quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

INSS: Com pente-fino no INSS, 261 mil benefícios já foram cancelados ou suspensos em 4 meses



Do total, 24 mil estão no Rio. Até agora, economia soma R$ 336 milhões e pode chegar a R$ 4,3 bi em um ano

O pente-fino no INSS , previsto na medida provisória (MP) 871,  que permitiu uma operação especial de análise de processos com suspeitas de irregularidade, resultou no cancelamento e na suspensão de 261,3 mil benefícios em quatro meses de trabalho. Do total, 24.640 são do Rio. Um universo de 1,84 milhão beneficiários com processos suspeitos estão sendo notificados.

Segundo dados do INSS, a medida já resultou em uma economia de R$ 336 milhões e, em um ano, chegará a  R$ 4,3 bilhões. A meta é bater R$ 10 bilhões por ano.

A MP foi editada no início do ano, mas a operação começou a funcionar efetivamente em agosto porque faltava liberação orçamentária para pagar um adicional para os servidores na análise de processos suspeitos — um volume de cinco milhões. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago a idosos e deficientes da baixa renda foi o campeão de fraudes.

Do total de casos suspeitos de servidores públicos estaduais e municipais que deram declaração de renda falsa para obter o auxílio, 92,5% se confirmaram, o que levou à suspensão de 4.700 benefícios.

Os números se referem apenas ao cruzamento de dados da base do INSS com a folha de sete estados e entre eles, o Rio. Diante do resultado, o trabalho foi ampliado para as demais unidades da Federação.

O levantamento mostrou a existência de servidores estaduais e municipais recebendo o BPC , o que contraria as regras do programa.  Uma servidora do Rio,  com renda mensal de R$ 15,8 mil recebia o BPC,  desde 2012, o que resultou num prejuízo de R$ 86 mil aos cofres públicos.

Outro servidor do Estado do Rio com renda mensal de R$ 14 mil, recebia o auxílio desde 1999. Na Baixada Fluminense, foi detectado caso de uma mulher que recebia o BPC, acumulando duas pensões por morte.

Em Recife, foram localizados  diversos casos de pensionistas do estado que recebiam o BPC indevidamente. O mais antigo ganhava o auxílio desde 1998 - prejuízo de R$ 193 mil.

O BPC equivale a  um salário mínimo. A Lei Orgânica de Assistencial (LOAS) estabelece como critério para a concessão do auxílio renda per capita de até um quarto do salário mínimo (em R$ 249,50).

No caso dos servidores públicos, o INSS avalia que é mais fácil recuperar os recursos. O primeiro passo é tentar um acordo na esfera administrativa. Caso não tenha êxito, os valores são inscritos na dívida ativa e abatidos do pagamento por intermédio de convênios com os estados. Isso não dispensa a apuração crime por parte dos órgãos competentes, como Polícia Federal. 

Segundo o presidente do INSS,  Renato Vieira, um universo de 1,84 milhão de beneficiários com processos suspeitos estão sendo notificados. As pessoas chamadas têm 30 dias para comparecer aos postos do INSS, a fim de prestar esclarecimentos e atualizar os dados cadastrais se for o caso.  O não comparecimento depois desse prazo leva à suspensão imediata do benefício.

Entre os principais indícios de irregularidades identificados no pente fino  estão pagamento de pensões sem o nome da pessoa que morreu. Foram apontados 670 mil segurados nessa situação.

Há 2.266 casos de CPF informados ao INSS que não existem na base de dados da Receita Federal e 1.940 registros de um mesmo CPF utilizados por mais de uma pessoa e mais de um tipo de benefício.

Outro resultado da pente fino foi a queda de 29% na concessão do  auxílio reclusão, de 46.750 para 33 mil. A despesa caiu de R$ R$ 49,7 milhões para R$ 35,1 milhões no período, uma economia de R$ 14,6 milhões. No Rio, a redução foi de 50%, saindo de 2.228 auxílios para 1.133. Segundo o INSS, os números continuam caindo mês a mês.  

A MP que permitiu o pente fino tornou mais rígida a regra de concessão desse tipo de benefício, exigindo carência de dois anos e restringindo ao regime fechado, vendando também a acumulação com auxílio-doença.   São beneficiados famílias de preso com renda inferior a R$ 1,3 mil por mês.

O presidente do INSS afirmou que além de identificar os processos fraudulentos, o órgão vai atuar de forma preventiva. Não basta suspender, mas atacar as causas da irregularidade, apontando as fragilidades do sistema, destacou. A ação faz parte do Estratégia Nacional Anti-fraude Previdenciária. 

Fonte: O Globo (04/12/2019)

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