Os desafios que enfrentamos não estão limitados a uma etapa exclusiva da vida. Eles percorrem toda nossa existência, nas suas mais diferentes fases, exigindo reposicionamentos, mudanças de paradigmas, alteração de hábitos e condutas. Em algumas circunstâncias, podem até demandar mudanças bem mais radicais na forma como encaramos e atuamos na vida.
Existe, contudo, um conjunto de “choques” que, tanto pela intensidade e forma como estão ocorrendo, impactam ainda mais o percurso daqueles que atravessam a meia-idade. Ou seja, os que estão situados em uma faixa etária que se localiza entre 35 e 45 anos de idade.
Vejamos alguns dos efeitos de toda esta dinâmica na vida de quem está na fase da meia-idade:
- Revisão do modelo de estrutura familiar que inclui manter-se muito atento às formas de equilibrar e desenvolver o relacionamento afetivo, tanto na perspectiva individual como coletiva;
- Maiores cuidados na educação e forma de orientar os filhos, não apenas para uma carreira, mas, acima de tudo, para uma vida mais plena e com desafios mais constantes — especialmente para que alcancem maior autonomia;
- Repensar o modelo de carreira profissional considerando também a possibilidade de empreender;
- Levar em consideração que o aumento do índice de longevidade vai exigir se reinventar mais vezes ao longo da vida. As carreiras estão se tornando obsoletas a cada dia e de forma muito mais rápida;
- Planejar a aposentadoria não mais como uma etapa exclusiva de parada, descanso e desfrute, mas buscar formas de continuar ativo — encontrando novos sentidos para a vida, criando novas identidades e formas para preservar a autoestima;
- Não adiar planos de desfrute ou sonhos apenas para o futuro, mas se dedicar com maior empenho em viver o presente de forma mais plena;
- Criar fontes alternativas para o aumento da renda, de maneira que possam suplementar os rendimentos dos planos previdenciários;
- Cuidar desde muito cedo da saúde, buscando desenvolver uma saudável estrutura física e mental;
- Não construir expectativas para o processo de envelhecimento que tenham como aspiração ou resultado a geração de dependência, tanto financeira como afetiva, em relação aos filhos;
- Administrar o grau de exposição privada e pública nas redes de relacionamentos virtuais;
- Construir um legado que possa dar sentido ao seu presente e que permita aos seus ideais e realizações ultrapassar os limites da sua própria existência;
Em se tratando de meia-idade, é necessário pensar e agir de forma preventiva. Aproprie-se da sua história e biografia antes que seja tarde.
Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho da höft consultoria – transição de gerações. Atua como consultor e palestrante no Brasil e no exterior. É articulista e autor de 16 livros sobre empresas familiares, sociedades empresariais e qualidade de vida. Cursou filosofia na Faculdade Anglicana de Teologia, em São Paulo. Trabalhou por sete anos em projetos de desenvolvimento comunitário da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) no México e no Peru. Coordenou a área de recursos humanos nas empresas Kibon, DOW Química e Villares.
Fonte: Valor (16/12/2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".