quarta-feira, 16 de março de 2016

TIC: Endividada e em crise, Oi entra na mira de ‘fundos abutres’


As discussões em torno do futuro da Oi podem resultar na entrada de um “fundo abutre" na companhia. É que os acionistas portugueses da tele carioca estão em conversas com o fundo americano Cerberus Capital Management, um dos maiores dos Estados Unidos e famoso por investir em empresas que atravessam momentos de crise, estratégia usada pelos “fundos abutres”. 
De acordo com fontes a par das negociações, a proposta, que ainda está sendo desenhada, pode envolver a compra das ações da fatia dos portugueses na Oi e até um possível aumento de capital, passo considerado vital para reduzir o atual nível de endividamento da Oi, de R$ 37,2 bilhões.
O Cerberus administra mais de US$ 29 bilhões em ativos em rodo o mundo. Recentemente, comprou fatia da Avon no Estados Unidos e, no Brasil, chegou a ser apontado pelo mercado como um dos interessados na compra da Recovery, empresa de recuperação de crédito, que era controlada pelo banco BTG Pactual.

Desde meados do ano passado, a RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, que já foi presidente da Brasil Telecom (Brt) — concessionária comprada pela Oi em 2008—, fechou parceria com o Cerberus para buscar oportunidades para o fundo no Brasil. A notícia foi antecipada pelo colunista Ancelmo Gois em sua coluna no dia 2 de dezembro de 2015.

Proposta será apresentada ao Conselho
Os acionistas portugueses da Oi estão reunidos na empresa Pharol (a antiga holding controladora da Portugal Telecom), que tem entre os sócios Novo Banco, Banco Comercial Português, Grupo Visabeira, Norges Bank, além da Oi. Segundo fontes, o grupo de acionistas “está correndo por fora” para tentar propor ao Conselho de Administração da Oi uma proposta de salvamento da operadora que não precise passar pela renegociação com credores. Ao mesmo tempo, a Oi anunciou semana passada a contratação da empresa americana PJT para reestruturar a dívida. Segundo fontes, a ideia é negociar com os credores a troca da dívida por ações com deságio que pode ficar entre 70% e 80%.
— Esse grupo de acionistas está correndo por fora. E as conversas estão ocorrendo com o Cerberus. A ideia é apresentar uma proposta para o conselho. Está sendo desenhada a compra de ações e um aumento de capital, como nos moldes do que estava sendo elaborado com o fundo LetterOne, que acabou não acontecendo. Mas ainda não se sabe de quanto poderia ser essa injeção de recursos e se outros fundos abutres, como o Elliot, que ficou famoso em razão da crise envolvendo a Argentina, poderiam entrar. É isso que está sendo negociado — disse uma das fontes.

Segundo fonte a par das negociações, a entrada do “fundo abutre” Ceberus seria mais “atraente”, pois evitaria o longo — e desgastante — caminho da reestruturação da dívida com os credores.
— Nada impede que os dois caminhos sigam em paralelo para que os acionistas possam avaliar qual o melhor desenho a adotar, considerando riscos, ganhos e perdas. De qualquer forma, o Conselho de Administração é que vai decidir.
Essa fonte observou que o objetivo do Cerberus é ser um “investidor” de referência na Oi, já que a companhia tem capital pulverizado, sem um controlador definido. E hoje é a Pharol que tem a maior parte das ações, com cerca de 22% do total, apesar de ter seu poder de voto limitado a 15%. Em seguida aparece o fundo de pensão dos professores de Ontario, com 4,77% das ações totais, o BNDESPar, braço de participação acionárias do banco de fomento, com uma fatia de 4,63%, e a gestora BlackRock, com 0,96% do total das ações. Os fundos de pensão Previ (do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras), Funcef (da Caixa) não têm mais participações relevantes, assim como Andrade Gutierrez e La Fonte, os antigos controladores.

Objetivo é ser acionista de referência
A Pharol é dona de quatro dos 11 assentos no Conselho de Administração da Oi, o que lhe confere influência e poder de decisão.
— Certamente o Cerberus só vai entrar se tiver a garantia de que vai dar as cartas na gestão. Outro trunfo do fundo é que ele também pode refinanciar a dívida da companhia, já que atua nesse segmento nos EUA. O fundo do Ricardo K pode entrar como investidor e tocar a reestruturação após a entrada do fundo. Mas, de qualquer forma, o Cerberus sempre será o maior acionista em qualquer parceria — disse uma fonte.
As duas alternativas estão hoje correndo em paralelo e acontecem após a fracassada tentativa de fusão com a rival TIM, empresa controlada pela Telecom Italia. A Oi havia acordado com o fundo de investimento LetterOne, do bilionário russo Mikhail Fridman, um aporte de até US$ 4 bilhões para permitir a união com a TIM. Porém, o plano fracassou quando a Telecom Italia informou ao fundo que não tinha interesse na fusão.

— O LetterOne queria a gestão da Oi, assim como a Telecom Italia. Por isso, esse acordo não prosperou. A ideia seria aumentar o capital da Oi e, com isso, absorver a TIM. Com as duas empresas somadas, a alavancagem seria reduzida apenas com as sinergias. Agora, o Cerberus comprar a parte dos portugueses não resolve o problema da Oi. É preciso mais — destacou uma das fontes.
Enquanto não resolve o endividamento, a Oi investe numa pesada reestruturação desde o fim de 2014, com o corte de custos, redução de funcionários e foco na convergência de produtos para os clientes. Na próxima semana, a companhia vai divulgar seus resultados fechados do ano passado. Segundo analistas, a empresa deve sofrer ainda mais com os rebaixamentos de sua nota de crédito promovidos na semana passada pelas agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch.
— A situação financeira da Oi está se deteriorando. A empresa tem que resolver o mais rápido possível sua situação. Porém, a conversa entre a Pharol e o Cerberus é apenas um pedaço. É preciso o aval dos outros sócios — destacou a fonte.
Procurada, a Pharol não respondeu. Os fundos Cerberus Capital Management e Elliot também não se pronunciaram, assim como a Oi.

Fonte: Extra (16/03/2016)



Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/economia/endividada-em-crise-oi-entra-na-mira-de-fundos-abutres-18885315.html#ixzz435AStF6B

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