domingo, 28 de abril de 2019

Planos de Saúde: Amil descredencia 17 hospitais sendo 7 da Rede D’Or no Rio e 2 no Rio



Operadora pressiona por mudança na forma de remuneração dos prestadores de serviço

A Amil vai descredenciar sete hospitais da Rede D'Or São Luiz no Rio a partir de 21 de junho, após queda de braço sobre como a maior operadora de saúde do país remunera os hospitais de sua rede. A informação foi antecipada nesta sexta-feira pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois. A Amil não especificou quais unidades estão na lista, que só será divulgada na segunda-feira aos usuários. Ao todo, 17 hospitais no Brasil serão descredenciados, entre eles os paulistas Bandeirantes e HCor. No Rio, todos da lista são da Rede D’Or.

Segundo a Amil, os hospitais descredenciados resistiram a abandonar a chamada remuneração por serviço (fee for service, no jargão do setor). Nesse modelo, o hospital recebe do plano por procedimento feito no paciente, como exames e curativos. A operadora argumenta que esse modelo incentiva a oferta de procedimentos desnecessários, causando desperdício e levando a uma assistência médica inadequada.

A Amil pressiona os hospitais a adotarem modelo alternativo, construído em torno de pacotes e baseado em resultado em saúde. Por meio dele, os hospitais recebem, em geral, pelo conjunto de procedimentos recomendado a determinado quadro de saúde ou doença. Assim, teriam menos incentivo a solicitar exames desnecessários, por exemplo.

Avaliação seria precoce
Os modelos de remuneração vêm ganhando maior relevância, nos últimos três anos, num cenário em que os reajustes dos planos de saúde superam, e muito, os índices de inflação. Mas especialistas avaliam ainda ser difícil dizer se a mudança vai de fato trazer melhorias no atendimento e reduzir os preços dos planos para os usuários.

No comunicado enviado a beneficiários da operadora nesta sexta, a Amil informou que não foi possível chegar a um acordo com alguns hospitais. E acrescentou que parte deles optou “pelo cancelamento unilateral do contrato”. A Amil esclareceu, no entanto, que o atendimento está garantido até o dia 20 de junho. A operadora afirmou que ampliará serviços em outras unidades para minimizar transtornos.

Segundo a Amil, 30% de sua rede credenciada de hospitais já migraram para o novo modelo de remuneração.

Em nota, a  Rede D’Or São Luiz confirma que, a partir de 21 de junho, parte de seus hospitais deixará de atender alguns planos do convênio Amil. Os demais Convênios atualmente elegíveis seguem atendidos normalmente, sendo mantido "nosso compromisso de oferecer serviços de excelência aos nossos pacientes". A Rede ressalta ainda que sempre se manteve aberta ao diálogo com todas as operadoras, tendo como prioridade buscar as melhores opções em prol do setor e do paciente.

O grupo afirmou ainda que adota as melhores práticas de gestão e trabalha com novos modelos de remuneração com mais de 70 operadoras de saúde. " Somente assim, garante-se a liberdade de escolha do paciente em ser atendido no local de sua preferência, bem como do médico em praticar uma medicina de excelência, valorizando sua qualificação e treinamento permanente. É dessa forma que se afiança também a competitividade necessária para a sustentabilidade do setor".

Já a  Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), também em nota, disse entender que essa negociação de formas de remuneração é realizada diretamente entre hospitais e operadoras de planos de saúde e que, atualmente, existem novos modelos de remuneração sendo praticados por parte relevante do setor, pois o mesmo já tem o entendimento de que o fee-for-service não deve ser a única forma de pagamento.

Segundo a Anahp, a própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) compartilhou com o mercado um guia de possibilidades de modelos diferentes de remuneração. Essas iniciativas mostram a motivação e compromisso do setor em propor novas alternativas para a construção de um sistema de saúde suplementar mais sustentável e adequado para os usuários.   

Ainda é cedo para avaliar qual será o efeito do novo modelo de remuneração, defendido pela Amil, diz Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP:

- Há muito tempo, planos de saúde e prestadores não se entendem sobre as melhores modalidades de remuneração e a organização de prestação de serviços aos usuários. Nessa briga, a dúvida é saber qual será a vantagem para o usuário.

Modelos variados
Scheffer lembra ainda que a mudança praticada pela Amil visa à redução de custos em um momento em que o setor vem perdendo clientes devido à crise.

Martha Oliveira, diretora de Novos Negócios da Qualired, especializada em gestão de saúde, ressalta que há vários modalidades de pagamento em vigor no mundo:

- Não há uma fórmula. Para saber qual é a melhor forma, é preciso estudar os dados, os clientes e os custos.

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) explica que a negociação é feita diretamente entre hospitais e operadoras. E admite que “o setor já tem o entendimento de que o pagamento por serviços não deve ser a única forma de pagamento”. Afirma ainda que o setor está motivado a “propor novas alternativas" para a construção de um sistema “mais sustentável e adequado para os usuários”.

Fonte: O Globo (27/04/2019)

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