A Anapar aproveita o momento para dar publicidade ao fato,
pois mostra a importância de haver o compartilhamento da gestão dos recursos
entre representantes dos patrocinadores e dos participantes e assistidos, e
também como se comportam determinados "especialistas” do mercado, aqueles que
são apresentados no PLP 268 como imprescindíveis para a profissionalização da
gestão dos fundos de pensão.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos participantes na
obtenção de respostas a questionamentos sobre a baixa rentabilidade dos
investimentos do seu plano em 2013, a estratégia de se unirem com a Anapar,
Sindicatos, Confederações e Associações de trabalhadores do Grupo Santander
(patrocinador do plano) para encaminhamento de denúncia à Previc,
mostrou-se vitoriosa.
Desde 2013, participantes do fundo vêm denunciando prejuízos
sofridos com uma operação de compra e venda de títulos públicos federais
indexados ao IMA-B (Índice de Mercado Anbima-B), que representa carteira
de títulos públicos NTN-B, com remuneração de IPCA mais taxa de juros real
definida no seu lançamento. Pelas suas características, a operação
envolveria risco muito baixo, mas trouxe perdas significativas para os
participantes. Segundo levantamento feito à época, os prejuízos financeiros
alcançaram a cifra de R$ 52 milhões.
O prejuízo imposto aos participantes decorreu da decisão
tomada pelos gestores da entidade e da administradora de recursos, a Santander
Asset Management, de investir 30% (R$240 milhões) do patrimônio do fundo
(perfil moderado) nos referidos títulos, com taxas pré fixadas, no final de
2012 e início de 2013. Naquele momento a taxa básica de juros da economia,
definida pelo Banco Central, estava em 7,25% ao ano e todo o mercado projetava
a sua elevação ao longo do ano de 2013, pois havia sinais de pressão
inflacionária e eram claras as sinalizações da autoridade monetária de elevar
os juros para controlar a elevação dos preços. A aquisição dos títulos, por si
só, naquele momento, já é passível de questionamento, pois era
iminente a subida das taxas, a menos que estivesse expressa na Política de
Investimentos a intenção de mantê-los até o vencimento, evitando as perdas
decorrentes das suas oscilações no mercado.
E por que se efetivaram as perdas? Sempre insistimos que, em
investimentos de longo prazo, não se pode classificar de perdas ou rombos, os
baixos retornos conjunturais, em função de oscilações características dos
mercados. A taxa de retorno dos títulos poderia estar compatível com o retorne
esperado, definido na Política de Investimentos do Plano. O que realmente é
questionável e causa muita estranheza, são as motivações dos ditos
especialistas de uma gestora de recursos de um dos maiores bancos do mundo,
Santander, para levar à venda esses títulos, num momento em que estavam
desvalorizados pela perspectiva de alta das taxas, realizando, assim, o
prejuízo. E foi o que ocorreu! Os "especialistas” venderam os títulos no
momento em que sofriam grande desvalorização!
A Previc, após reuniões com participantes e suas entidades
representativas, além de denúncia formal das irregularidades protocolada pela
Anapar e essas entidades em 2014, veio a informar recentemente que autuou os
gestores da Santanderprevi, por infração à legislação que regula investimentos
dos fundos de pensão. A pergunta que fica é se o órgão fiscalizador teria
alcançado tal operação se os participantes não estivessem acompanhando os
investimentos, cuidando dos recursos cujos maiores interessados são eles
próprios.
A Anapar reforça a importância da mobilização contra o PLP
268/2016, para impedir a redução da participação dos participantes e assistidos
nos conselhos deliberativo e fiscal, e para tornar obrigatória a paridade na
diretoria-executiva entre patrocinadores e participantes e assistidos.
Desta forma, a Anapar não aceita entregar a gestão dos
recursos dos participantes aos "especialistas” do mercado, porque são eles os
grandes responsáveis pelas maiores perdas sofridas pelos fundos de pensão. A
operação que estamos trazendo a público foi realizada por profissionais da gestora
de recursos de um dos maiores bancos do mundo, o Santander, assim como também
ocorreu no Postalis, que deixou os recursos dos participantes do fundo sob a
administração do BNY Mellon e amargou perdas bilionárias.
Não faltam exemplos de "especialistas” sem compromisso algum
com uma aposentadoria digna para aqueles que passaram toda uma vida
contribuindo com esse objetivo.
Fonte: Anapar e Fetrapi/RS (24/08/2016) |
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