quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

TIC: Google finalmente vai banir métodos de rastreio mais invasivos



Medida reduzirá acesso de terceiros a dados dos usuários através dos cookies

O Google emitiu um sinal de morte para os rastreadores de internet mais invasivos, ontem, ao anunciar que seu navegador Chrome vai eliminar gradualmente os “cookies” que rastreiam os usuários entre um site e outro, e cujo uso impulsiona a publicidade digital há 25 anos.  

Depois de medidas semelhantes adotadas por Apple, Microsoft e Mozilla, o Google informou que também pretende tornar “obsoletos” os chamados “cookies” de terceiros, que seguem os usuários enquanto eles transitam entre os sites, às vezes rastreando-os durante meses.    

As mudanças no Chrome, que foi lançado há pouco mais de dez anos e domina o mercado de navegadores em computadores pessoais, vão restringir o fluxo de dados enviados a agências publicitárias - uma tendência que os marqueteiros digitais estão chamando de “apocalipse dos cookies”.  

Como muitas reformas em favor da privacidade que estão em curso nos Estados Unidos e na Europa, essa mudança pode fortalecer ainda mais o Google e outros grandes nomes da internet, como Amazon e Facebook. Essas empresas recolhem enormes volumes de dados internos sobre seus usuários, que vão se tornar cada vez mais valiosos.  

Em uma postagem de blog, o Google informou que espera criar ferramentas alternativas para “sustentar uma web baseada em anúncios” de maneira a tornar “obsoletos os ‘cookies’ de terceiros” dentro de dois anos.   

Essas alternativas podem tornar o Chrome um intermediário ainda mais importante ao dar ao permitir que as informações dos usuários sejam compartilhadas seletivamente com agências que queiram direcionar e mensurar o impacto de seus anúncios.  

Lukasz Olejnik, pesquisador associado no Centro de Tecnologia e Assuntos Globais da Universidade de Oxford, disse que o fim desses “cookies” vai restringir profundamente a capacidade das empresas de extrair dados “privados e sensíveis” dos usuários da internet.  

Os sites ainda serão capazes de rastrear as pessoas com “cookies próprios” apenas dentro do próprio endereço de internet. Mas terceiros não poderão mais instalar seus “cookies” para traçar perfis dos usuários enquanto eles visitam vários sites.  

A mudança chega quando o órgão de proteção de dados da Irlanda investiga o sistema conhecida como “compradores autorizados”, que permite o leilão de publicidade em tempo real. Após reclamações do navegador Brave, o órgão fiscalizador estuda se o mercado on-line do Google explora informações pessoais sensíveis dos usuários de internet.  

Ao tornar o consentimento do usuário um fator mais importante na transferência de dados pessoais na web, as mudanças podem ajudar empresas de conteúdo digital e companhias mídia, cujas vendas de anúncios sofreram porque seus leitores podem ser rastreados e alcançados pelos anunciantes enquanto navegam em outros sites.  

Embora o mercado publicitário esteja se preparando para o desaparecimento dos “cookies” de terceiros, a eliminação gradual será perturbadora, atingindo o conceito de internet aberta à publicidade on-line que dominou o mercado desde a invenção dos “cookies”, em 1994. Isso vai exigir mudanças em toda a cadeia de abastecimento da publicidade digital.  

O Google está se preparando há algum tempo para reforçar suas regras de privacidade e pretende eliminar os “cookies” de terceiros em dois anos. Em agosto, a empresa lançou uma área de teste para desenvolver ferramentas que contornem a necessidade dos cookies. No mês passado, foram anunciadas outras mudanças no Chrome para limitar o uso de certos tipos de “cookies” de terceiros.

Na postagem, Justin Schuh, diretor de engenharia do Chrome, fez referência velada à decisão da Apple de banir os “cookies”, insinuando que técnicas “grosseiras” resultaram no uso de outros métodos de rastreamento que “reduzem a privacidade”.

Fonte: Valor (15/01/2020)

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