segunda-feira, 18 de julho de 2011

Aposentadoria: Fundos Abertos seguem mesma tendencia dos Fundos de Pensão, baixa rentabilidade

Ganho menor na previdência
Diante do cenário de fraco desempenho da bolsa e aumento da taxa básica de juros, os fundos de previdência privada aberta de renda fixa lideraram as novas aplicações no primeiro semestre. A categoria respondeu por 63% do total captado pelo segmento no período, que somou R$ 12,1 bilhões, segundo a consultoria NetQuant.
A captação líquida desses fundos apresentou crescimento de 178,18% no período, totalizando R$ 7,65 bilhões.
Apesar do aumento do aporte de recursos, a performance dessas carteiras não foi tão boa nesse ano. A rentabilidade média da categoria fechou o primeiro semestre em 4,66%, abaixo do CDI acumulado no período, de 5,52%. Esse desempenho também ficou abaixo da média apresentada pelos fundos de investimento em renda fixa fora de planos de previdência, que acumularam alta de 5,53%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Considerando todas as categorias, apenas nove dos 571 fundos pesquisados pela NetQuant tiveram retornos superiores ao CDI no período.
Um dos fatores que influenciam essa rentabilidade é a taxa de administração mais alta cobrada nos planos mais populares. Outro foi a aplicação em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-Bs) e NTN-B Principal, cuja remuneração é composta por uma taxa de juro prefixada mais a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa do mercado em junho, de um aumento menor da inflação, teve reflexo nas taxas de juros oferecidas por esses papéis, que subiram, atingindo até 6,8% ao ano. Isso fez os preços dos títulos recuarem para se ajustar à nova taxa. E houve um impacto negativo para as carteiras compostas por esses títulos quando marcados a mercado, especialmente nos de prazo mais longo.
O índice IMA-B, que busca medir o desempenho de uma cesta de NTN-Bs, fechou junho em queda de 0,3%, acumulando rentabilidade de 3,67% no primeiro semestre, contra 5,53% do IMA-S, que acompanha as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), indexadas à variação da Selic.
Para Márcio Matos, superintendente de investimentos da Brasilprev Seguros e Previdência, o CDI não é bom referencial para esses fundos, uma vez que o compromisso dos planos de previdência é de longo prazo. "Buscamos alongar o prazo médio de nossas carteiras com NTN-Bs de vencimentos mais longos, mas esses papéis podem apresentar uma volatilidade maior no curto prazo", justifica. Um referencial melhor, segundo Matos, seria o índice IMA B5+, que acompanha o desempenho de uma cesta de NTN-Bs com prazos superiores a cinco anos.
A composição de uma carteira diversificada de títulos públicos contribuiu para o desempenho do fundo multimercado da Icatu Seguros, o Icatu Seg Inflação, que fechou o semestre acima do CDI, com alta de 5,69%. A rentabilidade foi impulsionada principalmente pela aplicação em Notas do Tesouro Nacional série C (NTN-Cs), indexadas ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), mas que não são mais emitidas pelo governo. O índice IMA-C, que acompanha esses papéis, acumulou alta de 6,23% neste ano até junho. "Apesar da maior volatilidade, a longo prazo, os juros reais devem ser menores que os cobrados atualmente", afirma Mizael Vaz, gerente comercial da Icatu.
A alocação nesses papéis também contribuiu para o fundo Itaúprev Retirement Renda Fixa Crédito Privado bater o CDI, acumulando retorno positivo de 5,92%. "Esse fundo reúne aplicações de planos que estão em fase de pagamento de benefícios, por isso tem uma aplicação maior em NTN-Cs", afirma Osvaldo Nascimento, diretor executivo de previdência do Itaú Unibanco.
Diante da expectativa de um recuo da inflação nos próximos meses, a seguradora SulAmérica diminuiu a posição em títulos indexados à inflação e aumentou a de papéis prefixados e de crédito privado. Esta última classe de ativo já responde por cerca de 25% do fundo SulAmérica Prestige Prev, que fechou o semestre com alta de 6,02%, e abrange principalmente Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGEs). "Esses títulos têm oferecido um retorno atrativo, entre 107% e 110% do CDI", afirma Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos da SulAmérica.
Para o segundo semestre, a seguradora tem aumentado a posição em LFTs, que seguem a Selic, reduzindo a de prefixados. "Os prêmios dos títulos prefixados já estão menores", destaca Mello.
A Brasilprev também vem buscando diversificar as aplicações dos fundos de renda fixa com aumento da parcela em títulos de crédito privado como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), cotas de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e DPGEs, que representam cerca de 30% da carteira. Nos multimercados, a seguradora tem apostado em títulos do mercado imobiliário e em ações desse setor.
Já os fundos com renda variável, cuja aplicação em bolsa varia de 15% a 49% nos planos de previdência, apresentaram resgates líquidos no semestre de R$ 1,13 bilhão. "O apetite por risco do mercado como um todo diminuiu e os investidores dos planos de previdência adotaram uma estratégia mais conservadora para os novos aportes", ressalta Matos, da Brasilprev. Na seguradora, 93% das captações no ano foram direcionadas para os fundos de renda fixa.
Com o Ibovespa acumulando queda de 14,28% no ano, a Brasilprev passou a buscar alternativas de investimento fora do índice, aplicando, por exemplo, em fundos de ações com foco em dividendos.
A Icatu também tem focado em ações de menor liquidez e que pagam bons dividendos. Os fundos da seguradora com até 49% em ações que não acompanham o IBrX, por exemplo, acumulam valorização em 12 meses de 15,5%, enquanto os referenciados nesse índice tiveram uma alta de 7,20%. "O cenário exige uma gestão mais ativa, para conseguir um bom retorno é necessário garimpar oportunidades para encontrar ações com bons preços", diz Vaz, da Icatu.
Ao contrário do movimento verificado no mercado, Matos, da Brasilprev, acredita que o momento é oportuno para aplicação na bolsa, com a queda do preço das ações, levando-se em consideração uma perspectiva de médio e longo prazo. "Tudo depende, no entanto, da idade do participante e do seu projeto de vida". Hoje a Brasilprev tem 80% dos recursos sob gestão em renda fixa e 20% em planos com renda variável.

Fonte: Valor Online (18/07/2011)

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