quarta-feira, 16 de novembro de 2016

TIC: Governo busca no exterior operadores e fundos interessados em comprar Oi


O governo quer atrair novos acionistas para disputar o controle da Oi, empresa que está em recuperação judicial. Para isso, tem estimulado consultores com trânsito internacional a buscar novos operadores de telefonia e fundos especializados em comunicações interessados em investir na Oi a longo prazo. 
Com isso, uma solução para a empresa não ficará limitada aos investidores que hoje disputam o controle da companhia, que tem uma dívida de mais de R$ 65 bilhões. 
Essa opção é necessária caso as negociações em curso entre o bilionário egípcio Naguib Sawiris, do grupo Orascom, e os credores da Oi não deem certo. O governo considera que a entrada da Orascom é uma solução de mercado, mas, devido às exigências do empresário egípcio, quer ter um plano B.
 
A pedido do governo, o trabalho dos consultores é atrair operadores de telecomunicações de porte, especialmente aqueles que já atuem em locais com perfil de clientes similares ao Brasil, como África do Sul, Índia e China. Não se descartam fundos de investimento especializados em empresas de comunicações. 

Quando procuram os investidores, esses consultores se apresentam como agentes de mercado com interlocução no governo em busca de uma solução para a companhia. A Folha confirmou a atuação desses consultores com fontes envolvidas nessa operação, que só falaram sob a condição de anonimato. 
Como revelou a Folha na segunda (7), o governo tem tantas dúvidas sobre o futuro da Oi que já preparou uma medida provisória para intervir plenamente na empresa -tanto na concessão (telefonia fixa) quanto nos demais serviços (celular, internet e TV). Caso seja decretada, a Anatel terá poder para destituir a diretoria da Oi e vender a companhia. 
Embora guarde a MP como uma carta na manga pressionando para que sócios e credores se entendam, o governo acredita que a intervenção será a única forma de evitar a falência da companhia. 
Há dúvidas de que os atuais sócios da operadora, particularmente Nelson Tanure, do fundo Société Mondiale, e os portugueses da Pharol, tenham fôlego financeiro para continuar investindo na empresa. 

Abutres 
Os fundos que se apresentaram também não têm perfil de investimento de longo prazo. São conhecidos como "abutres" porque investem para que a empresa em dificuldades possa ser apresentada a outros compradores e depois ganhar com o negócio. 
Para o governo, a Oi é estratégica e não pode ser submetida a esse tipo de investidor. Uma das preocupações é que ela seja depois vendida em pedaços. 
A Oi é a maior concessionária do país em cobertura. Graças à dimensão de sua rede, "empresta" suas conexões às demais concorrentes para que as chamadas fixas e móveis sejam completadas em todo o território nacional. Dados da Anatel mostram que mais de 60% das chamadas do país passam pela rede da Oi. 
Outro motivo para estimular consultores a buscar grupos de peso para a empresa é que não haverá dinheiro público a mais para a operadora. Desde sua criação, a Oi foi a operadora que mais consumiu recursos do BNDES para investimentos e de fundos de pensão de estatais. 

Fonte: Folha de SP (12/11/2016)

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