aumento da demanda pelo SUS. 
"Estamos tentando absorver gente que vem de todos os lados, até do hospital São Paulo, que é federal e que, assim mesmo, colocamos recursos do Estado. A tendência é superlotar as AMEs (Atendimento Médico Especializado)e os prontos-socorros." 
A dona de casa Thaís Marinho dos Santos Veiga, 28, está sem plano de saúde para ela e para a família há quatro meses, porque não consegue mais pagar as mensalidades. Com um bebê de nove meses, ela tem tido de peregrinar pela rede pública. 
"No convênio, para marcar uma consulta com um pediatra era bem rápido. Agora, tenho tido dificuldade, mesmo se acordar de madrugada para tentar uma vaga. Já em outros serviços, como pronto-socorro, o atendimento é bom, apesar de tudo estar sempre cheio", declara. 
Segundo o secretário Davi Uip, é natural que haja um estranhamento de quem esteja chegando agora na rede pública de saúde. 
"Obviamente, essas pessoas têm um nível de exigência maior e vão nos pressionar mais. Vamos apanhar com a queda de qualidade, mas vamos continuar atendendo. Mudanças estruturais estão em curso, mas todas as medidas estão se esgotando." 
Segundo o secretário, será necessário o enfrentamento de uma questão "cultural" para aliviar um pouco as demandas do sistema. 
"O cidadão ainda não tem o hábito de procurar as unidades básicas de saúde e de se vincular aos programas de prevenção. Ele só procura a emergência. Em 81% dos casos, quem está em um PS tinha de estar em um hospital, em uma AME."

Fonte: Folhapress (09/12/2015)

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