A questão da aposentadoria, no Brasil, é dessas que ganham ênfase em tempo de eleição e caem para segundo plano depois que a eleição passa. Para os aposentados e para os que estão prestes a se aposentar há duas questões fundamentais, que ainda não mereceram a atenção devida dos nossos congressistas. Uma é o reajuste com ganho real para o aposentado, ou seja, aumento acima dos índices de inflação. A outra é a decisão de pedir já a aposentadoria, para evitar benefícios menores que virão de dezembro em diante, quando o IBGE divulgar as novas informações sobre a expectativa de vida do brasileiro.
O reajuste acima da inflação faz parte das discussões sobre a LOA (Lei Orçamentária Anual), que deveriam ter ocorrido na Câmara dos Deputados a partir da terça-feira, 1 de novembro. Na realidade, os deputados deveriam ter discutido o assunto na semana anterior. Adiaram para a seguinte fingindo ter esquecido que não haveria uma seguinte de trabalhos no Congresso. Como se diz em Brasília, até as carpas do Lago Paranoá sabiam que, com o feriado de Finados caindo numa quarta-feira, o Congresso ficaria deserto, como sempre acontece.
Uma vez mais, assim, o calendário da malandragem política prejudica o cidadão. No caso, os grandes prejudicados são os aposentados que querem saber se vão mesmo ter reajuste com ganho real. Os políticos brasileiros, que ganham remunerações gordas, ignoram que o aposentado é alguém que faz e refaz as contas na ponta do lápis, para manter o seu padrão de vida. O que o aposentado recebe é muito menos do que recebia quando estava na ativa, embora suas despesas não se reduzam na mesma proporção. O resultado prático é um dia a dia de economia constante, em que cada centavo conta.
Nessas contas, é crucial saber se vem ou não vem reajuste acima da inflação, no ano que vem. O aposentado é quem de fato sente a inflação, juntamente com aquele assalariado sem conta bancária que vai gastando seu dinheiro vivo (e curto) conforme o mês avança. Garantir reajuste acima da inflação, portanto, é uma necessidade básica do aposentado. Para ele planejar sua vida no próximo ano, é essencial saber desde já o quanto perderá para a inflação a cada mês. Mas os deputados só vão prestar atenção nisso na campanha eleitoral de 2014, quando voltarem a pedir votos.
Da mesma forma, os quase aposentados têm uma séria decisão a tomar, no decorrer deste mês de novembro. A nova expectativa de vida do brasileiro, a ser anunciada pelo IBGE em dezembro, influi diretamente no fator previdenciário, usado no cálculo das aposentadorias como um redutor. Assim, quem tem direito deve pedir a aposentadoria já, para evitar a redução dos benefícios – com chance, então, de entrar com alguma vantagem para o grupo dos aposentados, essa gente que já sofre tanto.
Fonte: Diário de São Paulo (05/11/2011)
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
INSS: Os aposentados e os malandros
Postado por
Joseph Haim
às
13:01:00
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