sexta-feira, 13 de maio de 2016

TIC: Perda trimestral da Oi sobe quatro vezes, para R$ 1,67 bi


 A operadora de telecomunicações Oi registrou prejuízo acima do esperado no primeiro trimestre, apesar do controle de custos e de receitas em linha com as expectativas de analistas. No primeiro balanço desde que reformulou os planos de tarifas, para igualar o valor das ligações realizadas dentro e fora de sua rede e ampliar a oferta de dados, a empresa mostrou resultados iniciais positivos, mas que acabaram ofuscados pela preocupação do mercado com seu crescente endividamento. As ações da companhia fecharam o pregão de ontem em queda de 2,80%.  

O prejuízo líquido consolidado, atribuível aos acionistas controladores, totalizou R$ 1,67 bilhão até março, um aumento de quatro vezes (316%) sobre as perdas de R$ 401 milhões do mesmo intervalo em 2015. A piora decorreu principalmente das perdas no resultado financeiro.  

O relatório de resultados da companhia foi publicado ontem com uma ênfase e uma ressalva da KPMG, que auditou os números. Na ênfase, a auditoria destacou que, se o plano de melhora do perfil de endividamento não prosperar, há "incerteza significativa que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade dos negócios da companhia." O auditor fez uma ressalva em relação à política contábil adotada para a incorporação da acionista Telemar Participações, que reduziu o prejuízo em R$ 34,5 milhões.  

A Oi está em uma luta contra o tempo para reestruturar seu perfil de endividamento. Sua dívida bruta somava R$ 49,37 bilhões no fim de março, 10,2% menos que nos últimos três meses de 2015, mas a dívida líquida avançou 6,5%, para R$ 40,8 milhões, na mesma base de comparação. A companhia tem vencimentos de R$ 8,3 bilhões neste ano, pouco menos que os R$ 8,5 bilhões em caixa. Quase 70% da dívida está nas mãos do mercado de capitais internacional.  

O processo de reestruturação tem duas vertentes. De um lado, a PJT Partners auxilia a companhia na negociação com detentores de bonds. De outro, a assessoria financeira Moelis & Co representa um grupo de credores internacionais. Estima-se que entre 15% e 20% das obrigações externas da Oi dependam das conversas com a Moelis. Por acordo de confidencialidade, a Oi tem sido sucinta em seus comentários sobre o andamento do processo. O presidente da Oi, Bayard Gontijo, disse ontem, durante teleconferência com analistas sobre o balanço, que as conversas tem sido produtivas e, em breve, será anunciado o plano de reestruturação.  

Além do plano, medidas regulatórias também podem trazer certo alívio para a situação da empresa, disse Gontijo. O primeiro conjunto de projetos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no valor de R$ 1,2 bilhão, está em fase final no processo de aprovação pelo conselho diretor da Anatel. Os acordos preveem que a operadora converta valores de multas em investimentos de interesse público.   
"Esperamos que, uma vez que o primeiro TAC seja aprovado, os outros progredirão de forma mais rápida", disse o presidente. A Oi calcula que poderá substituir cerca de R$ 5 bilhões em passivos de multas por investimentos em infraestrutura e benefícios aos usuários nos próximos anos, caso os outros TACs também sejam aprovados.  

A operadora acredita também que o governo deverá rever os contratos de concessão do setor ainda em 2016. "Queremos que o modelo seja atualizado para servir melhor a sociedade e mitigar a assimetria em relação à concorrência", afirmou Gontijo.  Em relatórios aos seus clientes, analistas de bancos se disseram preocupados com o endividamento da companhia. Segundo o UBS, a Oi está otimista em relação aos termos regulatórios, mas o cronograma das medidas finais ainda não está definido. 

O Citi destacou o aumento da alavancagem e a aproximação do vencimento das dívidas. Lucio Aldworth, analista do banco, afirmou que a Oi queimou R$ 8,9 bilhões de caixa no trimestre, o que pode antecipar possível problemas de liquidez.  No balanço, a Oi informou que a receita líquida atingiu R$ 6,7 bilhões entre janeiro e março deste ano, queda de 4% em bases anuais. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 12,2%, para R$ 1,77 bilhão. A média de projeções dos analistas de Credit Suisse, UBS, Itaú BBA e Morgan Stanley indicava prejuízo de R$ 604,5 milhões, receita de R$ 6,61 bilhões e Ebitda de R$ 1,83 bilhão.  

A Oi teve perda financeira líquida de R$ 1,9 bilhão no trimestre, 50% maior na comparação anual. O resultado cambial líquido subiu cinco vezes, para uma perda de R$ 730 milhões.  A empresa atribuiu a queda da receita à recessão no Brasil, à queda do valor das tarifas de interconexão e à terceirização da venda de aparelhos. No segmento residencial, a redução foi de 3,9%, para R$ 2,4 bilhões, e de 4,2% em mobilidade pessoal, para R$ 1,97 bilhão. Nas vendas para empresas, houve avanço de 2,3%, a R$ 2 bilhões. A receita média por usuário (Arpu) subiu 4,2% no residencial e 6,7% no segmento móvel, excluída a receita de interconexão, depois do lançamentos dos novos planos e dos esforços para rentabilizar a base.  

Em nome do plano de redução de custos, a empresa anunciou nesta semana a demissão de 2 mil funcionários, estimando reduzir a despesa com pessoal em até 20% nos próximos trimestres.  Os resultados foram os primeiros a refletir a adesão dos clientes da Oi a novos planos de tarifas, tanto na telefonia móvel como residencial. Segundo a empresa, os resultados são positivos e devem se fortalecer no decorrer do ano. O Oi Livre, lançado em novembro, com tarifas iguais para clientes da Oi e de outras operadoras, correspondeu a 33% da base de clientes pré-pagos no trimestre, com alta de 18,9% das recargas.

Fonte: Valor (13/05/2016)

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