quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Fundos de Pensão: Dilema se repete a cada migração entre planos. BD tem meta atuarial e pensões garantidas, ja' no CD riscos são só dos poupadores


Um dos meus livros de investimentos preferidos de todos os tempos é “Triumph of the Optimists”, de Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton. Gigantesca obra de história financeira, que abrange os retornos das bolsas mundiais no século XX, seu título provém da ideia de que, em última análise, os otimistas venceram. As pessoas da década de 1950 teriam ficado impressionadas de ver o quanto o mundo se desenvolveu até 2000, e isso se refletiu nos enormes retornos gerados pelos mercados de capitais.

Infelizmente, os anos transcorridos desde a virada do milênio assistiram à vitória dos pessimistas. O motivo de preocupação é a possibilidade de eles ainda não estarem suficientemente pessimistas.

A S&P Global acaba de publicar sua habitual análise dos planos de pensão corporativos administrados pelas empresas americanas arroladas em seu índice S&P 500. Como parte de sua contabilidade, os planos de benefícios definidos têm de ter uma meta atuarial de retorno. Quanto maior for a meta atuarial, mais fácil será parecer solvente. Quanto mais baixa for a meta atuarial, mais prudente ou pessimista.

Desde a virada do século, quando Dimson, Marsh e Staunton escreveram sobre a ascensão dos otimistas, os pessimistas fizeram constantes avanços. Em todos os anos deste milênio ainda novo, as metas de retorno dos fundos pensão caíram – de 9,2% em 2000 para 6,5% ao ano.

Dados oficiais mostram que as pensões públicas nos Estados Unidos – que tendem a enfrentar um problema maior que os planos da iniciativa privada devido ao subfinanciamento – estão mais otimistas. Elas assumem que os retornos nominais se manterão em nada menos que 7,56%. Pelo fato de suas projeções para a inflação terem caído mais rapidamente do que seus retornos projetados, suas taxas reais previstas de retorno subiram para 4,6%.

Com o alto preço das ações, e a tendência de um mercado baixista para os bônus, será que um retorno real de 4,6% é realista?

Projetar retornos futuros é imensamente complicado, mas mesmo esse retorno parece otimista. Por exemplo, a AQR publica projeções regulares para um período de cinco a dez anos de retornos, e prevê retornos reais de 4% para as ações americanas e de 4,7% para os mercados emergentes. Outros ativos deverão ter desempenhos mais fracos, segundo essas estimativas.

O problema da alocação de ativos atualmente não permite invejar os gestores de fundos de pensão. Desde a crise, o padrão tem sido migrar das ações (o que significa perder as vantagens de seu sólido desempenho) para os bônus (que facilitam o cumprimento dos compromissos financeiros) e para ativos alternativos (o que significa que gestores de fundos hedge e de private equity encontraram uma ótima nova fonte de negócios).

Esses dilemas se apresentarão a todos os que controlam seu próprio plano de aposentadoria, num momento em que o mundo se afasta persistentemente de pensões garantidas, deslocando, em vez disso, os riscos para os próprios poupadores. Com a atual aparência de sobrevalorização das ações, e com os ativos alternativos envolvendo comissões e vindo de anos de desempenhos medíocres, os pessimistas poderão ter mais algumas vitórias pela frente.

Fonte: John Authers e Valor (08/08/2018)

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