segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

INSS: Alem e prejudicar trabalhadores, reforma da previdência eleva custo de empresa que oferece benefício


As mudanças anunciadas para a Previdência Social vão provocar impacto também nas empresas que oferecem planos de previdência privada aos seus funcionários. É o que aponta a última pesquisa de benefícios da consultoria Aon. 

O estudo, que ouviu 423 empresas, revela que poucas usam o critério de 65 anos - idade mínima prevista na proposta do governo para a concessão da aposentadoria - para que os beneficiários possam se aposentar também nos planos de previdência privada que oferecem.
 
"Essa possível mudança nas regras da Previdência Social deve provocar ajustes na política de recursos humanos das empresas privadas. O aumento da idade mínima para a aposentadoria ampliaria o prazo de contribuição das empresas que hoje garantem o benefício aos funcionários quando completarem 60 anos. Haverá impacto nos gastos que ela terá para garantir o benefício aos empregados", diz Roberta Porcel, gerente de previdência e serviços atuariais da Aon no Brasil.

Das 423 empresas que participaram da pesquisa da Aon apenas 171 oferecem plano de previdência privada aos colaboradores. Dessas, 26 (6%) adotam a idade mínima de 65 anos para que o participante tenha direito a se aposentar pela previdência privada. Outras 136 empresas usam a idade mínima de 60 anos e nove permitem que o empregado tenha direito ao benefício ao completa 62 anos. 
A sinalização do governo de aumentar a idade mínima para a concessão da aposentadoria pelo sistema de Previdência Social deve se refletir também nos seguros de saúde oferecidos pelas empresas a seus funcionários. A empresa que adotar as mudanças terá cinco anos a mais de despesas com sinistralidade, o que significa que, assim como os planos de previdência, os de assistência médica vão ficar mais caros para as companhias. Esse é o lado negativo. "Cada ano a mais de idade do empregado representa um gasto adicional de 3% da empresa só com os planos de assistência médica", afirma Roberta Porcel, da Aon no Brasil. 

 
O lado positivo é que a empresa terá mais um atrativo para reter os melhores talentos. Hoje, segundo avaliação da consultoria, pessoas com 60 anos de idade estão mais aptas a continuar no mercado de trabalho do que estariam décadas atrás. Algumas empresas já começaram a rever a idade mínima para a concessão da aposentadoria privada por causa da prática do mercado de manter os melhores quadros não apenas com maiores salários, mas também com políticas mais atraentes de benefícios. 

 
"As empresas têm interesse em reter com pessoas com mais de 60 anos. Isso depende, claro, da posição estratégica do funcionário na estrutura da organização. Para o chão de fábrica a retenção não interessa tanto, mas para os servidores com cargo em comitê executivo, por exemplo, o interesse em mantê-los na ativa por mais tempo é uma opção clara das empresas", diz Roberta Porcel, da Aon no Brasil. 
A recomendação da Aon é que as empresas que ainda adotam uma idade limite para a concessão do benefício inferior aos 65 anos propostos pela reforma da Previdência Social do governo federal planejem, com a ajuda de consultorias especializadas, as alterações necessárias para atuar com um quadro de funcionários em uma faixa etária mais ampla.


Fonte: Valor (12/12/2016)

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