sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
Fundos de Pensão: CMN muda regra de aplicações em fundos de pensão
O Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou uma regra de investimentos para seguradoras e fundos de pensão, e essa medida pode diminuir os juros futuros no país. Depois de perceber que essas entidades faziam operações que pressionavam os juros para cima para compensar uma regra imposta pelo governo passado, os conselheiros resolveram rever a regulação para a aplicação dos recursos.
Para cumprir a determinação de manter uma carteira de títulos de renda fixa de dois anos em média num cenário de queda de juros, os fundos começaram a fazer várias operações secundárias que apostavam na queda dos juros (derivativos). Isso pressionava o preço dos papéis no futuro e distorcia todo o mercado.
Na expectativa de corrigir isso, o CMN vai extinguir gradualmente a obrigatoriedade do “Prazo Médio de Repactuação Mínimo (RPC)” até que ele chegue a zero no fim de março de 2020.
Como esse mercado é enorme (movimenta cerca de R$ 720 bilhões), isso deve interferir na formação da taxa de juros futuros do país. A distorção foi acentuada no segundo semestre do ano passado. Pelo alto volume de operações casadas com títulos e derivativos, os técnicos do Tesouro Nacional perceberam que havia uma distorção na regulação ou uma grande aposta que a taxa básica de juros (Selic) que está em 6,75% ao ano voltaria a subir brutalmente_ o que é pouco provável no cenário de inflacao abaixo da meta que o país tem hoje.
— A mudança tende a reduzir mais que os juros futuros, mas a inclinação da curva de juros. (Atualmente), os investidores procuram o ativos mais longos com menos liquidez, o que pressiona o preço. Com a mudança, deve haver uma redução das taxas mais longas — explicou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Leandro Secunho.
Ele disse que o movimento no mercado financeiro era estranho porque o Brasil se aproxima do fim do ciclo de queda dos juros e a curva futura tinha de ter outra tendência. Ao contrário do esperado, a inclinação da curva chega perto da máxima histórica.
— Ao longo do semestre foi se intensificando a distorção. E ainda tem o crescimento dessa indústria — ponderou.
A estimativa do Tesouro Nacional é que, em junho, os primeiros efeitos devem ser sentidos. Três meses antes da primeira mudança do prazo _ que será feita em setembro_ é o período em que os fundos devem começar a desmontar posições para cumprir as novas regras.
Fonte: O Globo (22/02/2018)
Postado por
Joseph Haim
às
12:17:00
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