quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Previdência: Com risco de viver mais, brasileiro está se tornando mais consciente da necessidade de ser proativo quanto à aposentadoria


A população brasileira anda preocupada, e com razão. Segundo o IBGE, passamos de uma expectativa de vida, ao nascer, de 53 anos, em 1970, para 75, em 2015. Porém, o aumento do déficit fiscal e a forte recessão econômica dos últimos anos transformaram o que deveria ser motivo de comemoração — o aumento da longevidade — em sentimento de insegurança financeira quanto ao futuro.


Sob o peso desses fatores, o sistema previdenciário público se tornou pouco viável, pois implica despesas crescentes sem contrapartida de receitas em igual expansão. O reequilíbrio desta conta envolve medidas pouco palatáveis e sentidas, como a redução do volume de aposentadorias e pensões ou a obrigação de trabalhar — e contribuir — por mais tempo, ou ainda uma combinação de ambas.

Há a alternativa da previdência complementar aberta em que o contribuinte pode formar patrimônio — a partir de um sistema de acumulação com benefícios fiscais — e garantir o reforço de renda à aposentadoria estatal na fase de inatividade. Contudo, é opção para os que têm capacidade de poupar, e aí reside o cerne da questão: implica mudança de hábitos, processo geralmente lento. Mas pode ocorrer em ambientes instáveis, principalmente diante do risco de queda significativa de padrões de vida.

A crescente arrecadação à previdência privada aberta indica essa tendência, ou seja, o brasileiro está se tornando mais consciente da necessidade de ser proativo quanto à aposentadoria. De fato, as contribuições a tais planos de previdência passaram de R$ 19 bilhões, em 2004 (0,9% do PIB), para R$ 84 bilhões, em 2014 (1,5% do PIB).

Mesmo no ambiente recessivo, a arrecadação teve forte crescimento real (por cima da inflação) de 8,5%, em 2015 sobre 2014, e de 8,1%, em 2016 ante 2015 (até novembro). Recursos captados pela previdência privada aberta, a de livre escolha dos participantes, constituíam valores irrisórios nos anos 90. Hoje, representam o dobro dos destinados à previdência privada fechada — fundos de pensão de empresas e organizações.

Não optar pelo reforço propiciado pela previdência complementar é uma aposta arriscada, até para os participantes dos regimes próprios e generosos do setor público, em comparação com o regime geral, o INSS. Isto porque todos estão no barco estatal, e a garoa que se aproxima bem pode virar procela com respingos generalizados.

Mas se a decisão for recorrer à previdência privada aberta, é fundamental se informar. O participante deve entender seu perfil de risco, que determina o tipo de fundo previdenciário a ser escolhido, e estar preparado para manter a aplicação em longo prazo, pois só assim é que maturam os ganhos decorrentes dos benefícios fiscais.

Portanto, não se deve fazer tal aplicação se a intenção é mexer no dinheiro meses depois. Infelizmente, nem sempre tais regras são seguidas. Então, é como diz o ditado: “ouça a voz da experiência”. Na dúvida sobre como lidar com seu dinheiro e as normas vigentes, recorra a quem sabe. Afinal, diz outra máxima, “seguro morreu de velho”.

Fonte: O Globo (11/01/2017)

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