(Desabafo de um aposentado do Banco do Brasil,
com relação à distribuição do superávit da PREVI)
" ETERNAMENTE
TROUXAS (Marcos
Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR) – 01/12/2010)
Caros
Colegas.
Tratam-nos
como idiotas porque agimos como tal. Todos os adjetivos usuais para definir o
idiotismo nos são aplicáveis no momento presente. Além de outros: ingenuidade,
boa fé exacerbada, memória curta, baixa autoestima – tudo se concebe. Este ano
de 2010 será reconhecido no futuro como o marco regulatório que definiu nosso
comportamento subserviente da aceitação de imposições, direcionamentos, e
castração de desejos e vontades. Tudo porque nos deixamos conduzir como animais
levados ao matadouro, tangidos entre currais afunilados até o destino único do
suplício.
Assistimos
desde janeiro ao jogo sujo do Banco, com o uso da PREVI, preparando o bote
fatal para impor seus desígnios. Depois de divulgado o superávit teve início a
execução de um plano mesquinho, pois bastava ali ser anunciada a distribuição
do montante obtido sem necessidade dos desdobramentos conhecidos. Mas a
estratégia guardada não permitia simplismo, e esticar o tempo era imperioso
para se chegar à data limite: final do ano. Nessa faixa de chegada estaria
consolidado o ambiente para o anúncio retumbante: barrigas vazias, a
constatação da passagem de mais um ano em direção à morte, época da acentuação
das necessidades, esperança de um natal mais feliz que o de antes, e por ai
segue. Vai longe o tempo em que se conquistavam pessoas pelo estômago. Hoje
essa conquista se consuma pelo bolso.
Armado
o circo no início do ano foi posta em prática a programação do duradouro
espetáculo mambembe. A companhia teatral foi posta em campo, composta dos bem
intencionados elementos da PREVI liderados pelo seu arrogante presidente,
serviçal do Banco do Brasil, competentíssima figura na arte da enganação. Seus
acompanhantes também desempenharam seus papéis com excelência, ostentando o
pomposo título de Eleitos.
Foram
infindáveis espetáculos encenados pelo Brasil afora, nas capitais e grandes
Cidades, para divulgar resultados bilionários – tudo nosso, diziam. Com
explicações inócuas e desnecessárias, o espaço de tempo entre os eventos era
dilatado para durar todo o primeiro semestre. Depois vieram os encontros
patrocinados pelas “Entidades Representativas dos Aposentados e Pensionistas”
(outra enganação), convocando a mesma valorosa e entendida equipe da PREVI,
para seguidas apresentações perante a platéia dos dóceis velhinhos com sua
infantil credulidade, batendo palmas para a enganadora trupe.
Ai
chega-se ao final do exercício, quando o Banco tem que se desvencilhar dos
indícios de irregularidades praticadas. E isto está sendo fácil, visto que a
programação foi cumprida à risca e, uma vez chegado o momento aprazado foi
desferido o golpe final, contundentemente amparado pela argumentação
inquestionável na forma de proposta, com cunho de decisão, apresentada numa
bandeja estendida cheia de merrecas cintilantes. Disponíveis para uso imediato
depois de aprovado o plebiscito.
E
os pobres diabos famintos, desiludidos, endividados e ávidos pelos tostões
prometidos estão prontos para, em uníssono, aprovar o desfecho tão esperado.
Com murmúrios silenciosos pretendem dizer SIM através dos bolsos. Quando o
pouco de dignidade que lhes resta clama para que se diga NÃO."
Fonte: APAS-DF (12/10/2011)
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