sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Meu Bolso: Com juros baixos aposentados precisam economizar e investir com mais risco



Componente de risco da carteira deve ir além das ações, com fundos multimercados e papéis atrelados à inflação com vencimentos mais longos

Em meio ao aumento da longevidade, à aprovação da reforma da Previdência e à queda dos juros para o menor patamar histórico, o brasileiro já começou a perceber que, se quiser ter uma renda no futuro, não só terá que começar a investir hoje, como deverá tolerar mais risco em sua carteira para garantir bons retornos.

E esse novo cenário precisa levar a reflexões sobre a alocação nos portfólios inclusive dos mais velhos, potencialmente já aposentados. É o que dizem Lauro Araújo, economista e especialista financeiro, e Roberto Teixeira, sócio responsável pela XP Seguros, convidados do painel sobre aposentadoria do evento Onde Investir 2020.

“O aposentado vai usar o dinheiro até os 90 anos. Com 60 anos, ele ainda tem mais 20 anos, e isso é bastante tempo para ele deixar os investimentos amadurecem”, afirma Araújo.

Componentes adicionais de risco não necessariamente precisam ser ações, destaca Teixeira, mas fundos multimercados, bem como papéis atrelados à inflação com vencimentos mais longos. “Você diversifica o portfólio, mitiga o risco e, à medida que vai chegando mais próximo do objetivo, essa parcela de risco vai sendo deslocada, de forma a ganhar proteção e poder de compra”, diz o sócio da XP Seguros.

Reduzir o risco não significa, contudo, que 100% deva ficar na renda fixa, reforça Araújo. “Hoje, para uma pessoa de 60 anos nos EUA e na Europa, é comum ter 35% do portfólio alocados em Bolsa. Aqui no Brasil, isso é raríssimo, mas vai mudar.”

Quando as taxas de juros estavam em patamares mais elevados, lembra o economista, um jovem de 20 anos teria que guardar entre 10% e 12% da renda para se aposentar “confortavelmente”, com R$ 1,6 milhão aos 64 anos.

Hoje, com juros reais em torno de 3% ao ano e com uma expectativa de vida mais longa, na casa dos 90 anos, o cenário é outro. Segundo cálculos do especialista, a economia teria que ser de 23% para alcançar a mesma cifra. Já com uma taxa real mais favorável, de 5%, o percentual cairia para 17%.

Como escolher um bom fundo de previdência
Na hora de escolher um fundo de previdência, os especialistas destacam que o investidor deve primeiro definir seus prazos e objetivos. Depois, o aconselhável é buscar uma assessoria profissional de investimentos.

Na avaliação de Araújo, mais importante do que a taxa de administração do fundo, o investidor deve olhar a rentabilidade. Ele precisa ter em mente, entretanto, que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

“Ganhar dinheiro nos últimos dois anos foi fácil com os juros caindo e a Bolsa subindo. Então é melhor olhar para históricos mais longos e escolher times de gestão que tenham experiência comprovada e que já passaram por diversas fases do ciclo econômico”, diz.

Fonte: InfoMoney (16/01/2020)

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