INSS: Gastos com Previdência Rural saltou de R$ 70 bi para R$ 200 bi em 20 anos

No Chama o Nery desta semana, colunista explica o avanço da aposentadoria rural, foco das fraudes do INSS

A fraude do INSS, revelada pela Polícia Federal e pela CGU na Operação Sem Desconto, deu visibilidade para o tamanho da Previdência rural no Brasil. Foco dos descontos irregulares, essas aposentadorias tiveram crescimento significativo nos últimos 20 anos. Os gastos saltaram de R$ 70 bilhões para R$ 200 bilhões, com crescimento real (acima da inflação) de 5% ao ano no período (veja esse programa na íntegra no vídeo acima).

Por isso, um dos centros das investigações da PF é a Contag, a confederação de trabalhadores rurais. “A arrecadação dessa entidade cresceu ao longo do tempo, justamente porque foi crescendo também a quantidade de pessoas que puderam ou conseguiram se aposentar via INSS rural”, afirma o colunista do Estadão, Pedro Fernando Nery, no programa Chama o Nery desta semana.

Segundo Nery, o gasto é tão significativo que, se fosse retirado do Orçamento, o País conseguiria ter feito superávit primário no ano passado. “É claro que não estamos falando em acabar com a Previdência rural, isso não se cogita.” Mas, com esses números, é possível ter uma ordem de grandeza do que essa conta representa. “Afinal, esses gastos somam 10% do gasto total do governo federal.”

Para Nery, isso ajuda a entender porque a Contag conseguiu descontar tanto dos aposentados e pensionistas. A entidade tem mais de 4 mil sindicatos filiados ao seu sistema. “Isso é mais do que a CUT tem e mais do que o dobro do que a Força Sindical tem.”

Ele lembra que para se aposentar pela Previdência rural, não há exigência da contribuição, mas apenas a comprovação de trabalho rural. Uma das hipóteses para o crescimento da Contag é que ser filiado a sindicatos rurais torne o processo de aposentadoria rural mais fácil. A declaração do sindicato rural tem um peso importante, seja para o INSS ou para a Justiça.

Fonte: Blog do Nery e Estadão (15/05/2025)