terça-feira, 11 de novembro de 2014

INSS: 46% não esperam contar com Previdência

 Segundo levantamento da CNI, só 30% dos que não se aposentaram afirmam que viverão apenas do benefício 

O brasileiro que ainda não se aposentou espera contar menos com a previdência pública em sua velhice do que quem já recebe o benefício. 
Pesquisa inédita encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que 46% dos brasileiros afirmam que não contarão em nada com o INSS para se manter na velhice. 
Dos entrevistados, 13% acreditam que, para garantir o sustento na terceira idade, vão ter que trabalhar. Outros 10% esperam contar exclusivamente com recursos próprios, como rendimento de poupança e aluguéis. 
A expectativa de sustento dos que ainda não se aposentaram contrasta com a realidade atual. Entre os brasileiros aposentados que participaram da sondagem, somente 15% afirmaram se sustentar apenas com outras fontes de rendimento que não fosse a aposentadoria do INSS. 
Segundo a pesquisa, 82% recebem o benefício e, dentro desse universo, 3 em cada 4 dizem viver exclusivamente dele (ou 59% do total em idade para se aposentar). 
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI, o brasileiro não está abrindo mão do benefício, mas enxergando o limite do sistema. 
Segundo ele, o nível educacional da população aumentou, e o acesso a outras formas de aposentadoria, como a previdência privada, foi facilitado nos últimos anos. 
Entre os brasileiros com educação superior que ainda não se aposentaram, 36% pretendem dispor da renda de recursos próprios para bancar a vida na velhice e 18% do complemento de uma previdência privada. 
Foram entrevistadas para a pesquisa 2.002 pessoas, de todos os matizes sociais, que contribuem ou não para a Previdência Social. O levantamento foi feito entre 13 e 15 de junho, em 142 cidades. 
Entre os brasileiros que ainda não se aposentaram, 58% contribuem para o INSS, seja como empregado de carteira assinada (40%), autônomo (15%) ou empresário (3%). Os dados são compatíveis com o percentual dos que esperam se aposentar pelo INSS (54%, na pesquisa). 

Cortes
Para Castelo Branco, é saudável que o brasileiro faça provisões complementares e suplementares à previdência pública, o que teria efeito positivo na redução de gastos. 
Esse movimento elevaria a poupança do país, deixando margem para aumentar as taxas de investimento. "Reforma da Previdência tem duplo papel: usar recursos da Previdência para alavancar investimento e possibilitar mais crescimento", afirma. 
A reforma voltou com mais força à agenda política após a sinalização da presidente Dilma Rousseff de que será preciso enxugar despesas da Previdência no esforço de pôr as contas públicas no azul. 

Maioria é contra mudar pensão por morte 
A maioria dos brasileiros não apoia mudanças propostas nas regras das pensões por morte --com as quais o governo conta para reduzir suas despesas nos próximos anos. 
De acordo com a pesquisa feita pela CNI, 59% dos entrevistados disseram discordar total ou parcialmente da hipótese de a pensão ser paga apenas a cônjuges que não trabalhem, e 64% são contrários ao pagamento só a cônjuges em idade avançada. 
O sistema de pensões brasileiro hoje não tem limitações e é considerado um dos menos restritivos no mundo. No ano passado, os gastos com pensão por morte somaram R$ 76 bilhões. 
No geral, quando questionados genericamente sobre mudanças nas regras da Previdência, 73% dos brasileiros se dizem favoráveis, segundo a sondagem feita pela CNI.

Restrições
Mas há resistência, por exemplo, à ideia de se aposentar mais tarde e a restrições ao acúmulo de benefícios. A maior parcela dos entrevistados (39%) diz considerar que a idade ideal de aposentadoria é de 50 a 55 anos. 
Por outro lado, há apoio à igualdade no tempo de aposentadoria --hoje professores, mulheres e trabalhadores rurais podem se aposentar mais cedo.

Fonte: Folha de S.Paulo (11/11/2014)

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