sábado, 10 de março de 2018

Fundos de Pensão: Petros registra déficit de R$ 4 bi em seu principal plano em 2017


Participantes do PPSP já vinham pagando para cobrir outro déficit, de R$ 27,3 bilhões
   
A Petros, fundo de pensão da Petrobras, voltou a registrar déficit em seu principal plano de benefícios em 2017. O Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP), de benefício definido, teve resultado negativo de R$ 4 bilhões no último ano, informou nesta sexta-feira a fundação. Embora o plano tenha obtido rentabilidade acima da meta perseguida, puxou o resultado para o terreno negativo a atualização de valores de benefícios e de perdas potenciais com processos movidos contra a Petros.

Os participantes do PPSP já estão pagando contribuição extra para cobrir déficit acumulado nos últimos anos, em um equacionamento que soma R$ 27,3 bilhões. Eles arcam com cerca de metade da conta, a ser saldada em valores mensais extras por 18 anos. No caso do déficit de 2017, porém, a Petros informou que ele está dentro do limite técnico e, portanto, não precisará ser equacionado.

O PPSP fechou 2017 com rentabilidade de 9,18%, acima dos 8,97% buscados em sua meta atuarial. De acordo com o fundo, a meta não era batida há quatro anos. Segundo a prestação de contas da Petros, o principal responsável pelo resultado foi a renda fixa, sobretudo os títulos públicos, que renderam 11,71% no ano e representavam 46% da carteira. O retorno financeiro foi de R$ 2,4 bilhões no ano. As ações, que representam fatia de 22% do PPSP, renderam 14,62%

"O retorno de R$ 1,040 bilhão obtido com a valorização de Itaúsa, em leilão de 48 horas realizado em dezembro do ano passado, foi o principal destaque do segmento. A operação viabilizou a troca de papeis ilíquidos por uma cesta de investimentos mais adequados ao perfil do PPSP", explicou a Petros.

Contribuíram também, segundo a Petros, as reavaliações positivas das empresas Norte Energia (R$ 235 milhões) e Litel (R$ 186 milhões), que detém ações da Vale, além de acordos, promovidos pelo Ministério Público, sobre aplicações que deram dor de cabeça no passado. No caso do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Enseada, criado para financiar a Gradiente e que foi alvo da operação Greenfield da Polícia Federal, o ganho foi de R$ 38 milhões. Já o acordo de leniência do grupo J&F, que inclui a JBS, proporcionou R$ 796 milhões.

A BRF, cujas ações despencaram 24,1% na Bolsa em 2017, representou perda de R$ 945 milhões. A Petros, juntamente com a Previ, lidera movimento de acionistas insatisfeitos com os resultados da dona de Sadia e Perdigão que busca o afastamento de Abilio Diniz do seu conselho de administração.

Bons resultados nos investimentos não foram suficientes para compensar o aumento do passivo do plano, porém. As contingências judiciais, por exemplo, geraram perda de R$ 1,822 bilhão. De acordo com a Petros, o montante foi representativo porque trata-se de uma atualização do valor de perdas que a Petros pode vir a ter com ações movidas por participantes contra a fundação. Ele ocorreu porque houve mudança de critério de cálculo, acordada com uma auditoria externa. O objetivo é "obter maior clareza e aderência à realidade do impacto causado por essas demandas judiciais no passivo do plano", esclareceu o fundo em nota.

Além disso, houve atualização monetária nos pagamentos de benefícios.

"Apenas a redução da taxa de juros, de 5,85% para 5,70%, utilizada para calcular os compromissos do plano no encerramento do exercício, respondeu por R$ 1,6bilhão", acrescentou a nota. "Também impactou o resultado a revisão dos benefícios de participantes que estavam com sua renda (aposentadoria Petros + benefício INSS) limitada a 90% do teto do salário de participação, aumentando os compromissos do plano em R$ 450 milhões, além de outras revisões de benefícios já programadas."

Fonte: O Globo (09/03/2018)

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