Cerca de 3 mil funcionários da Caixa que recebem acima de R$ 4.663,75 rejeitam a participação no fundo de pensão oferecido pela instituição financeira
Abrapp aponta que 15% dos servidores não querem participar de planos de aposentadoria de estatais
Cerca de 3 mil funcionários da Caixa Econômica
Federal que ganham acima do teto mensal de R$ 4.663,75 do regime de
Previdência Social (previdência pública) recusaram-se a contribuir para o
plano de previdência complementar fechada da Fundação dos Economiários
Federais (Funcef). "Lá na Caixa, 3 mil servidores abriram mão de
contribuir", afirmou o presidente da Funcef, Carlos Alberto Caser, ao
participar do Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão, realizado em
Brasília.
No mesmo debate, o diretor superintendente da Fibra, Silvio Renato Rangel Silveira, disse que já ouviu argumentos de "não adesão" de que os fundos são mal geridos. "Essa percepção seria verdade, o que não é, se as perdas fossem maiores que 50%. Falta racionalidade nisso", alertou. Silvio Rangel explicou que num fundo de previdência complementar fechada, em geral, a empresa patrocina R$ 1 (50%) para cada R$ 1 de contribuição do participante.
O diretor da Fibra mostrou que nos últimos dez anos, os fundos de pensão fechados tiveram rentabilidade de 250%, enquanto os planos de previdência complementar aberta (VGBLs e PGBLs) comercializados pelos bancos tiveram rentabilidade de 175% em igual período.
Nos bastidores, uma fonte do mercado de previdência complementar fechada, que preferiu não se identificar, afirmou que os principais fundos de pensão de empresas estatais (Previ, Petros, Funcef e Postalis) estão com a imagem prejudicada por causa de escândalos com a operação Lava Jato, investigada pela Polícia Federal, e da CPI dos Fundos de Pensão. "Essas fundações podem perder dinheiro do participante com a eventual insolvência da Sete Brasil [construtora de sondas contratada pela Petrobras] ou com outros investimentos em infraestrutura liderados pelas empreiteiras investigadas. Eles colocaram dinheiro nesses negócios sem avaliar o risco", afirmou.
Por outro ângulo, a mesma fonte assegurou que os fundos de pensão patrocinados por empresas privadas estão saudáveis. "Mas a realidade atual de retração na economia não incentiva a retenção de talentos com planos de pensão", disse a fonte.
De fato uma pesquisa divulgada pela Abrapp com a TNS Global mostra que planos de saúde, odontológicos e seguros de vida são os mais demandados nas empresas como pacotes de benefícios. "Os mais jovens solicitam benefícios ligados ao plano de carreira, especialmente MBAs e cursos. De 10 benefícios listados, a previdência complementar é buscada de forma embrionária", disse o presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, ao divulgar a pesquisa aos jornalistas.
Servidores
Sobre o comportamento dos servidores federais na baixa adesão à Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), Caser afirmou que é uma "tragédia" para o próprio funcionário essa recusa. "Essa medida que abriga a auto adesão se faz necessária. Nós [seres humanos] inventamos a previdência porque somos imprevidentes", disse o presidente da Funcef aos participantes do Congresso de Fundos de Pensão.
Em tom crítico, Caser disse que os servidores não estão poupando. "Estão acostumados com o Estado mãe, que o Tesouro irá cobrir. O Tesouro é a gente [contribuinte] que põe o dinheiro lá. 70% dos novos servidores vão ficar velhos e pobres", alertou Caser, sobre a alta taxa de recusa de contribuição.
Fonte: DCI (08/10/2015)
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