quarta-feira, 25 de março de 2020

TIC: Operadoras se preparam para explosão de dados



Estratégias vão em direção à necessidade dos consumidores de usarem mais a internet durante a pandemia

Cobiçada pelos brasileiros de todos os níveis sociais, a conexão à internet por banda larga tornou-se a estrela nessa crise do coronavírus. Com grande parte da população estudantil e trabalhadora refugiada em seus lares, o principal meio para manter os laços com o mundo é a internet. As empresas do setor vêm cedendo facilidades para que a população se mantenha conectada. Mas pressões da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e de áreas do governo estão testando a resiliência das companhias para que ofereçam serviços grátis e perdoem os inadimplentes.  

Nesse cenário, são as operadoras de telecomunicações e provedores de acesso que orquestram as ferramentas para interconectar trabalhadores em “home office” e suas empresas, áreas de saúde e pacientes, escolas e estudantes, e aqueles que precisam apenas de entretenimento. O movimento é global. Mas se houver uma explosão no uso de dados, as redes podem sofrer um estrangulamento, com lentidão para navegar.   

As empresas estão cedendo mais capacidade de navegação para os usuários, aumentando a velocidade de planos menores e oferecendo bônus aos que esgotaram sua franquia de banda larga. Além disso, abriram o sinal de canais de TV paga para assinantes de pacotes básicos, reforçaram na grade on-line dos aplicativos de aparelhos móveis os canais de notícias, entre outras ações.  

“Estamos usando muito do aprendizado da Telefónica da España, porque lá estão 100% [dos trabalhadores] em casa”, disse ao Valor, Marcio Fabbris, vice-presidente de Vendas e Marketing da Telefônica Brasil, dona da Vivo, subsidiária do grupo espanhol. O executivo afirmou que quando os gestores perceberam que a crise da covid-19 no Brasil seria grave, cuidaram da rede de infraestrutura com planos de contingência. Identificaram os acessos críticos que poderiam se romper, como nas rodovias, e colocaram equipes nas proximidades para que resolvam os problemas rapidamente.  

A Telefônica também buscou criar um plano de contingência para reparos e instalações se houver excesso de demanda durante a pandemia. Também se preparou para uma disseminação rápida do surto e eventual contaminação de seus técnicos.  

“Há um sentimento grande de colaboração entre as próprias operadoras, apesar da competição, que fica em segundo plano no momento”, disse Fabbris. Juntas, as teles discutem o que fazer com a força de vendas depois do fechamento das lojas no shopping centers, como tratar a questão dos técnicos, quais os protocolos para atender residências que estejam com pessoas contaminadas.  

Nesse sentido, a Fenattel e o Sintetel - federação nacional e sindicato do Estado de São Paulo dos trabalhadores em telecomunicações - enviaram cartas às operadoras com pedidos e orientações para preservar a saúde dos técnicos do setor.  

“Acreditamos que esse é um daqueles momentos em que as empresas devem se esforçar mais do que nunca para agir com valores e responsabilidades a serviço da sociedade”, disse em comunicado, José María Álvarez-Pallete, presidente da Telefónica. O executivo anunciou 30 gigabytes a mais para seus clientes na Espanha e um mês grátis para conteúdo infantil e eventos esportivos pelo aplicativo Movistar + Lite, inclusive para não clientes. Afirmou que medidas semelhantes seriam adotadas nos países onde o grupo opera, dependendo da evolução do surto.  

Com capacidade maior de conexão de internet, o tráfego na Espanha cresce exponencialmente. O assunto é preocupante no Brasil e a Telefônica está se antecipando, disse Fabbris.  

A Claro também criou um comitê de crise interno para preparar a companhia para um aumento de demanda. Se o crescente tráfego de internet for distribuído ao longo do dia, será possível atender, mas se houver uma mudança drástica, teremos de avaliar, disse Márcio Carvalho, diretor de Marketing da Claro. “Estamos monitorando minuto a minuto”, disse, acrescentando que não crê em estrangulamento da rede.  

Com clientes nos segmentos residenciais, empresariais (Embratel) e pequenas e médias empresas (Net), a Claro está pronta para redirecionar suas redes se o tráfego mudar fortemente das empresas para as residências, devido ao crescimento do “home office”, disse Carvalho.  

“Estamos preparados para certo incremento de tráfego, para uma demanda crescente. Mas não sabemos como será daqui a duas semanas”, disse Fabbris, da Telefônica. “Pode ter um cenário de explosão de consumo de dados, nenhuma rede no mundo está preparada para isso.” Segundo ele, com a atual rede de fibras ópticas a Vivo pode dobrar o número de 2,5 milhões de clientes.  

Já a Oi, dona da maior rede de fibras do país, se diz pronta para um pico de consumo de dados. “Temos rede superdimensionada, que suporta crescimento, acúmulo e picos de tráfego”, disse José Cláudio Gonçalves, diretor de Operações da companhia. “Na Itália, o tráfego de dados cresceu 70% no FTTH [fibra até a residência, na sigla em inglês]. Esperamos o mesmo aqui.”  

Para enfrentar a crise, a Oi abriu uma operação especial, aproveitando a experiência que obteve nos Jogos Olímpicos. A rede da Oi tem redundância - o mesmo disseram as demais teles -, se a conexão cai em um trecho, o tráfego é desviado para outro.   

A Algar Telecom também amplia gradativamente a velocidade de banda larga para seus clientes.  

Telefônica, Claro, Oi, Algar Sky e TIM negociaram com as programadoras e abriram o sinal dos canais pagos para os usuários.

Fonte: Valor (19/03/2020)

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