Em meio ao fogo cruzado da briga entre o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine e o presidente da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), Ricardo Flores, o fundo de pensão se prepara para mudanças na sua direção e nos conselhos em maio.
As alterações na gestão do fundo são delicadas, pois envolvem cargos em fim de mandato a serem indicados pela direção do BB, no momento conflagrada, como o da presidência do Conselho Deliberativo, órgão de maior poder na fundação, inclusive o de destituir o presidente, e dos diretores executivos de Participações e Investimentos, os mais importantes da Previ por envolverem negócios de vulto.
Outros postos serão alvo de eleição direta, como a escolha do diretor executivo de seguridade, que já mobiliza mais de 190 mil participantes da fundação em todo o país. Seis chapas já se inscreveram na Previ para a disputa.
Na avaliação de fontes ouvidas pelo Valor, o processo eleitoral é uma exigência estatutária que acontece de dois em dois anos e, em princípio, não corre o risco de ser atropelado pela queda de braço que envolve Bendine e Flores.
Entretanto, a dúvida que persiste é se o presidente do BB será o responsável por indicações de nomes para ocupar cargos de relevância na fundação, como a presidência do Conselho Deliberativo, hoje comandado por Robson Rocha, vice presidente de gestão do BB. O que pode acontecer, se a disputa interna prosperar entre BB e Previ, é a indicação das diretorias de Participações e Investimentos, postos hoje ocupados por Marco Geovanne e René Sanda, ser resolvida por escalões superiores.
A tendência do presidente do BB seria manter Robson Rocha na presidência do Conselho Deliberativo da Previ (Robson é PT) e o Geovanne e o Sanda nas respectivas diretorias, segundo interlocutores consultados. Geovanne e Sanda são quadros técnicos do BB, apartidários. Geovanne e Sanda, antes de serem indicados para a diretoria executiva da Previ, ocupavam as diretorias de Relações com Investidores (RI) e da área de Risco do BB.
Os participantes da Previ vão eleger, além de um novo diretor executivo de seguridade para substituir o atual, Ricardo Sasseron, do PT, mais quatro membros do conselho deliberativo (dois titulares e dois suplentes), dois novos nomes para o conselho fiscal (titular e 1 suplente) e 4 representantes do conselho consultivo (2 titulares e dois suplentes) pra os dois planos de benefício da Previ, o Plano de Benefício 1, mais antigo, e o PREVI Futuro, mais recente.
A votação deve ocorrer entre 18 e 29 de maio. Das seis chapas apresentadas, a que tem maior chance de vencer, segundo interlocutores, é a da situação, denominada "Unidade na Previ", que tem como candidato a diretor de seguridade Marcel Juviniano Barros, da Confederação Nacional dos Bancários, dominada pelo PT. A chapa da Associação Nacional dos Funcionários do BB - Anab, batizada de "Previ, o futuro é agora", é a segunda como alguma chance de vencer ou ameaçar a da situação pois apresenta o nome de Cecília Mendes Garcez Siqueira para diretora de seguridade, bastante conhecido dos participantes. A Anab foi presidida durante alguns anos por Valmir Camillo, que ainda tem força dentro da entidade. Camillo foi candidato a deputado pelo PSB. O PSTU também apresentou uma chapa com nome de "Oposição: Nova Previ", com Angela Argondizzi Marcelino na disputa pela diretoria executiva de seguridade. As demais chapas são de entidades de aposentados.
Tantos os nomes indicados pelo BB, quanto os eleitos, deverão tomar posse 1ºde junho.
De acordo com o Estatuto da Previ, dos seis diretores titulares e dos seis suplentes do Conselho Deliberativo, três titulares e três suplentes são indicados pelo patrocinados do fundo, que é o Banco do Brasil e os demais são eleitos diretamente pelos participantes. O Conselho tem competência de nomear e exonerar os membros da Diretoria Executiva indicados pela direção do BB.
O Conselho Fiscal tem quatro membros titulares e suplentes. metade é indicada pelo BB e metade é eleita.
Na Diretoria Executiva, os cargos de presidente e diretores de Participações e Investimentos são escolhidos pelo BB e os de diretor de Seguridade, de Planejamento e de Administração são eleitos. Os mandatos do presidente e dos executivos são de quatro anos, com direito a mais uma recondução.
O atual presidente da Previ, Ricardo Flores, assumiu o posto em 1º de junho de 2010 e está há um ano e nove meses no comando do maior fundo de pensão da América Latina. O mandato de Flores termina em 31 de maio de 2014.
Os diretores só perderão o mandato, segundo reza o Estatuto, em caso de renúncia, condenação criminal transitada em julgado, decisão proferida em processo administrativo ou decisão do Conselho Deliberativo.
Fonte: Valor (12/03/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".