quinta-feira, 3 de novembro de 2016

TIC: Governo já mapeou oito grupos interessados na Oi


Em recuperação judicial, a Oi está sendo cobiçada por oito grupos de investidores estrangeiros que pelo menos desde maio conversam com o governo federal sobre o futuro da companhia. No momento, as conversas estão mais avançadas com o empresário egípcio Naguib Sawiris, segundo apurou o Valor. A dívida declarada da Oi é de R$ 65,4 bilhões. De acordo com fontes governamentais, o grupo que ficar com a operadora terá também de assumir o passivo. 
Sawiris é o segundo homem mais rico do Egito, com fortuna estimada em US$ 3 bilhões, segundo ranking da Forbes; o primeiro é seu irmão Nassef Sawiris, com US$ 3,7 bilhões. Naguib controla a Orascom Telecom Media and Technology Holding e está associado ao banco Moelis, que representa um grupo de credores internacionais da Oi. 
Naguib Sawiris sonda o mercado brasileiro há tempos. Em 2007 ele divulgou que havia feito uma proposta pela Brasil Telecom, mas acabou perdendo o negócio para a Oi. Sete anos depois, em 2014, interessou-se pela TIM Brasil.


 
As oito interessadas na Oi, incluindo empresas russas e americanas, entre outras, fizeram as primeiras sondagens logo no início do governo Temer, ainda no período da interinidade. Diante da instabilidade do quadro político, as interessadas desaceleraram as conversas, à espera da definição do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que só foi confirmado em agosto. 
Com a legitimidade do novo governo posta em dúvida, os executivos decidiram esperar para ver o que acontecia com a PEC 241, que limita os gastos do governo, para ter certeza de que Michel Temer conseguiria se estabilizar politicamente. As conversas se intensificaram tão logo a PEC passou em dois turnos pela Câmara dos Deputados. Àquela altura, o grupo egípcio já parecia se descolar dos demais na corrida para assumir a Oi. 

 
Um novo incidente de percurso leva incerteza à negociação, neste momento, mas ela não foi paralisada: a entrada no jogo do empresário Nelson Tanure, que adquiriu uma fatia acionária da Oi. Em setembro, Tanure indicou dois nomes para cadeiras no conselho de administração da tele. As vagas seriam ocupadas por duas figuras conhecidas no mercado brasileiro: o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa e Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES. 
As negociações são acompanhadas de perto pelo governo, um dos principais credores da Oi por meio de BNDES, Caixa, Banco do Brasil e da Anatel. A agência reguladora tenta na Justiça cobrar da Oi - fora da recuperação judicial - um passivo estimado pela própria Anatel em R$ 20 bilhões, que incluiria não só multas mas também dívidas tributárias e outras pendências financeiras. A Oi, por sua vez, estima em R$ 11 bilhões o valor das multas devidas à Anatel. 

 
Na semana passada, representantes do grupo egípcio e do fundo americano Elliot estiveram em peregrinação por Brasília para falar da Oi com autoridades brasileiras. 
Nas conversas, o governo informou que não poupará esforços para abrir caminho a uma "solução de mercado", mas que não há condições de oferecer ajuda financeira, nem na forma de perdão de dívidas. No início de outubro, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, comandou a primeira reunião do grupo de trabalho criado pelo governo para encontrar a melhor estratégia de negociação dos créditos detidos pelas instituições públicas com a Oi no processo de recuperação judicial. 
Os investidores apontam outras dúvidas que impedem o arremate da negociação com a Oi. Uma delas é a liberação da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da tele com a Anatel, que permitiria a troca de multas bilionárias por investimentos. E outra, a aprovação do Projeto de Lei 3.453/2015, de autoria do deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), que põe fim às obrigações com telefonia fixa até 2024 e permite a migração do regime de concessão para o de autorização. 


Fonte: Valor (03/11/2016)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".