quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Fundos de Pensão: Aposta em renda variável eleva resultado da Funcesp (setor elétrico de SP)


A Fundação Cesp (Funcesp), maior fundo de pensão de capital privado do Brasil, antecipou-se ao movimento de queda da taxa de juros e desde o segundo semestre de 2016 aumentou suas alocações em renda variável e fundos multimercado. Como resultado, no ano passado, teve rentabilidade de 12,73%, mais que o dobro da meta atuarial, de 5,78%. O superávit no período foi de R$ 1,2 bilhão.

De acordo com o diretor de investimentos da Funcesp, Jorge Simino, em agosto de 2016 a fundação tinha R$ 200 milhões em multimercados. O montante aumentou para R$ 1,1 bilhão no começo do ano passado e para uma posição atual de R$ 1,27 bilhão. Já em renda variável foram investidos R$ 3 bilhões no mesmo período, passando de uma fatia de R$ 1,2 bilhão para os atuais R$ 4,2 bilhões.

Simino disse que a maior parte dessas alocações se deu entre o fim de 2016 e o início de 2017. “Já tínhamos a visão de que a taxa de juros ia cair. Agora, independentemente de ser 7%, 6,5% ou 6%, o custo de oportunidade ficou muito baixo. Por isso modificamos o portfólio lá atrás”, afirma.

Em 2017, os maiores ganhos foram da renda variável, que teve valorização de 26,43%, seguida dos investimentos no exterior, que ganharam 23,23%. Os imóveis subiram 15,78%, seguidos da renda fixa (10,77%), investimentos estruturados (8,46%) e operações com participantes (5,57%).

Já o ano de 2018 começou com um mês de janeiro “espetacular”. “Mas é aquilo que todo mundo sabe: vai depender do mercado externo. Tivemos uma pequena amostra da capacidade destrutiva que o mercado tem se ele for para o mau caminho”, diz, referindo-se ao desempenho no início de fevereiro.

O cenário interno está “indo super bem”, na visão do diretor, que cita a recuperação da atividade e a inflação baixa. “O cenário doméstico vai ficar muito calcado na questão eleitoral, que tende a determinar os próximos quatro anos”, disse. Dessa forma, e sem alterações na política de investimentos, a estratégia da fundação para 2018 não prevê grandes movimentos. Ao longo do ano estão previstos apenas ajustes pontuais.

Cerca de 17% dos investimentos da fundação estão alocados em renda variável. Nessa carteira, a Funcesp tem R$ 1,25 bilhão em papéis defensivos. Outros R$ 2,8 bilhões são voltados para uma gestão ativa – feita por uma equipe interna, que tende a perseguir o Ibovespa.

A fatia da Funcesp em ações da Vale é avaliada em R$ 430 milhões. Com o processo de migração para o Novo Mercado e transformação da mineradora em uma empresa sem controlador definido, o objetivo do fundo de pensão, em princípio, é manter os papéis na carteira, segundo o diretor. “É um bom ativo, e para nós a Vale vai virar uma boa pagadora de dividendos”, afirmou Simino.

O investimento em ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) será avaliado caso a caso. “Estudamos todas as ofertas. Estudar é uma coisa, decidir comprar é outra”, afirma Simino. A Funcesp participou da oferta de ações da BR Distribuidora no ano passado, mas com a alta demanda ficou com uma fatia abaixo da pretendida. Simino não revelou o aporte.

A entidade também tem R$ 200 milhões alocados em investimentos no exterior. Mesmo com as recentes mudanças nas regras para esse tipo de investimento sendo consideradas positivas, não deverá haver grandes alterações, de acordo com o diretor de investimentos. O mesmo acontece com a renda fixa, que representa quase 80% dos investimentos e cuja fatia não deve se alterar.

Simino diz, porém, que pode haver alguma reestruturação nos fundos. “Hoje são sete fundos, podemos reduzir para três ou quatro”, afirma.

O diretor da Funcesp descarta, com veemência, a aplicação em Fundos de Investimentos Estruturados (FIPs). “Nem pensar”, afirmou. A fundação possui um investimento pequeno, de R$ 12 milhões, em um fundo desse tipo que está próximo do desinvestimento.

Com patrimônio de cerca de R$ 27 bilhões, a Funcesp é o quarto maior fundo de pensão do país. Entre os dez patrocinadores, todos do setor elétrico do Estado de São Paulo, a Eletropaulo representa 40%, seguida por CPFL Energia (20%) e Cesp (18%).

Fonte: Valor (14/02/2018)

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