A questão a reforma da Previdência vai e
volta, com dezenas de palpites, sugestões, relatórios, propostas, 100%
sobre a questão dos benefícios. Não há nenhuma nota sobre a reforma no
seu financiamento.
Só nós, da Anasps e, algumas vezes a Força Sindical, falamos nisso. Ela pede o fim das renúncias dos exportadores rurais, das desonerações, cobrança da dívida ativa, mas não fala da dívida administrativa. Ignora, porém, a dívida dos rurais de R$ 100 bilhões e a utilização de recursos previdenciários pela política econômica.
Só nós, da Anasps e, algumas vezes a Força Sindical, falamos nisso. Ela pede o fim das renúncias dos exportadores rurais, das desonerações, cobrança da dívida ativa, mas não fala da dívida administrativa. Ignora, porém, a dívida dos rurais de R$ 100 bilhões e a utilização de recursos previdenciários pela política econômica.
Usam a Previdência como instrumento de
política fiscal, proclamam que a reforma é urgente, clamada pela elite
do capital, o mercado, e que deveria se mexer na idade mínima, atingindo
os que estão com direitos adquiridos ou com expectativa de direitos, e
assim desarmar a bolha demográfica.
Só três países não têm idade mínima:
Irã, o Equador e o Brasil que deu um vigoroso passo no desmanche total
da Previdência quando acabou o Ministério.
Fábio Zambitte Ibrahim informa que em 35
países o direito à previdência social possui inserção constitucional
excluindo-se Estados Unidos e Israel. Nos outros 33, 28 tem a
Previdência entre os direitos fundamentais ou direitos sociais. Poucos,
porém, dedicam se a efetuar o seu detalhamento. Há um alto grau de
detalhamento no Brasil, Equador e na Suíça e médio na Bolívia, Costa
Rica, México, Uruguai, Venezuela e Portugal.
Dito isso, acho que a maioria dos
brasileiros ignora por completo que neste momento, de salário mínimo de
R$ 800, o valor médio dos benefícios concedidos, em maio de 2016, foi de
R$ 1.303,58 para os urbanos e de R$ 880,84 para os rurais. Em 2016,
foram concedidos 1,8 milhão de benefícios urbanos e 372,2 mil benefícios
rurais.
Explicando melhor: o trabalhador urbano
que se aposentou nos últimos seis meses, com 35 anos de contribuição, ou
com idade acima de 60 anos, está se aposentando com pouco mais de um
salário mínimo e meio. Pergunto: será para isso que existe previdência
social no nosso País? É isto mesmo que eles esperavam receber? Este
valor lhe assegurará uma velhice tranquila? A esperança não se
transformou em pesadelo? O sonho não virou desalento? Os rurais que
contribuíram pouco ou quase nada e os que recebem benefícios
assistenciais, para idosos sem renda e pessoas com necessidades
especiais, estão recebendo a mesma coisa.
Estamos chegando próximo da Previdência chinesa de R$ 1.99 e ninguém está se importando.
Até antes do fator previdenciário,
imposto pelo FMI para reduzir o déficit previdenciário, e que não
reduziu nada e ainda retardou e achatou os benefícios, a Previdência
concedia aposentadoria de até 10 salários mínimos, com base na média das
36 últimas contribuições.
O pior vem agora: para o mesmo salário
mínimo de R$ 880,00, os 33 milhões de benefícios em manutenção,
apresentam o seguinte valor médio: os 4,5 milhões de assistenciais e os
9,4 milhões de rurais, recebem 1 salário mínimo. Os outros 19,3 milhões
de urbanos estão no sufoco. Nada menos de 9,1 milhões recebem 1 salário
mínimo, 5 milhões recebem entre 1 e 2 salários mínimos e 4,2 milhões
entre 2/3 salários mínimos.
Poucas pessoas, envolvidas com a
reforma, fala nisso e disso. O discurso passa longe da realidade
concreta dos brasileiros que estão batendo às portas do INSS.
As lideranças dos trabalhadores e dos
supostos pensantes sobre o futuro do país olimpicamente ignoram que há
60 milhões de segurados contribuintes para o RGPS e que poderão se
aposentar com 1 salario mínimo, caso não se reveja o financiamento, onde
está o x de todo o problema. Os milhões que estão com as chamadas
contribuições “diferenciadas, simplificadas, favorecidas e subsidiadas” e
que compõem os novos “funrurais”, criados por FHC e LULA, certamente
vão para a vala comum de 1 salário mínimo. Os demais perderão a
esperança, o futuro, a tranquilidade, a razão de viver e desfrutar de
uma qualidade de vida que se equivalha ao aumento da sua expectativa de
vida!
Com isso, a injustiça social vai
crescer. Somos uma sociedade não solidária, injusta e cruel com os que
trabalham. E solidária, justa e boa com os que roubam e se apropriam das
riquezas do Estado.
A elite se protege, pagando mais,
contribuindo mais, para fugir da “previdência chinesa”. Mais de 10
milhões estão nos fundos de pensão e outros 12 milhões estão nos planos
de previdência. Neste nível, a injustiça favorecerá, e muito, a
sociedade desigual.
Por isso é que nós da ANASPS clamamos no
deserto por uma revisão do financiamento que passa por retirar a
Previdência da força do mercado e do instrumento impositivo de política
fiscal. O Ministério da Fazenda tem que sair da Previdência. Tem que
lagar o osso. A velocidade de sua presença é nefasta e se acelera para
acabar com a Previdência Social pública. Além do que sua incompetência
se acentua, dia a dia, na gestão desastrada dos R$ 2,5 trilhões de
ativos que controla supostamente em nome do combate à inflação, do
superávit fiscal e da retomada do desenvolvimento.
A previdência não é só o direito do
cidadão, como está na Constituição de muitos direitos. Mas é um sonho
dos seres humanos do mundo contemporâneo, que estão vivendo mais e que
vão viver mais. A reforma da Previdência é necessária, já, mas no seu
financiamento. Com o Ministério da Previdência no comando e o da Fazenda
bem longe.
Fonte: Jornal DiaDia (26/07/2016)
Fonte: Jornal DiaDia (26/07/2016)
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