quinta-feira, 16 de maio de 2024

IA: Google leva IA para seu mecanismo de buscas

 


O Google anunciou nesta terça-feira que levará a inteligência artificial generativa para as buscas, a ferramenta mais popular da empresaIsso significa que, em breve, os bilhões de usuários do sistema receberão respostas geradas pela IA ao fazerem uma pesquisa no Google.

O novo sistema será liberado para os usuários nos Estados Unidos a partir desta terça-feira. O objetivo é lançá-lo para mais países “em breve”, mas não existe uma data definida para a chegada ao Brasil. Até o fim do ano, a empresa espera que mais de 1 bilhão de pessoas que usam o buscador recebam as respostas geradas pela IA no topo das pesquisas, acima dos links.

O anúncio foi feito durante o Google I/O, evento mais importante no calendário da empresa. Na edição passada, a “big tech” havia apresentado o Gemini, família de modelos de IA que tem sido implantada nas ferramentas do Google. Nesta terça, o CEO Sundar Pichai afirmou que mais de 2 bilhões de usuários de produtos da companhia já usam a IA.

Na apresentação, Liz Reid, vice-presidente e chefe de pesquisa do Google, explicou que a integração de resultados da buscas com inteligência artificial generativa é uma forma de fazer com que a IA faça o “trabalho braçal” das pesquisas para o usuário. O recurso foi chamado de “AI Overview” (“Resumos de IA”, em português). “Às vezes você quer uma resposta rápida, mas não tem tempo para analisar tudo que está por aí. Com os Resumos de IA, a Busca fará o trabalho para você”, afirmou Reid.

O Google já vinha testando uma forma de incluir a IA no resultado das buscas desde o ano passado, quando apresentou o SGE (Search Generative Experience). O sistema, no entanto, ficava em um ambiente de testes e não aberto para todos os usuários.

O fato de que as respostas formuladas pelo próprio Google ocuparão o espaço privilegiado da página de busca — empurrando para baixo os links — tem levantado preocupações entre aqueles que, de fato, produzem o conteúdo que alimenta a ferramenta.

Desde que o Google começou a testar a IA, com o SGE, os produtores de conteúdo preveem que a mudança provocará uma redução no tráfego para outros sites. A lógica é que, ao receber o conteúdo feito pela IA, o usuário não acessaria os sites indicados na busca.

Impacto para produtores de conteúdo

Veículos como o “The Atlantic” e “Wall Street Journal” destacaram que os editores de notícia poderiam perder entre 20% e 40% do tráfego gerado pelo Google. Para o “The Washington Post”, o SGE representa uma potencial ameaça à “sobrevivência de milhões de criadores e editores que dependem do serviço para obter tráfego”. Uma análise da Gartner, publicada no início do ano, prevê que o volume de tráfego nos mecanismos de busca tradicionais deve cair 25% até 2026 com a difusão de sistemas de IA generativa.

Também existem preocupações ligadas à precisão dos resumos feitos pela IA. A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, diz que a substituição da busca por sistemas de IA poderia “retirar da esfera pública o direito à informação de qualidade”.

“Por óbvio, há o impacto financeiro para as empresas jornalísticas, uma vez que os resumos vão evitar o contato do público com as informações apuradas e publicadas pela imprensa”, diz ela. “Vão reduzir o público e, consequentemente, os anunciantes. Mas estamos falando de algo mais profundo que é o acesso à informação.”

A mudança também pode ter impactos relevantes em mercados que se formaram em torno da busca do Google, como o marketing digital e de estratégias de palavras-chave para que o conteúdo apareça nos resultados. Nesta terça, a revista “Wired” sintetizou o que pode significar a novidade: “É o fim da pesquisa do Google como a conhecemos”, escreve a publicação.

Apesar de afirmar que a IA vai reforçar a entrega de tráfegos para uma diversidade maior de sites, a empresa não deu detalhes sobre os impactos previstos da mudança. Com mais de 90% de participação no mercado de buscas, o Google domina mundialmente o setor.

Os executivos da big tech afirmam que, na verdade, as mudanças apresentarão uma “diversidade maior de sites” na busca. Reid disse que, na medida em que o recurso for ampliado, a empresa vai se “concentrar no envio de tráfego de valor para editores e criadores”. Ela também ressaltou que o resultado com IA não aparecerá para todas as buscas. Consultas para sites específicos ou que tenham respostas curtas devem continuar a ter, como resultado, a resposta convencional.

“Como sempre, os anúncios continuarão a aparecer em espaços dedicados em toda a página, com rótulos claros para distinguir entre resultados orgânicos e patrocinados”, acrescentou a executiva.

Segundo o Google, a mudança permitirá que os usuários possam fazer perguntas mais complexas na busca. Os links com resultados continuarão a aparecer, mas depois do conteúdo criado pela IA, destaca a companhia. O mesmo vai acontecer com os anúncios.

Em alguns casos, o texto gerado por IA também vai sugerir links da web que corroboram a informação gerada automaticamente pelo sistema. Uma pequena flecha, quando ativada, mostra sugestões de links para aquele tema.

No caso de buscas por locais, será possível procurar por detalhes mais específicos. Ao apresentar o “AI Overview”, o Google deu exemplos de como isso vai acontecer. No lugar do usuário buscar por “novos estúdios de pilates” em uma determinada cidade, será possível pedir detalhes de locais por preços da matrícula ou a partir do tempo de caminhada de um local.

“É o capítulo mais emocionante da buscas até agora”, afirmou Pichai.

Fonte: Valor (15/05/2024)


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