Previdência privada: Contribuição terá que subir
Com a taxa básica de juros no Brasil se aproximando do menor nível histórico, o brasileiro vai ter que dobrar seu esforço de poupança para garantir a mesma renda na aposentadoria. Estimativa feita pela professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e planejadora financeira Myrian Lund mostra que, com os juros de 8% ao ano — a taxa básica, a Selic, é hoje de 9% e a previsão é que alcance este nível ao fim de 2012 —, uma pessoa que começa a poupar a partir dos 30 anos terá que aplicar R$ 976,18 por mês para ter uma aposentadoria de R$ 5 mil ao mês a partir dos 60 anos. Com uma taxa de 12% — mais comum no país há alguns anos —, essa poupança mensal teria que ser menos do que a metade, de R$ 462,85.
Quem começa mais tarde, aos 40 anos, precisa de uma economia maior: a mensalidade necessária seria de R$ 1.280,13 com juros de 12% e de R$ 2.027,91 com taxa de 8%. Mas adiar a data da aposentadoria em cinco anos pode ajudar bastante a reduzir o peso das contribuições. Quem começa a poupar aos 30 para se aposentar aos 65 anos tem que contribuir com R$ 182,20 num cenário de juros de 12% e com R$ 448,30 na taxa de 8% ao ano. As simulações foram feitas considerando fundos de previdência com taxa de administração de 2,5%.
A nova realidade exigirá uma mudança de cultura: antigas gerações conviveram por anos com os juros altos, que permitiam ganhos elevados nas aplicações financeiras de baixo risco, como a renda fixa. Juros que ajudavam — e muito — na acumulação de recursos para a aposentadoria. Agora, com economistas prevendo que o país passará a conviver com juros mais baixos, os brasileiros terão que se adaptar. Com um detalhe importante: estamos vivendo cada vez mais. A expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 73 anos, 5 meses e 24 dias em 2010, três anos e dez dias a mais do que em 2000.
— É bom para o país ter uma taxa de juros baixa, mas isso muda completamente o cenário para quem se prepara financeiramente para a aposentadoria. A realidade dos juros baixos já está instalada e é um processo grave. Temos que nos preparar para isso — afirma a sócia da Moneyplan e planejadora financeira Angela Nunes.
Atenção para taxas e condições dos planos
A preparação, afirmam os especialistas, passa por contribuições maiores e por mais tempo para a previdência privada, cuidado cada vez maior na escolha dos produtos financeiros e uma maior disposição para aplicações financeiras de maior risco, já que a renda fixa — tipo de investimento cujo rendimento está diretamente ligado às taxas básicas de juros — será cada vez menos atrativa.
— O fim da inflação alta foi uma mudança cultural forte. Agora, com o juro baixo, passamos por um processo parecido. Se for mesmo uma coisa sustentável (o juro baixo), a próxima geração não vai saber mais o que é um rendimento elevado de renda fixa — diz o diretor-executivo da Órama, Guilherme Horn.
Os planos de previdência privada têm sido cada vez mais procurados como alternativas para se preparar a aposentadoria. Para que a escolha seja acertada, no entanto, especialistas em finanças pessoais sugerem que os interessados se informem exatamente sobre cada aplicação e suas taxas e condições.
— É preciso lembrar que não é só a taxa de juros que vai determinar a aposentadoria lá na frente, mas o produto que cada um escolhe. É muito importante escolher produtos com baixa taxa de administração — pondera Myrian Lund, da FGV.
Fonte: Portal G1 (28/05/2012)
Fundos se preparam para juros menores
As instituições que administram fundos de previdência já vêm se preparando para o cenário de juros baixos, com ofertas de novos produtos com investimentos mais agressivos. A expectativa, ainda, é que haja uma maior concorrência entre as instituições financeiras, com possível redução das taxas cobradas pelas administradoras.
— A palavra é diversificação, com produtos de perfis diferentes, de mais risco — diz o superintendente de Investimentos da Brasilprev, Altair César de Jesus, para quem a concorrência deve ser favorecida, com contribuintes mais atentos a taxas e rentabilidade dos planos.
Concorrência que a Caixa Econômica Federal acaba de estimular, ao zerar a taxa de carregamento dos fundos de previdência.
— Estamos apostando na manutenção dos clientes. E queremos também informações claras. Por isso, é importante fazer as simulações com a taxa de juros condizentes com a realidade, que é de juros baixos — afirma o diretor de Previdência do Grupo Caixa Seguros, Juvêncio Braga.
O Itaú Unibanco tem hoje sete famílias de produtos de previdência com perfis diferentes de risco, do conservador ao agressivo. Segundo o diretor-executivo de Produtos de Investimento e Previdência do Itaú Unibanco, Osvaldo Nascimento, deve aumentar a diversidade de produtos de previdência, além das regras para alocação dos ativos.
Apesar da nova realidade exigir investimentos além da renda fixa dos planos de previdência, no entanto, o superintendente de Previdência Privada do Santander, Richard Seegerer, afirma que o público em geral ainda é reticente para contratar produtos com perfil mais agressivo:
Nos fundos fechados — planos restritos a um grupo de funcionários, mais conhecidos como fundos de pensão —, a estratégia incluiu reduzir a participação dos títulos públicos ligados às taxas de juros no portfólio de investimentos. Na Funcef (que reúne os funcionários da Caixa), a parcela dos investimentos em títulos públicos caiu de 50% em 2006 para menos de 5% agora. A parcela que aplica em crescimento — ações, imóveis e investimentos em infraestrutura — passou de 25% para 50% no mesmo período. Na Petros (dos funcionários da Petrobras), a fatia de renda fixa caiu de 71,17% em 2008 para 50,61% em 2011.
— É um desafio para os gestores (o juro baixo), mas as fundações anteciparam o cenário e investiram para essa nova era — diz o diretor de Investimentos da Funcef, Maurício Marcellini.
Fonte: Portal G1 (28/05/2012)
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Fundos de Pensão: Queda dos juros e aumento da longevidade provocarão benefício de aposentadoria menor. Fundos devem migrar para aplicações de risco e reduzir a participação dos títulos públicos
Postado por
Joseph Haim
às
15:13:00
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