segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
TIC: Sawiris e Moelis propõem trocar R$ 24,8 bi por 95% da Oi
O plano alternativo de recuperação da Oi desenhado pelo bilionário egípcio Naguib Sawiris em conjunto com credores da operadora liderados pelo banco de investimento Moelis & Company propõe, além de uma capitalização de até US$ 1,25 bilhão, alterações no conselho de administração e no corpo de executivos da companhia.
A proposta foi apresentada na sexta-feira por representantes de Sawiris e do Moelis ao presidente da Oi, Marco Schroeder.
A injeção de dinheiro "novo" seria viabilizada por meio de uma oferta pública de ações (OPA) no valor de US$ 1 bilhão. Os US$ 250 milhões restantes seriam subscritos diretamente por Sawiris.
Segundo Karim Nasr, representante de Sawiris, a captação de US$ 1 bilhão (via OPA) já estaria assegurada por cartas de compromisso assinadas por investidores privados. Todos esses recursos seriam destinados apenas a investimentos da Oi e não ao pagamento de dívidas.
Outro ponto central da proposta, explicou Nasr, seria a conversão imediata, de R$ 24,82 bilhões em títulos da dívida da Oi em 95% do patrimônio líquido da companhia. A oferta pública de ações ocorreria depois de implementada a conversão de dívida em participação acionária.
Cerca de R$ 10 bilhões em dívidas seriam reestruturadas, via aumento no prazo de pagamento e redução nas taxas de juros.
O efeito combinado da conversão de dívida em ações e da reestruturação derrubaria a dívida bruta do patamar atual de R$ 65 bilhões para R$ 30 bilhões, explicou o advogado Giuliano Colombo, do escritório Pinheiro Neto Advogados, contratado para prestar assessoria legal às partes envolvidas no plano.
Ao fim de todo o processo, Sawiris ficaria com uma participação acionária em torno de 10% na Oi, estimou Colombo.
Dentro da reestruturação da dívida está prevista uma carência de cinco anos para o pagamento de bancos e agências de crédito para exportação. Os credores estratégicos, grupo que inclui grandes fornecedores, seriam pagos sem desconto dentro de dois anos.
As dívidas com a Agência Nacional de Telecomunicações teriam uma parte (R$ 5,5 bilhões) paga de forma parcelada e outra (R$ 14,5 bilhões) convertida em investimentos por meio de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) a serem assinados com a Anatel.
Karim Nasr frisou que a proposta alternativa parte do pressuposto de que a Oi investirá R$ 37 bilhões ao longo dos próximos cinco anos e R$ 70 bilhões em dez anos.
"Esperamos que a companhia vá aceitar de boa fé a nossa proposta", disse Colombo, do escritório Pinheiro Neto. "Essa é uma proposta melhor e mais consistente do que a existente hoje", opinou ele, para depois a crescentar que, caso o plano de Sawiris e Moelis não seja levado em consideração pela Oi, a questão poderá ser levada à Justiça.
A empresa de recrutamento de executivos Spencer Stuart foi contratada para selecionar membros independentes para o conselho de administração da Oi. No plano desenhado por Sawiris e Moelis, quatro dos nove conselheiros seriam independentes, selecionados pela Spencer Stuart. Outros dois seriam indicados por Sawiris e três, pelos "bondholders". Também está prevista a troca de executivos da Oi.
Em nota divulgada na sexta-feira, a Oi informou que o plano alternativo será analisado "juntamente com as demais sugestões que surgiram ao longo de encontros com outros credores que estiveram com a Oi até agora, como o assessor financeiro G5 Evercore, além dos bancos Itaú, Banco do Brasil, Caixa e BNDES ".
A Oi frisou que uma das possibilidades em discussão seria, por exemplo, a troca de parte da dívida por participações acionárias após a aprovação do plano de recuperação judicial. "A Oi acredita que o resultado destas negociações deverá refletir uma proposta final que garanta a viabilidade operacional e a sustentabilidade da companhia e que atenda credores, acionistas e demais partes interessadas, permitindo que a Oi saia mais fortalecida ao final deste processo", concluiu a companhia em nota.
Fonte: Valor (19/12/2016)
Postado por
Joseph Haim
às
16:58:00
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