segunda-feira, 30 de julho de 2018
TIC: Privatização do Sistema Telebrás não terminou como governo planejava - 1
Em grampo telefônico, ex-ministro das Comunicações chamou consórcio Telemar de ‘telegangue’
Em setembro de 1998, o Sistema Telebrás foi privatizado na antiga Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Todas as 12 empresas foram arrematadas em pouco mais de quatro horas
O Sistema Telebrás, que compreendia teles estaduais e a Embratel (longa distância), foi privatizado em um pregão de quatro horas na antiga Bolsa de Valores do Rio. A estatal deu origem a 12 novas companhias: três de telefonia fixa, oito de celular e uma de longa distância.
Embora o governo tenha arrecadado pouco mais de R$ 22 bilhões com o negócio, com um ágio de 63,7%, nem tudo saiu como esperado por Brasília. O governo contava com a BellSouth para disputar a Telesp (concessionária de telefonia fixa de São Paulo), a primeira a ser vendida, mas a americana não apareceu. Valeu a proposta da espanhola Telefónica, que transformou a empresa na atual Vivo.
A oferta dos espanhóis pela Tele Centro Sul (Sul e Centro-Oeste, hoje parte da Oi) foi então invalidada porque cada grupo só podia ficar com uma fixa. A Tele Centro Sul ficou com o consórcio formado por Opportunity, de Daniel Dantas, Telecom Italia (dona da TIM) e fundos de pensão das estatais. E o consórcio foi excluído da disputa pela Tele Norte Leste (telefonia fixa em Rio, Minas, Espírito Santo, Norte e Nordeste). O impedimento frustrou parte do governo, que preferia os fundos de pensão no comando da concessionária, que se tornaria Brasil Telecom e, mais tarde, foi comprada pela Oi.
Com isso, a Tele Norte Leste foi arrematada pelo consórcio Telemar, formado pelo empresário Carlos Jereissati e o grupo Andrade Gutierrez. A vitória gerou disputas judiciais e escândalos. O maior deles envolveu o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, flagrado num grampo telefônico. A divulgação de diálogos telefônicos, como um em que chamava os antigos acionistas da então Telemar (que se tornaria a Oi) de “telegangue”, custou-lhe o cargo. Ele acabou deixando o governo junto com André Lara Resende, então presidente do BNDES, que organizou o leilão. Mendonça de Barros foi acusado na Justiça de tentar favorecer o consórcio dos fundos de pensão para levar a Tele Norte Leste. Já o BNDES, segundo a ação movida pelo Ministério Público, teria beneficiado o consórcio Telemar com juros subsidiados. Há nove anos, todos foram absolvidos.
Como se formaram as quatro grandes operadoras de telefonia no Brasil
Oi
A Tele Norte Leste foi formada no leilão com a rede fixa de Rio, Minas, Espírito Santo, Norte e Nordeste. Foi Telemar e, mais tarde, Oi. Em 2008, comprou a Brasil Telecom (Sul e Centro-Oeste)
América Móvil
Ficou com a Embratel, de longa distância, no leilão. Hoje, opera também a Net e a Claro, de TV a cabo e celular
Telefónica
A espanhola arrematou a Telesp, a concessão de telefonia fixa em São Paulo, e a Telerj Celular, no Rio. Depois adquiriu operações em, Minas, Norte e Centro-Oeste. Em 2014, comprou a GVT
TIM
A Telecom Italia ficou com telefonia móvel no Sul e Nordeste em 1998. Depois, comprou novas licenças. Em 2009, adquiriu a Intelig.
Fonte: O Globo (29/07/2018)
Postado por
Joseph Haim
às
22:05:00
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