Fundos de Pensão: Fernando Pimentel (F. Atlântico e ex Sistel) confirma chapa alternativa para eleição da Abrapp contrapondo-se a chapa da situação

O ex-presidente da Abrapp e atual presidente da Fundação Atlântico Fernando Pimentel confirma que montou uma chapa de oposição para concorrer à próxima eleição da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – Abrapp. “Já temos os 24 integrantes nas seis regiões exigidas pelo regulamento. Agora só falta definir quem serão os titulares e suplentes, que faremos na próxima semana”, diz Pimentel. Sem revelar os nomes dos integrantes do grupo, o dirigente antecipa que há representantes de fundos de pensão de empresas privadas e de fundações dos servidores públicos da União e dos Estados. As inscrições terminam em 3 de novembro próximo e a eleição ocorre em dezembro.


O principal motivo para a articulação de uma nova chapa, que Pimentel evita chamar de “oposição”, mas sim de “alternativa”, é a divergência em relação à indicação de Luís Ricardo Martins, diretor da OABPrev-SP, como cabeça do grupo da situação. “Vários dirigentes de fundações me procuraram e pediram para montarmos uma chapa alternativa, pois ficaram desconfortáveis com a indicação de Luís Ricardo [Martins]”, diz Pimentel. Ele aponta como principal problema o fato de Martins atuar por um escritório de advocacia que presta serviços para fundos de pensão.

“Não tenho nada contra a pessoa dele, mas o problema é que ele tem um escritório que atua na área. Isso pode desvirtuar o papel da Abrapp por causa do conflito de interesses”, argumenta Pimentel. Outros dirigentes de grandes fundos de pensão de estatais também vinham expressando resistência à indicação de Martins como candidato à presidente da associação. Por outro lado, o atual presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto e membros da atual diretoria tem apoiado a indicação de Martins como presidente e de Luiz Paulo Brasizza para a vice-presidência para a chapa da situação.

Em entrevista à Investidor Institucional durante o 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, realizado em Florianópolis, entre 12 e 14 de setembro, Martins disse que não via problemas em ocupar a presidência da associação e manter sua atuação profissional. “Cada membro da diretoria tem sua atuação profissional e isso não interfere na defesa dos interesses da Abrapp e de suas associadas”, disse Martins. Ele acrescentou que já atua há vários anos na entidade, tem realizado diversos trabalhos no sentido de fortalecer o segmento, e nunca foi questionado em relação à sua conduta por pertencer à escritório de advocacia.

Conversas com a situação 
Fernando Pimentel diz que já ocorreram conversas com o grupo da situação na tentativa de formação de uma chapa única. O grupo liderado por Pena Neto e Luís Ricardo Martins teria oferecido espaço para a participação de Pimentel em uma chapa de consenso, porém, ele não teria aceitado. Segundo ele, teria colocado como condição a indicação de outro nome como candidato à presidência da entidade. “Se fosse outro nome, por exemplo, de José Ribeiro [Pena Neto], nós poderíamos voltar a conversar”, diz Pimentel.

Fontes do setor dizem que o próprio Pimentel não teria condições de liderar uma chapa de consenso, porque enfrenta fortes resistências de fundos de pensão de estatais. Na eleição passada, no final de 2013, ele havia tentado se lançar candidato à presidência, mas Petros, Previ e Funcef ameaçaram pedir a desfiliação da entidade caso isso acontecesse. A Petros chegou a formalizar a desfiliação, mas voltou atrás quando foi formada a chapa encabeçada por Pena Neto.

Atuação em Brasília 
Fernando Pimentel diz que, como presidente da Abrapp, pretende reforçar a atuação da entidade em Brasília perante os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O dirigente defende uma maior articulação política no sentido de fortalecer a influência da Abrapp em Brasília. “A Abrapp deve voltar a ser o principal interlocutor com os três poderes quando o assunto é previdência complementar fechada”, diz. O dirigente comenta ainda que, se eleito, pretende levar adiante o projeto de fomento da previdência fechada que foi iniciado pela atual gestão comandada por Pena Neto.

Fundação Atlântico  
Como presidente da Fundação Atlântico desde 2004, quando a entidade foi criada depois que se separou da Sistel, Fernando Pimentel comenta que o fundo de pensão continua sem problemas na sua relação com a patrocinadora Oi. O pedido de recuperação judicial da patrocinadora em junho deste ano não afetou o repasse de contribuições para o fundo de pensão. “A patrocinadora continua plenamente adimplente com a fundação. Aliás, a Oi assumiu o compromisso de continuar repassando as contribuições como condição no acordo de recuperação judicial”, explica Pimentel.

A Fundação Atlântico tem atualmente patrimônio de R$ 10,5 bilhões e encontra-se em situação superavitária. “Nossos compromissos com os benefícios giram em torno de R$ 9 bilhões e o restante é superávit”, diz o presidente da fundação. Em resposta às dúvidas levantadas, de que problemas na Oi poderiam afetar sua continuidade à frente da fundação, Pimentel diz que não tem enfrentado nenhuma dificuldade nova por causa disso. Ele revela ainda que o atual presidente da Oi, Marco Schroeder, já foi presidente do conselho fiscal da Fundação Atlântico e que tem expressado a importância de manter o equilíbrio e o apoio ao fundo de pensão.

Fonte: Investidor Institucional (14/10/2016)