sábado, 23 de janeiro de 2016

Fundos de Pensão: Valia (Vale) fecha ano de 2015 com nono superavit (11,37%)


Na contramão dos resultados de grandes fundos de pensão brasileiros, a Valia, que reúne funcionários da Vale, apresentou em 2015 seu nono ano consecutivo de superávit. O balanço do ano passado ainda precisa da aprovação do conselho deliberativo, mas conforme dados preliminares, a rentabilidade consolidada do fundo de pensão foi de 11,37%, pouco acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

Os resultados positivos não foram suficientes, pelo terceiro ano seguido, para que a Valia batesse a meta atuarial, de 16,56% (INPC + 4,75%) em 2015.
Mas a presidente da Valia, Maria Gurgel, ressalta que os fundos de pensão possuem horizonte de longo prazo e, quando se olha os resultados nesse contexto, a situação é bastante confortável.
No acumulado de 15 anos, em dados consolidados, o fundo tem rentabilidade média anual de 17,3%, superior aos benchmarks de meta atuarial (13,20%); CDI (13,64%) e Ibovespa (7,21%).
“Os últimos três anos têm sido difíceis para os investimentos por uma situação conjuntural, com inflação em alta e bolsa em baixa. A meta de curto prazo é algo que perseguimos, estamos atentos a ela, mas nossa situação é confortável”, afirma Maria.

Ainda conforme dados preliminares, o patrimônio da Valia fechou 2015 em R$ 19,5 bilhões. São 120 mil participantes, 99 mil ativos. O maior fundo é o de benefício definido (BD) com R$ 10,9 bilhões. Fechado desde 2000, ele distribui, há oito anos, superávits que somam R$ 2 bilhões. Isso equivale dizer que os participantes, além dos 13 benefícios anuais (janeiro a dezembro e 13º salário), receberam mais 57, uma média de 6,33 benefícios extras ao ano.
Mesmo com a distribuição bilionária, o plano BD tem 127% de cobertura, ou seja, uma solvência bastante acima do necessário para cobrir o passivo.
Depois da aprovação do balanço de 2015, quando tiver o valor exato do superávit, a Valia vai definir como será a distribuição deste ano, já sob a mudança nas regras de equalização dos planos, que incluiu as características de solvência e “duration” de cada um na conta. “Ainda estamos estudando as novas regras para definirmos o que fazer. Desde 2008 pagamos 25% a mais no benefício e em alguns anos distribuímos bônus extras. Mas sempre discutimos essa distribuição com a associação dos participantes e o sindicato

Temos um grupo de estudos com representantes de todos, formado para tratar disso”, afirma Maria.
A estratégia desses últimos anos foi aumentar a exposição a títulos de renda fixa, em função da alta dos juros e da inflação, além de reduzir a participação em renda variável. Historicamente, a Valia operava com cerca de 25% do patrimônio em ações, mas em 2015 esse percentual caiu para 4%; ante 12% em 2014, e 17% em 2013. Não há mais participação relevante em ações da Vale, que têm machucado o resultado de algumas fundações. Apenas por meio de fundos passivos, atrelados ao Ibovespa.
Maria afirma que os investimentos em renda variável foram essenciais para que o fundo BD pudesse distribuir superávits nos últimos anos. “Somente com a renda fixa, não teríamos obtido esse resultado”, diz. Ela espera que a bolsa recupere o papel de diversificação de investimentos.

No acumulado de 15 anos, além da renda variável, que rendeu em média 18,91% ao ano, outros dois investimentos deram mais retorno para a Valia do que os 16,25% da renda fixa. Os empréstimos a participantes (18%), que representam 5% do patrimônio do fundo; e os imóveis, 10 empreendimentos comerciais no Rio e em São Paulo alugados, que renderam 19% em média ao ano e eram 6% do fundo.
Maria atribui os bons resultados aos sistemas de gestão e qualificação da equipe e a uma governança robusta e estruturada. A Valia fez uma baixa contábil do investimento na Sete Brasil, única operação que gera estresse entre seus participantes. A rentabilidade de 11,37% em 2015 já leva em conta essa baixa.
“À época em que o investimento foi feito, em 2010, o cenário era favorável à indústria de óleo e gás, houve participação dos principais bancos, BNDES e demanda da Petrobras. O que aconteceu com a petroleira foi totalmente imponderável”, diz. O investimento da Valia na Sete foi de R$ 200 milhões.
Para este ano, a estratégia focada em renda fixa está mantida, mas a equipe está atenta a mudanças de cenário. Dos R$ 10,9 bilhões do plano BD, 13% está em caixa, disponível para oportunidades de investimento de acordo com a política do fundo.

Fonte: SOS Petros (23/01/2016)

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